sábado, fevereiro 28, 2004

Santa Ignorância

Uma Jovem mulher dos nos seus 30 anos, Licenciada em Economia, quadro de uma reputada empresa da nossa praça, apresentou-se como concorrente ao concurso televisivo da RTP1 – “Um contra Todos

Com o desenrolar do concurso, fomos presenteados por um momento televisivo surrealista próprio de um qualquer filme de terror, tendo como tema o Grau de Conhecimento e Cultura em Portugal.

O dito momento inimaginável ocorreu na terceira questão, isto depois de duas perguntas aos quais a dita Senhora Economista, já tinha gasto duas das três ajudas.
A Terceira Questão era a seguinte:

Qual o Poder Exercido pelo Tribunais:

A) Poder Judicial
B) Poder Executivo
C) Poder Legislativo


Inexplicavelmente, a jovem, recordo Licenciada em Economia, ficou deveras atrapalhada com a pergunta, cheia de duvidas, apresentando contudo uma inclinação na resposta B) Poder Executivo !!!!

Perante este cenário, o apresentador com um rosto de espanto e preocupação, sugeriu à concorrente, recordo Licenciada em Economia, quase implorando, que utiliza-se a ultima ajuda, no caso comprar a resposta com 75% do valor já ganho (cerca de 3000 Euros). Após alguma relutância acabou por optar por utilizar a ajuda, isto apesar da sua convicção na resposta B) Poder Executivo.

Isto é triste, mas este episódio é mais do que um simples episódio, é o imagem correcta da maioria dos nossos Licenciados.

António Cipriano

sexta-feira, fevereiro 20, 2004

Vale e Azevedo


O ex-presidente do Benfica, Vale e Azevedo foi ontem libertado do estabelecimento prisional da Polícia Judiciária. Quando os seus pertences estavam já colocados no interior do seu automóvel, chegou um novo mandato de detenção, que o deixou como homem livre aproximadamente apenas vinte segundos.
Ainda relembrando o dia 14 de Fevereiro, Dia Mundial do doente com disfunção sexual, é caso para dizer que a nova prisão de Vale e Azevedo foi mais rápida, do que alguém que sofra de ejaculação precoce. Existem casos em que a Justiça Portuguesa funciona de maneiras em que estamos pouco habituados, face ao espírito bem português do deixa andar. Mas espero, que esta nova velocidade seja para todos.


PP

quinta-feira, fevereiro 19, 2004

Prémio Nobel da Paz



Há alguns dias atrás foram conhecidas as nomeações do ano para o Prémio Nobel da Paz. Qual não foi o meu espanto, pensei tratar-se de uma brincadeira de mau gosto. Obviamente que sei que neste tipo de prémios, a política está por trás das nomeações e dos vencedores, mas nomear George W. Bush e Tony Blair, é no mínimo horrível. Resta-nos esperar que Sua Santidade, o Papa João Paulo II, seja indiscutivelmente o vencedor, pois perante tão fraca concorrência só esse pode ser o resultado. Outros nomeados são o ex-presidente da República Checa, Vaclev Havel e o Exército da Salvação.
O que dizer de George W. Bush? O pior Presidente da História dos Estados Unidos da América, um sujeito pouco inteligente, adepto da pena de morte e causador da Guerra do Iraque, por alegadas armas químicas.
Tony Blair, neste momento é o maior apoiante na Europa de Bush .
Com estas nomeações, outras personagens da nossa História actual fazem falta ao lado de Bush e Blair, como Saddam Hussein, Milosevic, Ossama Bin Laden, pelo muito que contribuem para um mundo pacífico.
Perdoem-me o mau português, mas só me apetece dizer foda-se.


PP

quarta-feira, fevereiro 18, 2004

Deixa para Amanhã o que podes Fazer Hoje

Nada mais tipicamente português, do que uma fila de espera no ultimo dia do prazo para o cumprimento de uma qualquer obrigação. Quer seja para obrigações fiscais (IRS, IVA, IRC), pagamento de serviços (agua, luz, telefone), ou mesmo quando se trata de uma ida ao teatro ou exposição.

