quarta-feira, março 31, 2004

Futilidade

À muito que sabia que a incultura, o individualismo e futilidade eram cancros que devassavam a nossa sociedade. No entanto, talvez por ser um idealistas sempre pensei que estes pecados mortais ainda não eram pecados da minha geração.

No passado sábado, num jantar de aniversario de um amigo, fiquei abismado com o grau de futilidade, com o qual jovens da minha geração podem viver. No dito jantar fiquei junto a dois jovens na casa dos seus 23 anos, um deles com frequência universitária. Ambos, como part-time são modelos. Como não só aberto a estereótipos, não os julguei pela sua actividade ou aspecto. Os dois se apresentavam com uma farta cabeleira, corpos cuidados num estilo muito fashion. Mas não os julguei por isso. Dei obviamente o beneficio da duvida.
No entanto, com o desenrolar do jantar fiquei estupefacto, pois o tema único, de conversa e discussão de todo o jantar (cerca de 3 hora) centrou-se somente na importante problemática das dietas, das festas, das passagens, e para cumulo a grande questão e dilema da noite, que norteou profundos raciocínios filosóficos – Usar ou não maquiagem, para sair à noite?

António Cipriano

quinta-feira, março 18, 2004

Cronica de uma Ida aos CTT

Seguindo a rotina normal de uma qualquer segunda-feira, sou levado pelos afazeres profissionais a entrar na estação de Correios das Caldas da Rainha. São para aí umas 10h30m, e o clima aí vivido é no mínimo insólito.

Várias dezenas de pessoas munidas de uma senha de cor branca, aguardam vagarosamente por serem atendidas. Um burburinho de vozes, conversas, queixas, falta de paciência, em português, brasileiro, moldavo, ucraniano, somado ao sinal sonoro do Placard Electrónico desespera o mais paciente dos cidadãos.

Na entrada uma senhora idosa, decerto de alguma aldeia do concelho, de cabelos brancos envoltos num lenço negro, condizente com o resto da indumentária encontra-se de “candeias às avessas” com a máquina das senhas. Pragueja que já nada é feito a pensar nos “velhos” como ela. Aproximo-me, e ajudo-a na referida máquina informando-a que apenas tem 30 números à sua frente. Surpresa, mas conformada, procura um lugar sentada para que a espera não seja tão penosa. Mais à frente, uma mulher jovem dos seus 28, 29 anos com duas crianças gémeas dos seus 4 ou 5 anos, tenta sem sucesso apaziguar a rebeldia das mesmas.

O som do Placard Electrónico, continua a marcar os minutos da espera. Quanto a mim, vou torneando a espera, folheando os livros, os postais, vendo as canetas, os telemóveis, as newslettres informativas dos certificados de aforro, etc. Afinal, a Estação dos CTT é cada vez mais um centro comercial, “consentâneo com a rapidez do seu serviço”. Quanto aos funcionários, vão na medida do possível atendendo os utentes, simplificando os processos, mas a verdade é que apesar de ser apenas segunda-feira de manhã, em muitos já é visível o cansaço. Ao fim de muita espera lá fui atendido, saindo rapidamente daquela “Torre de Babel”, desejando um retorno o mais longínquo possível.

Caldas da Rainha apesar de não ser uma metrópole, é já uma cidade de média dimensão. Não se justificará duas Estações de Correios? Porque não abrir mais uma delegação na cidade, agora na freguesia de Santo Onofre?

No entanto, a estratégia preconizada pelos CTT, tem vindo a apontar para a redução do número de postos de correio, nomeadamente através da contratualização de serviços com as juntas de freguesia. Os CTT, tem vindo a optar por uma via economicista em detrimento da qualidade de serviço. Assim sendo, a abertura de um novo Posto de Correio em Caldas da Rainha dificilmente estará nas prioridades dos CTT. Neste contexto a iniciativa terá de partir da comunidade civil e da autarquia.

Assim sendo, faz todo o sentido a constituição de um pequeno lobby, encabeçado pela autarquia e pela Assembleia Municipal que reivindique um novo posto dos CTT na cidade. Afinal, a constituição de um novo posto dos CTT é uma necessidade imperiosa para a cidade, para a população e mesmo para os seus funcionários.


