sexta-feira, setembro 30, 2005


Canadá


O Canadá é um país estranho. Apesar de ser um monstro em dimensão geográfica, e uma das economias mais saudáveis e desenvolvidas do globo, não tem qualquer peso ou importância na cena internacional. Quantas vezes se lembram de ouvir uma noticia, ou um apontamento sobre o Canadá na imprensa escrita ou televisiva? Alguém sabe o nome do primeiro ministro, e qual a sua orientação ideológica? De facto uma noticia sobre Canadá é quase um acontecimento.
Mas esta semana o mundo foi surpreendido, por uma noticia sobre este gigante adormecido e invisível. Foi nomeado, após a aprovação do primeiro ministro em funções, Paul Martin (partido liberal), a nova Governadora-Geral do Canadá. O cargo de Governador-Geral, tem um função essencialmente protocolar, visando promover a unidade do estado, divulgar a cultura canadiana, ocupando igualmente o cargo de comandante em chefe das Forças Armadas. Mas em ultima analise, o Cargo de Governador-Geral nada é mais, do que o representante do Chefe de Estado, no caso a Rainha da Isabel II da Inglaterra,
Michaelle Jean, 48 anos, ex-jornalista, negra, francofona, nascida no Haiti, país em que viveu até aos 11 anos ( detentora de dupla nacionalidade francesa e canadiana até à poucos meses), tendo passado variados anos na Europa(em especial em Itália), licenciada em Literaturas Italiana e Hispânica, foi a pessoa nomeada para Governadora-geral, e assim unir e promover a identidade do Canadá.

António Cipriano

quinta-feira, setembro 29, 2005

Manuais Escolares

Porque é que quando alguém defende manuais escolares unificados a nível nacional, é insultado de todas as formas e feitios? Dizem logo que isso são ideias ditatoriais, fascistas, salazaristas e o diabo a sete. Ou seja, só porque na altura do Estado Novo isto acontecia, quem pensa assim tem que ser um adorador do Diabo. Parece que as pessoas preferem continuar a ouvir dizer que os manuais estão mal feitos, aquilo que ouvia em todas as disciplinas quando andava no secundário e como ainda agora ouço nas cadeiras pedagógicas na universidade, preferem também continuar a queixarem-se dos preços dos livros escolares, que todos os anos são magicamente actualizados a um currículo nacional que é o mesmo e permanece normalmente inalterado durante alguns anos. Preferem ter que gastar mais dinheiro porque os livros do filho mais velho não servem para o irmão que é mais novo 1 ano.

Parece-me insano chamar proto-ditador a quem pretende acabar com o jogo sujo feito pelas editoras que ganham rios de dinheiro à custa das pessoas que são exploradas porque os governantes preferem fechar os olhos.A quem acha que certas promiscuidades que acontecem são nefastas para a sociedade, como os livros feitos por professores que curiosamente têm parte na decisão de na “SUA” escola adoptar o "SEU" manual, sabendo que os seus colegas não vão votar contra.

Ninguém gosta de ditadores, nem de ditaduras e devemos sempre recusar esse cenário, mas não devemos recusar as ideias que possam ter sido positivas só porque foram utilizadas na ditadura. Eu não digo que os manuais devam ser feitos na “casa da moeda”, nem por qualquer outro órgão governamental, mas sim pelas editoras, mas através de concurso público para cada disciplina e depois serem obrigados a durar por pelo menos 4 anos, sempre com equipas prontas para corrigir qualquer erro no ano seguinte. Sempre com a entrega de alguns manuais para o estado para serem entregues às famílias desfavorecidas.

Se isto é ser proto-ditatorial, então eu não sei o que é democracia, porque a ser como está actualmente, então uma democracia é um conjunto de ditaduras autónomas baseadas na economia de mercado, cujo único objectivo é roubar os desgraçados que menos têm! Este é mais um exemplo dos muitos que existem que dá para fazer pensar sobre a nossa “crise permanente”