No fundo os portugueses são um Povo do Amanhã - Pessoas que acreditam, que não hoje, mas sim Amanhã, os problemas acabam por se resolver por si próprios, ou em alternativa, no ultimo instante improvisa-se.

Isto vem a propósito do meu dia de segunda feira. Efectivamente, esta segunda, 16 de fevereiro, ultimo dia para o pagamento do IVA, a minha digníssima pessoa, dando cumprimento às tradições nacionais chegou à repartição de finanças exactamente dois minutos antes do fecho das portas. Mas, não foi o único. À minha volta, muitas dezenas de pessoas, na ânsia de manter a tradição nacional, deixaram o dito pagamento do IVA para o ultimo dia, para a ultima hora. Efectivamente, só tinha 90 pessoas à frente, o que me custou Duas Horas de Espera. A maioria dos meus companheiro de purgatório desesperavam à medida que os números do Placard electrónico demoravam a passar, muitos procurando refugio nos vícios da pastilha elástica ou no tabaco. Para min, que não partilho tais vícios, a espera acabou por não ser tão angustiante, visto ter reencontrado duas colegas de faculdades que à muito não revia. Graça a longa espera, fruto do nosso sentido patriótico de deixar tudo para o fim, podemos conviver, e por os assuntos em dia.

A verdade é que se não fosse essa bela tradição do “Deixa Andar” não tinha reencontrado a Helena e a Elizabete, demostrando-se mais uma vez a importância das tradições portuguesas.

António Cipriano

domingo, fevereiro 15, 2004

Cinema e Política – Suas Coincidências

Ontem sábado numa tentativa, de completar e terminar o dia sob o reinado da boa disposição foi ao cinema ver o Scary Movie 3.Obviamente que a expectativa passava por 90 minutos de boas gargalhadas capazes de espantar quaisquer tristezas ou angustias.

Que engano, meu deus!!!! Nada mais do que uma sucessão de cenas de humor fácil, previsível, demasiadamente vistas, sem objectividade ou criatividade, a anos luz dos Obras Primas do género - “American Pie” ou mesmo a primeira sequela de Scary Movie. Mas também o que é que se podia esperar quando o fio condutor do filme se baseava no “Sinais” do Mel Gibson, o qual já era de mau de mais para ser deste planeta. De salvar no filme só mesmo a participação de Pamela Anderson e dos seus saudosos decotes.

Inadvertidamente o momento cómico do fim de semana não teve como protagonistas nenhum actor americano, ou mesmo um dirigente do futebol nacional, mas sim Pedro Santana Lopes. Pedro Santana Lopes em Entrevista ao Expresso, anunciou a sua proto-candidatura à Presidência da Republica, alegando como fundamento da mesma o potencial de destruição da coligação governamental, de uma Candidatura de Cavaco Silva.
Aqui sim, motivo para uma grande gargalhada.
Santana Lopes profissional das candidaturas ora a presidência do Sporting, do PSD, do Câmara de Lisboa, ou mesmo num futuro próximo à Presidência do FCP, do Comissão Europeia, de Secretario Geral da ONU!!!! ; a por em causa a postura de seriedade de Cavaco Silva. Mas enfim todos sabemos que para Santana Lopes o importante não é o cargo, mas sim o Protagonismo.

António Cipriano

sexta-feira, fevereiro 13, 2004

14 de Fevereiro

O Dia de São Valentim – Dia dos Namorados é para min um momento de particular reflexão e mesmo introspecção, ainda mais quando me encontro demasiadamente sozinho, no mar das emoções. Talvez por isso um tristeza imerge sugestivamente como que perguntando o porque dessa solidão, e o porque do amor.
Esta semana li um pequeno trecho sobre o amor de “Alain de Botton” que gostei particularmente. Fica aqui compartilhado convosco


“Talvez seja verdade que não existimos enquanto não houver quem veja que nós existimos, que não falamos enquanto não houver quem ouça o que estamos a dizer, no fundo, não estamos completamente vivos enquanto não formos amados.