António Cipriano

segunda-feira, março 15, 2004

Camacho


Em dois dias seguidos, o treinador do Benfica aparece ligado ao jornal Record, como um agitador dentro do clube da Luz, onde segundo os jornalistas e repito, segundo os jornalistas, manifestou-se contra José Veiga e depois, segundo (e desculpem exagerar) os mesmos jornalistas veio dar o dito pelo não dito. Eu li ambas as declarações e nada do que os jornalistas do referido metem em título me pareceu coerente, antes sendo uma forma de vender jornais, com títulos relacionados com o Benfica. Como leitor assíduo do jornal, é óbvio que eu fico desiludido com o referido jornal, além do mais é bom lembrar que poucas semanas antes, este meio de comunicação já vinha referindo que gostava de ver José António Camacho treinar o Futebol Clube do Porto na próxima época.
O referido treinador, revelou na altura a sua total disponibilidade para discutir um projecto de renovação com o seu actual clube. Vem daí este ataque jornalístico. É pena que cada vez mais, os jornais se transformem em meios de desinformação, em tablóides, que procuram as vendas através do sensacionalismo barato.

PP
Quatro dias que abalaram Espanha


No início do século passado foi publicado um livro sobre a Revolução de Outubro na União Soviética, intitulado “Dez dias que abalaram o Mundo” de John Reed. Estes últimos dias, existiu um abalo na nação espanhola, que levou a um novo rumo não esperado. Um atentado e centenas de mortes, num gesto bárbaro, a lembrar que a História é feita de ciclos e que a tudo dá uma sensação de “déja vu”. A História é uma repetição da História e a Humanidade não aprende. A Espanha virou à esquerda, tendo sido eleito Primeiro-Ministro, o quase desconhecido, José Luis Zapatero. O futuro dirá as diferenças ou semelhanças, após este abalo político, que como outros acontecimentos abalou todo um Mundo civilizado.

PP

domingo, março 14, 2004

11 de Março
Quantos de nós ao analisarmos a História da Humanidade, não damos graças à superioridade da nossa civilização, não falamos do esplendor da nossa cultura, do brilhantismo da tecnologia que nos permite incurtar distancias, aproximar conhecimentos. Mas a Verdade é que toda esta visão de superioridade da nossa civilização é demasiada efémera e ilusória. E que prova melhor do fracasso da Humanidade do que o 11 de Março. O inexplicável, o horrendo, a barbárie o comportamento animal de alguns, provou mais uma vez, que a distancia que separa o Homem aos animais ainda é muito curta.
Alias se reparamos, ao contraio do que se anunciava pelos jornais deste mundo, o quebrar da “Guerra Fria”, não nos trouxe o Paraíso, quanto muito o Purgatório.

Hoje escrevo estas palavras com o sabor da revolta da angustia, para com a Raça Humana. Afinal séculos e séculos nada nos ensinaram !!!

António Cipriano

quinta-feira, março 11, 2004

O Sonho

Deito-me na cama, o quarto está inundado por uma escuridão impenetrável. Ao longe, ouço o ruído de vozes, tão perto e ao mesmo tempo longe, falando numa linguagem conhecida, mas que apesar de tudo parece tão indecifrável. Uma moleza que invade o corpo, torna os sentidos torpes, dormentes e adormecidos, tendo entrado na fronteira do reino de Morfeu. Sonho e tu apareces-me, em todo um esplendor que não te pertence, que ilude. Aqui, és o símbolo da perfeição. Até és mais que isso. És o que o meu sonho determinar, és a irrealidade sem limites. Acordo. Não sei quanto tempo passou, as forças estão retemperadas, mas estou só. Não te tenho, mas prefiro ver-te por um segundo, do que sonhar contigo a toda a hora.


PP
UEFA

Mais uma vez, o futebol tem de vir à baila. Infelizmente este é pelos piores motivos. Acabo de ver na Sic Notícias, que a UEFA foi insensível perante o pedido das quatro equipas espanholas (Barcelona, Maiorca, Villarreal e Valência) que hoje jogam a primeira mão dos oitavos de final da Taça UEFA. Mais uma vez, as instituições que orientam o futebol querem sobrepor um jogo em relação à tragédia humana.

