terça-feira, julho 27, 2004

Incêndios

Fica aqui hoje a cronica de Nicolau Santos que diz tudo sobre a desgraça que sucessivamente e inexplicavelmente sucede todos os verões em Portugal.
"Todos os anos pelo Verão, com uma regularidade igual à da chegada das estações, metade do país arde. E com uma regularidade impressionante todos os anos os políticos nos prometem que, para o ano, tudo será diferente. Em 2003, arderam 400 mil hectares, uma catástrofe sem comparação na última década. Este ano disseram-nos que seria impossível que tal voltasse a acontecer, tais as medidas que entretanto foram tomadas. Pois. Ainda não chegámos ao princípio de Agosto e a área ardida já é superior à do ano passado.
Ontem, o espectáculo era dantesco. Autoestrada cortada, automobilistas em pânico, banhistas evacuados, casas ardidas, fogo na zona protegida da serra da Arrábida, fogo em Monchique, fogo em Torres Novas - e sempre, sempre, o discurso de impotência dos bombeiros perante as forças da Natureza. Porque, na verdade, depôs do fogo deflagrar, há 20 minutos em que ele pode ser controlado. A partir daí, só se consegue limitar os danos. É por isso que os maiores sucessos serão conseguidos a montante, na limpeza das matas, no ordenamento do território, na vigilância humana e por meios informáticos da situação nas florestas, do regresso à instalação de guardas florestais em pontos críticos do país, na utilização imaginativa do exército, de jovens e de desempregados para limpar as matas, fazer queimadas controladas e alertar as autoridades para focos de incêndio. No ano passado, a decisão de concentrar os meios de combate aos incêndios, juntando num comando único os bombeiros e a protecção civil, foi também responsável pelo que aconteceu. Ou a decisão não foi a mais correcta, ou a pessoa escolhida para liderar o combate aos fogos não era a indicada, ou não foi suficientemente explicada às duas partes a vantagem da decisão, o certo é que os resultados não podiam ter sido piores para o país, com 14 mortes e milhares de árvores abatidas pelo fogo.
O responsável pela decisão, o ministro da Administração Interna, Figueiredo Lopes, garantiu que este ano tudo seria diferente. Para já, a única diferença é que Figueiredo Lopes deixou de ser ministro. E, como é evidente, não é possível pedir responsabilidades ao novo ministro, Daniel Sanches, que leva pouco mais de uma semana no cadeirão do seu antecessor.
O que mais choca nisto tudo é que a mensagem subliminar que passa vinda do lado do poder é que os Verões estão cada vez mais quentes, logo é uma fatalidade que haja incêndios, logo é uma inevitabilidade que o país arda nesta altura do ano, assim como no Outono há chuva e no Inverno chega o frio. Ora o recado que os políticos precisam entender é que os portugueses estão fartos destes espectáculos dantescos todos os anos no Verão. Estão fartos que todos os anos a área ardida seja maior que a anterior. Estão fartos de ver a questão ambiental ser desvalorizada, quando os riscos de desertificação do país se acentuam a olhos vistos. Basta, três vezes basta!
Chamem especialistas, gastem menos o nosso dinheiro noutras coisas e mais no combate aos fogos, façam qualquer coisa duradoura e não que mude sempre que muda o ministro - mas, por favor, não nos venham dizer que os Verões estão anormalmente quentes e que, por isso, os incêndios são uma inevitabilidade. Basta! "

António Cipriano

domingo, julho 25, 2004

Carlos Paredes

Um país, uma nação é o somatório de um conjunto de indivíduos agregados por uma cultura. Sem duvida que a musica inconfundível de Carlos Paredes é uma dos elementos singulares dessa cultura portuguesa, que faz de todos nós portugueses.

Carlos Paredes era um virtuoso, um génio, mas era também um grande ser humano. Humilde  e humano como poucos, sobe ainda lutar pelos seus ideais,  pela liberdade no período anterior à revolução.

Por tudo o que a tua vida nos deu, obrigado por teres  sido Português.
Jamais esqueceremos a tua musica

António Cipriano

quarta-feira, julho 21, 2004

TAP

Ao longo da ultima década a TAP foi mais uma daquelas empresas publicas que a semelhança da CP limitou-se a se noticia pelos conflitos laborais, greves, acordo falhados e prejuízos monstruosos. É bem verdade, que a conjuntura internacional não foi neste período de tempo, muito favorável às companhias de aviação e a TAP obviamente também sofreu por tabela. Mas não é menos verdade, que o comportamento negativo, foi igualmente resultado de administrações incompetentes, prepotentes em que a única qualificação dos seus membros era o cartão partidário.