Poucas coisas são tão estimulantes e simultaneamente aterrorizadoras como saber que somos o objecto do amor de alguém, já que para quem não está completamente convencido de que merece ser amado, ser alvo de carinho é como receber uma grande honra sem perceber bem porquê.

Assim que se resolve descobrir sinais de atracção mútua, tudo o que o ser amado diz ou faz pode ser interpretado como significando praticamente o que se quiser.

Só nos apaixonamos quando não sabemos por quem estamos apaixonar-nos.
Se nos apaixonamos com tanta rapidez, talvez seja porque a vontade de amar precede o objecto do amor.
Apaixonamo-nos na esperança de não encontrarmos no outro aquilo que sabemos existir em nós - cobardia, fraqueza, preguiça, desonestidade, acomodação e estupidez. “

Alain de Botton -" Ensaios sobre o amor"

António Cipriano


sábado, fevereiro 07, 2004

Cassandra



A Cassandra é a minha gata, dada pelo meu amigo Luís Costa Pires. Ela ainda é muito nova, faz no Dia de São Valentim apenas quatro meses. A vida dela é muito simples, faz as necessidades fisiológicas, brinca, come e dorme. Mas mostra a sua felicidade através do ronronar. Se eu tivesse a capacidade de ronronar como ela, de certeza que não conseguiria ronronar tanto.


PP
A Acessibilidade

A Acessibilidade é uma palavra cara, que se popularizou em meados do século passado, finda a Segunda Grande Guerra. Os avanços tecnológicos ajudaram a Medicina e com isso temos uma maior longevidade, tornando assim a espécie humana a excepção que confirma a regra da sobrevivência do mais apto.
Antigamente, a esperança média de vida era drasticamente reduzida para os amputados, por exemplo, o que levou à criação de leis, que protegem pessoas portadoras de deficiência e de necessidades especiais. Portugal neste momento tem das melhores leis ao nível da Acessibilidade, mas da criação das leis à sua aplicação prática vai um bom caminho.
Admito que pessoalmente, pouco pensava neste aspecto, embora o soubesse desde os tempos de estudante universitário, pois tive de fazer um trabalho sobre o tema, mas só quando sofremos durante um determinado tempo uma incapacidade temporária é que valorizamos estes aspectos. No dia 24 de Janeiro, um infeliz acidente a jogar Futsal com amigos, levou a uma fractura do perónio da minha perna direita, o que me leva à utilização de muletas para me locomover. Na minha casa, as dificuldades são as normais, numa casa construída há duas décadas e em que não se prevêem este tipo de situações: escadas, a entrada na banheira para tomar banho e algumas portas estreitas não facilitam nada. Mas em minha casa é o menos, pois não representa percursos demorados. Mas pessoas que, por exemplo, precisam de se locomover através de cadeiras de rodas, podem sem exagero ser consideradas verdadeiros “Ulisses”, pois encontram passeios estreitos, sujos, mutilados com sinais de trânsito que não permite a sua passagem e frequentemente são “habitués” no asfalto que deveria ser dos automóveis.
É pena que as pessoas só se lembrem disto quando passam pela situação, como desde já admito ser o meu caso, mas valendo o que vale, admito a minha anuência por inércia.

PP
Twin Peaks



Acabei de ver na Sic Radical, o episódio desta semana da série de culto, Twin Peaks, o sétimo episódio da segunda série. Muito bom este episódio. Findos os oito episódios que compõem a primeira série, seguiu-se uns episódios sensaborões na segunda série, este foi diferente, para melhor. Ao nível da primeira série.