António Manuel P. S. Guimarães

terça-feira, setembro 27, 2005

Gripe Política

Todos sabemos que o país enfrenta dificuldades, restrições orçamentais, e uma boa dose de pessimismo. No entanto qualquer forasteiro, que visite o nosso país, duvidará de tal cenário de recessão económica. Afinal, inaugurações constantes, frenéticas, de chafaricas, piscinas, complexos culturais, fontes luminosas, túneis, ruas e ruelas, acontecem um pouco por todo o país, como se de um vírus contagioso se tratasse. Efectivamente uma pandemia ocorre em Portugal de quatro em quatro anos, sem vacina ou tratamento conhecido. Um dos sintomas da actual estirpe do vírus é o uso desenfreado da palavra “mudança”. Todos os agentes do vírus, que a ciência medica denomina de “Candidatos” empregam sistematicamente e quase patologicamente o termo mudança. Milhares de cartazes, info-mails, autocolantes, apregoam a dita “mudança” aos quatro ventos - “Continuar a Mudança”; “ O Rosto da Mudança”; “Onda de Mudança”; “Vencer em Mudança”, são slogans usados paradoxalmente pelos agentes biológicos já empregnados no sistema imunitário (actuais presidentes de câmara) e pelas novas variantes do vírus (candidatos da oposição).
Fiquem descansados!!! Ao contrário da gripe das aves, este vírus nacional tem um período de actuação de apenas mais 12 dias, não havendo o risco de expansão.
António Cipriano

sexta-feira, setembro 23, 2005


Patrocínio
Esta decidido!!! A Associação Portuguesa de Municípios já escolheu a bebida oficial da campanha para as autárquicas. Após algum período de indecisão entre o "Licor Beirão", a “Vodka Eristoff” e a “Cachaça Brasileira Cacique”, a associação optou pela ultima.
Em alguns concelhos, nomeadamente em Felgueiras, Gondomar, Amarante, Oeiras e Braga já foram encomendados milhões de litros da “Cachaça Brasileira Cacique”, para que os eleitores bem bebidos e adormecidos num pesadelo cor de rosa, laranja ou azul elejam respectivamente Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro, Avelino Ferreira Torres, Isaltino Morais e Mesquita Machado.
António Cipriano

quinta-feira, setembro 22, 2005

Tempo de antena


Amigo, pretende cometer algum crime e tem medo de ir parar à cadeia? Deixe-se disso! Aproveite já a excelente oportunidade de adquirir imunidade diplomática através de eleições! Cumprir penas por crimes passionais, homicídios, tráfico de estupefacientes, evasão fiscal ou desvio de fundos? Em que país de terceiro mundo é que vive para ter de cumprir pena? Mais informações através da Câmara Municipal de Felgueiras.

Oferta limitada ao stock existente

PP

Crimes que Compensam

O que se passa com o nosso país? Estará tudo doido? Que raio de leis são estas que fazem com que pessoas comuns sejam por vezes condenadas por um simples descuido, mas que permitem que outras pessoas, indiciadas por crimes graves além de andarem por ai impunes possam também ser candidatas à presidência de autarquias, só porque são mais influentes? Pessoas suspeitas de terem cometido o grave crime de corrupção, crime que não só mostra a desonestidade diante o estado, mas também perante os eleitores que atestaram confiança quando os elegeram para governar os municípios. A lei não só permite que estas pessoas se candidatem como acaba por as proteger, fazendo com que estas pessoas para além de suspeitos de serem criminosos, sejam também intocáveis para continuarem “supostamente” a praticar os seus “supostos” crimes e a prejudicar as pessoas que os elegem.

Isto torna-se ainda mais bizarro quando uma pessoa foge de Portugal, porque sabe que lhe foi decretada prisão preventiva, passando a ser uma fugitiva. Enquanto está fora é organizada uma lista candidata a uma câmara, cujo candidata a presidente é a foragida, o que a torna imune e que permite que esta pessoa, que antes tinha alguma coisa a esconder, regresse sem que ninguém a obrigue a sentar no banco dos réus. Demonstrando que o crime quando praticado por alguém com responsabilidades compensa.
Mal anda a credibilidade da política em Portugal e a continuar assim, com Majores Valentões, Tios de sobrinhos taxistas ricos na Suiça e fugitivas à justiça candidatos a presidentes de autarquias, pior irá ficar.
O que mais me assusta no meio de tudo isto é que existe a séria possibilidade de estes senhores poderem vir a ser eleitos para a presidência.