PP
O anúncio do licor Malibu


Após os acontecimentos, é difícil ter outro assunto de conversa que não vá parar a Madrid, mas este post já era para ter sido escrito ontem e não foi, então cá vai. Uma das coisas que me revolta neste país membro da União Europeia é definitivamente o estado da saúde em Portugal. Para mim é inconcebível uma pessoa ter de se deslocar ao Centro de Saúde às tantas da manhã, se não tiver ninguém para ir marcar a consulta tem de se levantar cedo e está doente, para então gritar a plenos pulmões quando chega: “ Está aí alguém para o Dr. Fulano?”, ao que respondem “Sou o seis.” E assim, as pessoas têm de recorrer aos Hospitais, pois foram atingidos o número limite de pacientes.
Não pretendo dizer que o mal é só do Governo, o mal é de todos, incluído médico que podem ser excelentes profissionais, mas pouco escrupulosos que usam os recursos hospitalares para fazer operações a nível privado.
Outra situação deu-se ontem comigo, quando depois de retirar o gesso me deram um papel referente a uma consulta de fisioterapia no Hospital Termal, consulta essa sem a qual não podia começar a fazer a referida fisioterapia. O tempo estimado de consulta, mínimo foi de quinze dias. Como achei e acho, esse tempo de espera exagerado, decidi em conjunto com o meu pai, saber se era possível a partir do Centro de Saúde ter uma credencial que permitisse uma consulta mais rápida, ao que a funcionária respondeu: “Quinze dias? Isso é muito bom! Aqui não consegue nada mais rápido!”.
Bom, o post já vai longo e só para juntar o título ao conteúdo, a saúde em Portugal lembra-me um dos mais giros anúncios que passou na televisão, o do licor Malibu, em que um homem está com uma mão dentro da boca de um peixe e vai ao Centro de Saúde, onde tem de preencher uns papéis em triplicado e mesmo sendo o único paciente, a espera estimada é de seis horas. Acabava com uma frase do gênero, “se a vida fosse mais séria, não existia Malibu”. Pois bem, acho que se fossem menos sérios (como se isso devesse ser possível), seriam o sistema de saúde em Portugal


PP
Atentado em Madrid

Esta manhã de 11 de Março ficará marcada na História da Humanidade como o maior atentado perpetrado no nosso país vizinho, com cerca de duzentos mortos e mais de seis centenas de feridos, algo a lembrar numa escala mais pequena outro dia 11. Depois de mais uma demostração de irracionalidade apetece perguntar, quem é capaz de fazer uma coisa assim? Sinceramente acho que os autores deste acto cobarde não merecem viver, quem engendra este ataque não é civilizado, não são seres consciente, são algo abaixo de todos os seres vivos que existem à face do planeta. As cenas que vejo, e que nunca ninguém deveria ver, merece uma morte lenta e dolorosa. Posso estar a ser extremista, mas casos destes não têm perdão, não têm julgamento possível.


PP

quarta-feira, março 10, 2004

Silencio. No hay gesso.


Este título foi tirado directamente do meu gesso. Explicando melhor, a dedicatória que um amigo meu escreveu no gesso assim dizia: "Para que possas dizer Silencio. No hay gesso." Decerto que ele não se importará minimamente de me ver utilizar esta frase hoje, dia em que após seis semanas e meia (por pouco dava um nome de filme erótico) tirei o gesso. Foi uma situação difícil que passei, esta de ter partido a perna, mas encarei como uma aprendizagem. Ainda me lembro da sensação de alegria que senti quando o meu pai apareceu em casa com duas muletas novas, comecei a dar mais valor a certas certezas que tinha, para não me alongar posso dizer que serviu como uma lição de modéstia e humildade, que agora vejo algumas vezes me faltou. Uma estranheza que ocorreu, foi ao pôr o pé no chão, após uma imensa inactividade, os meus próprios sentidos me enganavam, pois todo o terreno que pisava, parecia estranhamente inclinado. A terceira fase, ou seja, a recuperação começou hoje, a lição de vida essa começou no dia 24 de Janeiro.
A todos os meus amigos, quero desde já desejar o meu mais sincero Obrigado. Quando eu precisei de vocês, pude contar com o apoio de todos. Não vou citá-los, são muitos e apesar de dizer que os colocaria numa ordem aleatória, prefiro dizer apenas: vocês sabem quem são.
Para finalizar, se este post fosse falado bradaria aos quatro ventos: NO HAY GESSO.


PP

quinta-feira, março 04, 2004

A nova desilusão


Prometi que deixava de escrever sobre Futebol. Mas como o blog afinal é pessoal, depois de alguns meses, volto a escrever sobre o assunto. Mas é mais para me retratar. Depois do jogo de ontem, com o Rosenborg, o jogador Miguel, apesar das suas evidentes falhas ao nível do passe e da recepção, não pode por mim ser considerado o pior jogador do Benfica. Esse jogador, depois de inúmeras falhas inadmissíveis num defesa (tempo de salto, marcação, poder de desarme) tem de ser considerado o pior jogador do Benfica actual: Luisão. Quem tem 1,91m não pode ser assim tão mau, como ele. Depois dos jogos contra o Nacional e contra o Rosenborg, não existem palavras para descrever tal as fracas exibições de um jogador que supostamente era craque.


PP