PP
Ontem no Correio da Manhã



Na edição de ontem (5/2/2004) do diário Correio da Manhã, existe uma notícia no mínimo insólita, e quem me provocou mais risos, do que qualquer episódio ou anúncio ao Homem da Conspiração. O título dizia assim:

“Azarado - passou uma noite sem assistência médica

CORTOU PÉNIS A ABRIR PACOTE”

Logo no título, nota-se por parte do autor da notícia, um irônico sentido de humor, pois podia perfeitamente ter escolhido a palavra embalagem para substituir o ambíguo pacote, de significado mais amplo e com associações em termos de gíria ao ânus. E findo o título continua a notícia:
“Um homem de 27 anos perfurou o pénis de um lado ao outro, com uma navalha, quando tentava abrir um pacote de vinho, no final de um jantar com dois amigos realizado na Chamusca.
Apesar de se ter dirigido a duas unidades de saúde, Vítor Carapinha não conseguiu ser assistido por um médico e precisou que um polícia lhe emprestasse dois euros para voltar a casa, sem curativo.”

Mesmo tendo visto a reconstituição fotográfica do acontecimento, em que ele mostra uma embalagem de vinho entre as pernas e uma navalha na mão, confesso que continuo sem perceber como é que ocorre tal acidente, a não ser que o infeliz acidentado tenha uma haste de bandeira, no lugar onde deveria existir o dito pénis.
“Foi um acontecimento insólito e uma noite azarada, que recorda com o sorriso próprio de quem sabe rir da infelicidade, mas reconhece que apenas por milagre não sofreu lesões incapacitantes.”
Bem, palavras para quê?
“A navalha ficou mesmo junto à artéria principal. Se fosse um dedo ao lado eu apagava, batia a bota”, afirmou ontem ao Correio da Manhã.
Um dedo ao lado? Bom neste momento acho que me começo a sentir inferiorizado, pois parece-me que o meu plenamente inchado pouco mais tem do que dois dedos.
“O acidente ocorreu a 23 de Janeiro, pelas 23h00, quando Vítor Carapinha, que já “tinha bebido um copo a mais”, pegou num pacote de litro de vinho e o colocou entre os joelhos, para abrir com a navalha. “O braço escapou-me”, explicou.”
O braço escapou? E eu a pensar que os ferimentos tinham sido causados por uma navalha.
“Após estancar os ferimentos no pénis e numa perna com uma camisola, Vítor caminhou uma hora até ao Centro de Saúde da Chamusca, apoiado por um tio e um amigo. Mas a unidade estava encerrada.”
Com uma camisola? Bom, já ouvi chamar muitos nomes: chapéus, toucas, agasalho, camisas de Vénus, mas camisolas, confesso que ainda não tinha.
“O azar continuou depois de chamados os bombeiros para levarem o ferido ao Hospital de Torres Novas. A viagem, que deveria demorar 15 minutos, excedeu a duração habitual, porque a ambulância ficou retida na passagem-de-nível de Riachos grande parte do tempo.
“Senti-me a apagar”, referiu Vítor Carapinha, explicando que chegou a perder os sentidos. Já depois da 01h00, o ‘Botas’, como é conhecido, deu entrada na urgência do Hospital de Torres Novas, mas as coisas voltaram a dar para o torto: “Disseram-me que tinha de esperar até de manhã”.

Pois, para falhar a navalha e cortar o pénis, tendo a embalagem de vinho entre as pernas, só pode mesmo ser chamado de Botas. Uma pergunta: Vitor, és ribatejano ou africano? E já agora, deu para o torto? É normal, pá...
“Sem paciência e sem querer pagar o regresso de ambulância, Vítor dirigiu-se a uma cabina para telefonar, mas verificou que não tinha dinheiro. Irritado, danificou o aparelho. E foi isso que lhe valeu. Minutos depois a Polícia chegava e um agente emprestou-lhe dois euros para ligar à mãe, que o levaria a casa.
Na manhã seguinte, foi enfim assistido, no Centro de Saúde da Chamusca, onde tinha começado uma das noites mais azaradas da sua vida.”

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PP