P.S.: eu não disse os nomes reais das pessoas em questão, nem que eram criminosos de facto, nem tão pouco utilizei fotos destas pessoas, porque a justiça do meu país além de permitir que estes bandidos andem por ai, permite também que eles me processem por difamação e como eu não sou nem rico nem poderoso o mais certo era ser preso e não me apetece ver o resultado das eleições na cadeia.

António Manuel P. S. Guimarães

quarta-feira, setembro 21, 2005


(In)Justiça

Ouvi dizer hoje numa qualquer radio, que existe um país, (o qual não consegui, perceber o nome) em que uma senhora detentora de um cargo político, após ser envolvida num escândalo de corrupção, e apesar da existência de um mandato de captura ,conseguiu fugir para o Brasil.
Mas o insólito é que essa determinada política, após ter fugido à justiça por mais de dois anos, regressou ao seu país de origem, sendo recebida como uma heroina, tendo o sistema de justiça deixado a referida senhora em liberdade, pronta para ser reeleita e voltar a roubar o erário publico. Concerteza trata-se de um qualquer país do terceiro mundo, da África ou da Ásia.
António Cipriano

segunda-feira, setembro 19, 2005


ONU

Comemoram-se presentemente os sessenta anos da Organização das Nações Unidas. Ao longo de sessenta anos, o caminho percorrido pela ONU enquanto organização responsável pela guarda da paz, e pela mediação de conflitos regionais e globais, apesar de alguns altos, e baixos é francamente positivo. Durante o período da “Guerra Fria” foi o palco por excelência, para as altas jogadas de política internacional. A verdade é que o mundo mudou. E se o mundo mudou, também a ONU tem de mudar .
Reformas são prementes, evidentes e necessárias. Com o passar das décadas e com o consequente aumento de campos de acção, a ONU foi sendo minada por uma montanha de procedimentos e cargas burocráticas, que reduzem a sua eficácia e diminuem a transparência financeira e operacional da organização. Neste sentido, uma reengenharia de procedimentos, métodos e recentramento dos objectivos, é fulcral para uma organização virada para os desafios do século XXI. Mas em paralelo com a reforma administrativa, é necessário a reforma institucional da organização. Já não faz sentido um conselho de segurança com uma estrutura herdada da segunda guerra mundial, assente somente nos cinco estados vencedores da mesma. Tem de se dar uma representação global, a um órgão que se quer representante da humanidade. Estados como o Japão, e a Alemanha, segundo e terceiro maior contribuinte liquido para a ONU, devem de ter a consequente representação no conselho de segurança. Mas a representação global implica uma real representação das diferentes áreas do globo. África o eterno continente adiado, tem de estar representado, com pelo menos dois estados, um da África sub-sariana, e outro da África do Norte e muçulmana. Também a Índia e o Brasil, enquanto colossos geográficos, e estados em desenvolvimento acelerado, devem representar os seus povos e regiões que integram, de forma permanente.
Ao falarmos da ONU temos de mencionar os seus objectivos. O combate a SIDA, a defesa intransigente dos direitos humanos, a protecção dos recursos ambientais, o respeito pelos patrimónios culturais, o combate ao terrorismo são objectivos cruciais. No entanto, o mais importante objectivo é o combate à fome e a pobreza. E para este objectivo nem é preciso muito, basta uma contribuição de 0,7% do PIB dos países mais ricos, para a se conseguir a redução da pobreza mundial para metade até 2015.
Os desafios da ONU são muitos. Oxalá existam homens e estados suficiente grandes e generosos para abraçar os desafios do mundo.
António Cipriano

sábado, setembro 17, 2005

20 anos depois….tudo na mesma!

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.”

Este excerto é de um magnifico poema de Camões, que significa que tudo o mundo muda e com ele mudam as pessoas. Em Portugal porem, infelizmente isto não é verdade. Hoje estava eu a fazer zapping, quando de repente vi o Herman José de antigamente na RTP Memoria, num programa de 1985 que era o “Hermanias”, em que muitas das sátiras eram sobre a “crise” e a criticar os políticos da altura, que faziam politica atabalhoada e sem nexo que apenas retirava cada vez mais credibilidade e confiança na politica.
Este programa foi emitido originalmente à 20 anos, são muitos anos e deveria ser para recordar como o humor era nesta altura, mas a única coisa que me ocorreu foi que os políticos de agora aprenderam bem a lição com os antigos, pois fazem exactamente as mesmas asneiras.
Nunca uma critica com 20 anos foi tão actual.