Acontece que nos últimos 2 anos a situação para bem de todos alterou-se. Hoje a TAP e apesar da inconstância dos mercados e do receio do terrorismo, passou a dar lucro. Saiu definitivamente do vermelho. O grande responsável desta vitória foi Fernando Pinto, o administrador brasileiro contratado. Com ele voltou a estabilidade laboral, os lucros e a projecção mundial da TAP ao entrar para o grupo restrito de empresas do sector que fazem parte do Associação Star Alliance.
Mas como não há bela sem senão, e como a inveja é um dos predicados nacionais, hoje querem correr com Fernando Pinto da TAP. E tudo porque um senhor de cartão laranja de nome Cardoso e Cunha foi nomeado presidente da TAP. Cardoso e Cunha, em vez que aproveitar o capital de confiança na empresa, limitou-se a criar conflitos e questiúnculas de modo a conseguir correr com Fernando Pinto. E porque? Porque é um incompetente cheio da inveja dos outros. Se este Governo quer provar que é diferente, e que vai levar o país a bom porto à que começar por demitir Cardoso e Cunha, e reforçar e garantir a permanência de Fernando Pinto na TAP.
António Cipriano

segunda-feira, julho 19, 2004

Oposição

Este fim de semana ficamos a conhecer mais dois candidatos a liderança da oposição. Não, não estou a falar de José Socrates, António José Seguro ou de João Soares. Estou sim a falar de Pacheco Pereira e Marcelo Rebelo de Sousa.

Pacheco Pereira no programa Quadratura do Circulo e Marcelo no Jornal nacional da TVI de domingo, trucidaram o novo governo com um conjunto de afirmações e argumentos fortes e mordazes. A continuar assim todos os fim de semana não prevejo vida fácil a Santana
Por isso, se fosse militante do PS proporia como candidato à liderança, Marcelo ou Pacheco Pereira, pois qualquer um dos dois, em 30 minutos faz mais pela queda do governo do que qualquer João Soares ou Socrates num ano.
 
António Cipriano

sexta-feira, julho 16, 2004

Onde estás?

Há quem diga que os sonhos são algo de profético, cenários de um futuro ainda que distante, mas provável, ainda que quase sempre envoltos numa orla dúbia, que faz com que cada elemento do sonho possa ter diversos e contraditórios significados.

Ontem, durante um a noite de sono, após um dia especialmente conturbado tive um sonho aprazível. Nesse devaneio da alma adormecida, encontrava-me numa floresta de arvores gigantes com troncos largos castanhos, e uma folhagem densa de folhas mortas avermelhadas, entremeados por pequenos lírios amarelos tendo por companhia um sol matinal ainda discreto, tímido, em que as aves se laçavam para mais um dia.

Ao caminhar por esse caminho de folhagem densa surge do lado oposto, sob uma névoa molhada, uma mulher........... Uma mulher de rosto cuidado, cabelos longos castanhos avermelhados de postura clássica, vestida com uma indumentária celestial em cores azuis, e dona de uns olhos verdes muito verdes, luzidios e encantadores.

Por estranho que pareça, tal mulher sabia o meu nome, pronunciando-o repetidamente e estendendo a mão para min, sorrindo. Fiquei obviamente confuso e perplexo, afinal não é habito uma mulher assim sorrir para min. Caminhei em sua direcção....... mas por estranho que pareça, quando mais caminha mais distante ela ficava. Fico invadido por uma noção de perda, de absoluta incapacidade de chegar a essa mulher.

Nesse repente acordo...............sobressaltado mas alegre
 
Quem seria essa mulher ? Onde estará esses olhos verdes? Não sei ou talvez saiba. Talvez conheça mas prefira não ver. Não sei.
Só espero no hoje ou amanhã nos encontremos.
 
António Cipriano

quinta-feira, julho 15, 2004

Muro da Vergonha

Depois de nos termos livrado do triste muro de Berlim que apenas nos serviu para acrescer ódios, separar famílias e povos, sobre a o escudo de ideologias, somos de novo confrontados com um novo muro. Falo do muro que Ariel Sharon e os seus cúmplices estão a construir na Palestina, sob o argumento da defesa de Israel.

A defesa de Israel não passa por muros de betão mas sim de negociações serias, honestas em que o Estado Palestiniano seja uma realidade, que as vilas e cidades palestinianas não sejam sucessivamente esmagadas. O Muro apenas será mais um obstáculo à Paz, mais um contributo para o reforço das posições dos radicais do Hamas.


António Cipriano

quarta-feira, julho 14, 2004

Vida

A vida não é mais do que uma ilusão da consciência, em que o ser humano deposita esperanças construidas sobre castelos de areia.