António Manuel P. S. Guimarães

quinta-feira, setembro 15, 2005


A poderosa selecção Chilena

A ver um jogo da selecção Chilena, de qualificação para o mundial da Alemanha, uma coisa salta logo à vista, mais propriamente os nomes de quatro titulares da equipa, que são nossos conhecidos: Pinilla (na foto), Tello, Contreras, Rojas. São todos titulares. "Isto não pode ser boa coisa", pensei eu. Se 4 dos 11 titulares são estes... bom, para atalhar a história, digamos apenas que eles foram massacrados e goleados.

João Pedro

quarta-feira, setembro 14, 2005


Mr. Bean no Tribunal de Contas


Estreia esta quinta feira o filme “Mr. Bean no Tribunal de Contas”, do realizador José Socrates, com Guilherme de Oliveira Martins no papel principal. Com este filme, encerra-se a trilogia das aventuras de Mr. Bean iniciada com os filmes: “Mr. Bean no Ministério da Educação” e “Mr. Bean no Ministério das Finanças”, os dois do malogrado realizador António Guterres desaparecido em 2001 no pântano.

Se as duas primeiras sequelas, foram aplaudidas pela critica como exemplos maiores da comédia negra, cheias de melodrama e humor non sense conquistando mesmo o prémio do festival de Bruxelas (o déficit de Ouro); a ultima película é talvez o ex-libris da obra, onde o terror, o masoquismo, combinado com um toque artístico de azenhice, dá um tom neo-cosmopolita à trilogia.
António Cipriano

terça-feira, setembro 13, 2005

Desaparecimento


O Primeiro Ministro José Socrates, apresentou hoje uma queixa na Policia Judiciaria relativa ao desaparecimento do seu Ministro da Economia, Manuel Pinho. Segundo Socrates, a ultima vez que Manuel Pinho foi visto, foi na cerimonia de tomada de posse do governo. As conclusões preliminares da PJ apontam para que Manuel Pinho se terá perdido ou nas teias do Plano Tecnológico, ou mesmo nos supostos planos económicos de relançamento da economia, também eles desaparecidos.

António Cipriano

domingo, setembro 11, 2005


Democracia do Faraó

Realizaram-se esta semana as primeiras eleições presidenciais no Egipto, num período de vinte anos, que resultaram na eleição do Faraó Mubarak para o seu quinto mandato consecutivo. Estas, no bom espirito democrático Africano e Árabe, foram mais uma homenagem à Democracia. Como o importante é inovar, criar novos hábitos e tradições, o acto eleitoral foi marcado por alguns acontecimentos que apimentaram a democracia egípcia. Ameaças, publicidade eleitoral à boca das urnas, utilização dos transportes públicos para transporte dos eleitores do actual presidente, agressões, detenção de observadores internacionais, e compra de votos, foram algumas das salutares inovações.
Segundo foi possível apurar, Mubarak após o devido aconselhamento com Avelino Ferreira Torres, e visando como este, a sua constante preocupação com o povo, optou por distribuir às massas populares 9 USD por voto na sua candidatura bem como viagens a Meca.
António Cipriano

sábado, setembro 10, 2005


Boa noite Sócrates

Será que José Sócrates passou esta noite em S. Bento? Porque se passou deve ter tido uma noite muito “agradável”, proporcionada pelos manifestantes que passaram a noite a fazer barulho com panelas, telemóveis, despertadores, apitos e buzinas. Esta manifestação serviu para protestar contra a pobreza, numa iniciativa que tem o nome de “acordar” os governantes para a pobreza. É assim, quem não pode fazer greve manifesta-se de outras maneiras e esta acredito que Sócrates (se ficou em S. Bento) nunca mais vai esquecer!

António Manuel P. S. Guimarães

quinta-feira, setembro 08, 2005


A Múmia

Portugal vai fazer o primeiro remake da sua história, em vez de contar com os actores Brendan Frasier e Arnold Vosloo nos principais papeis, vamos ter Mário Soares a fazer o papel de múmia, um papel a que Mário Soares um ano antes havia recusado dizendo que escolhê-lo para Múmia era um "erro brutal". Pelos vistos, a sua condição mental deteriorou-se significativamente durante este ano, permitindo o natural ajuste ao papel. Caso venha a ser um sucesso de bilheteira, Soares pretende em seguida fazer uma versão portuguesa do filme de Harrison Ford, Air Force One.
PP

quarta-feira, setembro 07, 2005


Duelo ao Entardecer

Numa pradaria, de vegetação quase nula, aqui e acolá povoada por laranjeiras um pouco murchas, e ao som de um vento constante que remexe as areias e as transporta pelo ar, encontram-se dois Cowboys prontos para um duelo de morte
De um lado o Pistoleiro Marques Mendes. Apesar da sua baixa estatura, detém um bom golpe de rins, é rápido no gatilho, especialista na intriga, discípulo do Mestre Marcelo, tendo no currículo aniquilado num tiro só o lendário Santana Lopes. Desde à alguns meses é o líder do Bando Laranja.
Do outro lado, uma figura temível. O veterano Pistoleiro Valentim Loureiro, de charuto na ponta direita da boca e ao peito o seu apito dourado, amuleto da sorte, ex. major do exercito Boavisteiro, perito nas artes do desdizer e do assassínio à traição, sendo responsável por muitas conquistas do Bando Laranja. Amado pelo povo pela seu habito de compartilhar electrodomésticos, domina à muito as células mafiosas do norte, tendo mesmo escapado a diversas tentativas de ser engavetado pela justiça, fazendo mesmo sombra ao Magnifico Padrinho Pinto da Costa. De algum meses para cá tem um ódio de morte ao seu adversário, visto este ter ousado usurpar o seu território.

Quem sairá vivo do duelo? Quem atira mais rápido?

António Cipriano

segunda-feira, setembro 05, 2005

El Paralelismo

Costuma-se contar uma anedota sobre Che Guevara. Na chegada ao poder, após a revolucão, Fidel Castro organizou uma reunião com os seus principais seguidores, com o objectivo de distribuir os lugares políticos. Depois de vários lugares terem sido distribuídos, Castro precisava de um governador para o Banco Central de Cuba. Olhou para a longa mesa na sala cheia de fumo dos charutos cubanos e disse "Necessitamos de un economista" (perdoem o meu espanholês, mas é a intencão que conta). Che Guevara estava do lado oposto da longa mesa (para além de ser um bocado surdo), ao que disse imediatamente e com grande entusiasmo "Un comunista? Soy yo!".
O moral da história é simples: Che Guevara foi governador do Banco Central (ou Nacional, se preferirem) de Cuba e levou-o à falência, efectivamente arruinando ainda mais as precárias condicões económicas "herdadas" de Fulgêncio Batista. E Che Guevara era médico...
Neste momento, o Ministro da Fazenda (Ministro das Financas) do actual governo brasileiro chama-se António Palocci. A economia brasileira vai bem e recomenda-se: a inflacão está controlada, o crescimento económico é decente (claramente acima da média europeia, pelo menos), o nível de investimentos está bom e as exportacões estão estáveis. No entanto, este ministro é criticado diariamente; e não digo só pela oposicão (porque isso já seria demasiado óbvio), ele é também criticado por jornalistas, analistas políticos e praticamente todos os economistas de renome do Brasil. Já ouvi e li vários destes últimos a dizerem taxativamente "o Palocci não percebe nada de economia". E dizem-no de manhã à noite.
Basicamente, criticam que os juros estejam tão altos no Brasil. A taxa de juro foi sendo sucessivamente aumentada para controlar a inflacão. Agora que isso aconteceu, não foi reduzida. Resultado: o real valoriza-se (nomeadamente face ao dólar), o valor das exportacões é bastante menor do que poderia ser e a economia brasileira cresce uns pontos percentuais abaixo daquilo que é o seu real potencial neste momento.
E Palocci mantém-se inabalável, a defender as suas ideias. Como ele é um dos membros mais reputados deste governo Lula (tirando um pequeno escândalozito que o envolveu agora há pouco tempo; e não, não foi o mensalão, foi ainda outro), sempre pensei "deve ser um antigo académico reputado".
Ontem descobri que ele é médico...
João Pedro

domingo, setembro 04, 2005


Turcomenistão
Se vos contassem que existe uma país em que os rádios dos carros foram banidos para não corromper os espíritos; em que o baillet a opera foram proibidos para não usurparem o lugar das tradições culturais ancestrais, em que as livrarias foram encerradas sob o argumento que ninguém lê no país; em que o governo prometeu a cada cidadão uma vaca e um bezerro; onde todos os hospitais da província foram encerrados, e nos hospitais da capital as enfermeiras foram substituídos por mancebos; em que as barbas compridas foram proibidas, alegadamente para combater o terrorismo, em que o mês de janeiro deixou de se chamar janeiro para se denominar Saparmurat Niyazov, nome do amado líder, acreditariam?