António Cipriano

terça-feira, julho 13, 2004

Ferro Rodrigues

“Estou-me cagando para o segredo de justiça”, tristemente esta foi a expressão mais conhecida e badalada de Ferro Rodrigues.
Ferro Rodrigues ao longo de dois anos e meio de secretário geral do PS demonstrou que realmente líder partidário não era a sua vocação. Ao longo de dois penosos anos, Ferro Rodrigues coleccionou um conjunto vasto de inabilidades, de erros políticos graves. E nada pior do que o seu comportamento no processo Casa Pia, onde em vez de se distanciar enterrou-se até ao pescoço. Por tudo isto foi um alivio para todos os socialistas a sua demissão, isto apesar das lagrimas de saudade de todos os militantes do PSD. E foi uma saída pela porta grande, afinal saiu com uma vitória monumental nas europeias

Apesar da sua falta de jeito á que frizar que em parece um homem bom, honesto que comandou o barco do PS quando ninguém queria ficar ao leme. Por todo isto merece a nossa simpatia.

António Cipriano

segunda-feira, julho 12, 2004

Vencedores

Numa primeira analise superficial afirma-se que o grande vencedor da crise política foi Santana Lopes e o PSD. No meu ponto de vista nada mais erróneo, senão vejamos:

Em caso de eleições no momento presente, o carisma de vencedor, de homem mediatico, de Santana Lopes ultrapassa em tudo a imagem cinzenta, ainda agarrada às cinzas do processo casa Pia de Ferro Rodrigues. Nesta envolvente, penso que a vitória do PSD e de Santana Lopes seria uma certeza, permitindo a Santana um mandato de 4 anos, sem a sombra da falta de legitimidade.

Com a não convocação de eleições o PS sai reforçado, nem que seja pela substituição de Ferro Rodrigues. A nova liderança do PS seja com Vitórino, seja com Socrates, será mais vigorosa, eficaz, dura, utilizando até a exaustão, juntamente com a restante oposição a bandeira da falta de legitimidade de Santana. Agitação social, greves, campanhas meditarias destrutivas organizadas, juntamente com criticas de elementos da direita como Marcelo Rebelo de Sousa e Pacheco Pereira irão debilitar constantemente o governo.

Para agravar tudo isto, caso Santana Lopes não altere o seu estilo mais popular, e se a retoma demorar a confirmar-se terá que provar um conjunto muito grande de amargos de boca.


Com todo este cenário o normal é que daqui a dois anos, ou mesmo antes, o PS vença sem dificuldades o PSD. Claro que tudo isto não passa de futurologia. Mas são cenários demasiado provaveis. De qualquer das formas, tudo depende de Santana Lopes, da forma como irá ultrapassar os trabalhos de Hércules. Cá por mim não acredito em milagres, por isso vaticino, com muita pena minha, um fim triste do governo do PSD.
Oxalá me engane.

António Cipriano

sexta-feira, julho 09, 2004

Cenários de Governo

Com a Demissão de Durão Barroso, desculpem José Manuel Barroso, entramos num novo ciclo político com novas bifurcações. De entre as varias conjecturas possíveis há uma que me suscita preocupação, mas ao mesmo tempo alguma vontade de rir. Caso o PR convoque eleições, tal como defendo, pode suceder um vitória do PS no acto eleitoral, mas uma vitória relativa. Neste cenário o PS na ânsia de alcançar a almejada estabilidade, teria de procurar parceiros.

À boca fechada, fala-se já de um acordo parlamentar entre o PS e o BE. Alguém já pensou no que será o BE no governo? Francisco Louça ministro da Administração Interna implementado medidas com a política sem armas, sem uniforme. Miguel Portas como ministro da Juventude, distribuindo kits de educação cívica com o Póster de Che Guevara e cigarros de erva??? Que rico governo seria!!!

E claro, havia a hipótese de se tratar apenas de acordos pontuais entre o PS e o BE. Mas assim, quantos Queijos Limianos seriam precisos para matar a fome do BE?

Se a companhia de Paulo Portas no governo é o que é, como seria com Miguel Portas?

António Cipriano

quinta-feira, julho 08, 2004

Pensamento do Dia

Fica hoje aqui uma das minhas citações preferidas, no caso de Eleanor Rooosevelt

“O Futuro pertence a quem acredita na beleza dos seus sonhos”


António Cipriano

quarta-feira, julho 07, 2004

Cantores do Poder

Quando pensamos que já vimos tudo, somos surpreendidos. Collin Powell um dos homem mais importantes do globo, e sem duvida a única figura de jeito da actual administração americana é conhecido por ser um homem integro, de postura clássica e formal não fosse ele um militar.

No entanto na ultima cimeira da ASEAN, fomos todos surpreendidos com os seus dotes artísticos. Collin Powell trajando roupas de trabalhador das obras, com capacete amarelo incluído, interpretou diante as elites asiáticas o famoso Hit dos Village People “YMCA”. Cantou, balanceando o seu corpo numa dança uniforme, acompanhado por um coro vocal, criando um quadro no mínimo ridículo e triste digno de um qualquer bar de terceira.