Mas não é ficção. Existe!! É o Turcomenistão, presidido desde a sua independência em 1992 pelo narcisista delirante Saparmurat Niyazov, carinhosamente tratado como o “paizinho do Turcomenistão”. Em 2004, num golpe de teatro, quis sair do poder. Todavia os representantes do povo não o deixaram, porque segundo as suas palavras Saparmurat Niyazov, foi enviado por deus, sendo o espirito turcomano renascido.

António Cipriano

sexta-feira, setembro 02, 2005

Ajuda Bizarra

Quando alguém dá ajuda a quem precisa, é de louvar. Um acto de caridade meritório, para pessoas que sofrem os efeitos de uma calamidade, mas é claro que quem dá não pode dar mais do que tem. E por isso não percebo a lógica de Portugal dar 2 % da nossa reserva petrolífera, é que Portugal não produz petróleo e não me parece que esse seja um bem de que as pessoas que estão a passar por este calvário estejam realmente necessitadas. Apenas posso pensar que esta ajuda serve apenas os interesses dos E.U.A. enquanto país e que nos prejudica gravemente, porque ao contrário dos Estados Unidos nós não produzimos petróleo, ou seja, serve como imagem para “inglês ver” e esquece as pessoas que estão realmente a precisar de ajuda, aquelas que precisam de alimentos e conforto que um cobertor não dá, mas que ajuda a remediar.
Para terminar apenas peço a quem manda em nós, ao nosso governo, que deixe de gozar com os portugueses, porque esta é a ajuda mais inútil que se pode dar, especialmente quando o país em questão é um produtor de petróleo e considerado como o país mais rico do mundo. Assim esta acção que poderia ser tão meritória apenas pode ser vista como uma brincadeira de muito mau gosto e de infelicidade total.

António Manuel P. S. Guimarães

quinta-feira, setembro 01, 2005


Ancião fora de prazo
Era uma vez, um velho ancião octogenário, o qual era respeitado e admirado por todo a nação pelo seu papel de guardião dos valores da liberdade e democracia. O velho ancião tinha tido uma vida preenchida. Fora na sua juventude um combatente por ideais nobres. Lutou, sofreu, teve derrotas, alcançou conquistas. Desempenhou as maiores funções no estado, sendo primeiro ministro e presidente da nação, responsável em muito, pela integração do país no mundo moderno da construção europeia. Todos, inclusive os adversários aprenderam a respeitar, e a ouvir as suas opiniões.

Todavia o velho ancião, talvez por fruto das maleitas psicológicas da idade, e não compreendendo a verdadeira essência dos novos tempos, insistia em ter um papel activo, mesmo preponderante nos assuntos da nação. Quando já ninguém acreditava, qual velho rabugento, queria aos oitenta e um anos voltar ao poder. Enfim, acreditava na sua ilusão que o mundo era o mesmo de há vinte, trinta anos. Alguns dos mais novos, ora por pena, preferiam não contrariar o velho ancião embarcando na mesma ilusão; ora por simples conveniência , e oportunismo de quem quer manter às influências e poder custe o que custar, davam força ao sonho tardio do octogenário.
Quanto ao povo, este estava consciente que apesar do papel histórico do velho ancião, este representava somente o passado, e não o presente, muito menos o futuro.
Alguns contudo, e respeitando a velha máxima de não abandonar o mais idosos, continuavam a apoia-lo nesta sua aventura sem futuro. Todavia muitos preservavam o futuro! E sabiam que este para ser real, promissor, exige raízes sólidas, firmadas não em ilusões efémeras.
Bem o fim deste história apesar de obvio, está ainda por escrever. Esperamos somente que o povo saiba de facto escolher o futuro.
António Cipriano