Mas ao contrario do que seria de esperar tudo não passou duma manobra diplomática. A conferência da ASEAN realizou-se na Indonésia. Na Indonésia a popularidade de qualquer político depende dos talentos artísticos e vocais de cada político. Nas recentes eleições Presidenciais a Presidente em exercício Megawati Sukernoputri ficou em segundo lugar na 1º volta visto, ter pouca apetência para o canto, ao contrario de Susilo Yudhoyno que é visto como um talentoso cantor, segundo o que refere o Diário de Noticias. Mas também quem não se lembra dos talentos vocais do simpático e humano General Wiranto. !!! Agora compreendo a estratégia de Alberto João Jardim nas eleições, nas quais não hesita em comprovar os seus talentos de palhaço, bailarino e cantor.


António Cipriano

terça-feira, julho 06, 2004

Retorno à Realidade

Após a euforia do Euro 2004 é tempo de voltarmos à realidade nua e crua. É que realidade!! Instabilidade política, lutas partidárias, um país sem governo, declarações cómicas de Alberto João Jardim, etc. E tudo por causa da ambição de um homem. O que vale é que haja eleições ou um governo Santanista o verão e as ferias estão ai. Pelo menos durante o mês de agosto tudo fica em aguas semimortas podendo os Portugueses ganhar folgo para as tempestades políticas do inicio do Outono.


António Cipriano

segunda-feira, julho 05, 2004

O Fado Português

Durante um mês todo o país viveu uma epopeia. Uma epopeia de novos navegadores, que procuravam novos feitos e glorias. Com a vitória sobre Espanha passamos o cabo bojador, com a vitória sobre a Inglaterra atingimos a Foz do Rio Zaire, com o triunfo sobre a laranja dobrou-se finalmente o cabo das Tormentas. E quando o paraíso das novas Índias estava tão perto, como que num ápice, de um turbilhão de uma tempestade grega nos enviou para trás, para as costas de Moçambique. Mas também que seria de esperar, afinal a armada grega disponha da protecção de todos os deuses do Olimpo enquanto os Quinas apenas tinham por si, a Nossa senhora de Fátima e a Nossa senhora do Caravaggio.

Tal como na guerra de Troia os Gregos utilizaram para a vitória tácticas matreiras, defensivas, de anti-jogo, de futebol pouco atractivo mas eficaz. Em Tróia a vitória veio de um golpe à traição, subjacente no cavalo de Tróia de Ulisses. Ontem Portugal a semelhança dos Troianos foi vitima da estratégia de futebol traiçoeiro do herói grego Otto.

Mas se em Troia, Eneias escapou e foi o pai de novos feitos e glorias com a fundação de Roma, também Portugal sobreviveu, e mais forte e sagaz, pronto para novos feitos Futebolísticos no Mundial de 2006.

Até 2006 cavaleiros das Quinas !!!

António Cipriano

sexta-feira, julho 02, 2004

Finalmente


Foi na semana passada retirado o processo interposto pela empresa McDonald's, contra o jogador do Sport Lisboa e Benfica, Nuno Gomes, devido a um Big Mac fiado, visto o jogador ter marcado um golo à selecção espanhola. Mesmo assim não foi muito fácil o acordo, pois tinha sido estabelecido previamente como “paga em golos” e não apenas um único, mas visto o carácter decisivo deste, a McDonald's achou por bem por termo a dois anos de luta jurídica.
Noutro plano, Machado de Assis retribuíu a carta enviada por Santana Lopes o ano passado. Pediu desculpas pela demora, mas o facto de ter falecido no início do século passado, fazia com que os seus ossos já feitos em pó estavam cheios de artrites e reumatismo, mas não deixou de cumprimentar o futuro Primeiro-Ministro de Portugal.

PP

quinta-feira, julho 01, 2004

Euro 2004 – As notas das meias


Das duas selecções que no Euro 2000 chegaram às meias-finais, já se sabia que uma ia voltar ou ficar em casa, calhou a fava à Holanda, que falhou, em casa e fora dela. Portugal apresta-se assim a deixar a sua marca nos séniores, com deixou antes nos sub-21, numa selecção renovada e não dourada, pois desses tempos só sobraram três elementos: Figo, Fernando Couto e Rui Costa.
Venha a final, que para mim as melhores fotos do Euro foram tiradas anteriormente. No Record vemos um carro cheio de árabes, vestindo de branco e com turbante branco, parecendo saídos de qualquer campo da Al Qaeda, festejando efusivamente com a bandeira portuguesa e também a foto da nossa Primeira Dama, com um top de Portugal e um cachecol enrolado à cintura, parecendo uma vendedora do mercado do Bulhão.
Começou agora a segunda parte entre gregos e checos, ainda o nulo a persistir. Das duas, uma. Ou os checos se vão ver gregos, ou os gregos se vão ver em chec (os).


PP