quarta-feira, dezembro 28, 2005


Grito do Ipiranga

Foi lançado no dia de hoje, do cosmódromo de Baikonur no Casaquistão, o primeiro satélite do sistema de navegação Galileu. Este acontecimento só por si, representa o principio da independência Europeia face ao império, nos domínio estratégicos do posicionamento por satélite, com amplos campos de utilização civil e militar.

Graças ao Galileu, qual “guerreiro Jedi” a Europa deixa de estar sob os olhos do Big Brother, do lado negro da força do império, governado pelo tenebroso mas pouco inteligente “
Darth Bush
”.
António Cipriano

domingo, dezembro 25, 2005

Mensagem de Natal

Como Todos os ano, o Cardeal Patriarca de Lisboa emite através dos órgãos de comunicação Social, nomeadamente a RTP um Mensagem de Natal a todos os Portugueses. Este ano não foi excepção. No entanto, este ano as coisas não correram muito bem. D. José Policarpo, dirigiu aos portugueses uma mensagem com um bom conteúdo, que apelava à confiança e ao derrubar dos medos por parte de todos os portugueses. Apesar de ser um homem bastante inteligente e com experiência na área da televisão (foi responsável da TVI, nos seus tempos católicos), endereçou um discurso longo, muito longo, maçudo, muito a lembrar as mensagens de “Fidel Castro”, cheia de passagens e interpretações bíblicas pouco condizente como o mediatismo próprio da televisão. Se é certo que com o prolongar dos minutos da mensagem, a RTP foi certamente perdendo audiência, tal não justificava o seu comportamento. Depois de longos minutos de transmissão e quando já se adivinhava que o discurso do Cardeal Patriarca de Lisboa caminhava para o fim, a RTP resolveu abruptamente cancelar a emissão, deixando o cardeal a falar para o boneco!!!! Afinal a RTP já estava atrasada para a transmissão do cultural e divertido filme Stuart Little II!!!!
António Cipriano


sábado, dezembro 24, 2005

Apostar e ganhar

O site betandwin, que é um dos patrocinadores da liga portuguesa, resolveu meter a colher nas presidenciais portuguesas. Para quem não conhece, trata-se de um site de apostas; são essencialmente apostas desportivas, mas também tem algumas apostas de outros âmbitos. É aí que entram as apostas políticas: para as eleições na Suécia, para o congresso dos EUA, e também para as presidenciais portuguesas. Na realidade, houve 3 candidaturas que ameaçaram processar o site, e o mesmo resolveu terminar essa aposta (suponho que devolveram o dinheiro a quem já tinha apostado).
Mas tudo isto foi divulgado na comunicação social. Agora, o que é que me faz escrever este post? É que cada candidato tinha, segundo o site, determinada probabilidade de vitória. Cavaco em primeiro, Alegre em segundo, Soares em terceiro, Jerónimo em quarto, e Louçã em quinto. Uma aposta em Louçã iria render muito mais dinheiro do que uma igual aposta em Cavaco (desde que o bloquista conseguisse ganhar... ahahahahahah, pronto pronto, já passou), o que é bastante óbvio. Agora, o realmente esquisito/interessante/estranho/outro-adjectivo é que cada 100 euros investidos em Cavaco iriam render 120 euros, ou seja, 20 euros de ganho líquido. Como é demasiado óbvio que Cavaco vai ganhar, esta seria uma forma fácil de ganhar dinheiro. Algo me diz que os senhores da betandwin ter-se-ão apercebido disso.
Enfim, para os mais sonhadores resta sempre o euromilhões.
Feliz natal!

João Pedro

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Feliz Natal

Porque o Natal é uma comunhão e partilha de cumplicidades, desejamos a todos os nossos leitores um santo e Feliz Natal, com muitas prendas !!!!!
António Cipriano
António Guimarães
João Pedro
Paulo Pinheiro

quarta-feira, dezembro 21, 2005


Vencedor

E o Vencedor do Debate de ontem foi..................................................... a telenovela da TVI “Ninguem Como Tu” com uma audiência de 25,9 por cento e uma quota de espectadores de 67,2 por cento.
António Cipriano
Presentes de Natal

Em plena Lapónia, junto à lareira, acompanhado pelo seu fiel cão, S. Nicolau, mais conhecido por Pai Natal, vai ultimando os preparativos para o dia já próximo, da sua jornada anual. Devido ao cada vez maior numero de correspondência dos meninos e meninas deste nosso mundo, o trabalho da abertura das cartas vai-se prolongando até bem próximo do Natal.
De Portugal seguiu um saco de dimensão considerável.
- Vamos lá ver o que me pedem os Portugueses, este ano?
- Emprego, emprego, emprego, fim da crise económica, o Euromilhões, Sporting campeão. Enfim muitos e muitos desejos. Infelizmente aqui o Pai Natal, também está em contenção financeira. No Natal passado, ofereci prendas a mais, e entrei em déficit!!! Ainda para mais o preço do feno para as renas aumentou!!!!
Mas deixa lá ver o que me pediram alguns dos meninos já velhos conhecidos.
- O menino Mário Soares, quer como prenda a Presidência da Republica. Este menino é chato!!! Já lhe dei este brinquedo por duas vezes!!! È um brinquedo caro!! Este ano leva é um CD do Avô Cantigas
- Irmãos Louça e Jerónimo querem este Natal, cada um deles mais votos que o outro. O Pai Natal não gosta de guerras entre irmãos!! O menino Louça leva um Missal e o menino Jerónimo um capacete para brincar na Lisnave
- Já os meninos Alegre e Cavaco, pedem também o brinquedo da presidência. Este brinquedo esta com muita saída. O menino Cavaco tem se portado bem, talvez o leve. Mas para já aqui têm um Bolo Rei. Já o menino Alegre, anda sempre com a cabeça no ar!! A sonhar com quadrados, a brincar às dissoluções, leva este ano é um exemplar de Dom Quixote de Cervantes!!
António Cipriano

sexta-feira, dezembro 16, 2005


Tudo Bons Rapazes!

Para aqueles que me dizem que a opção do nuclear não pode ser aplicada em Portugal, aqui vai umas questões. Quantas marés negras aconteceram desde 1963? Quantas toneladas de hidrocarbonetos são despejados no mar todos os anos, seja por lavagem dos depósitos, seja por acidentes?
Infelizmente desde o acidente com o Ger-Maersk em 1963, que os acidentes se sucedem, não posso dizer quantos foram, mas posso enumerar os mais graves. Além do Ger-Maersk, temos o derrame do Alasca em 1964 que libertou 40.000 toneladas de crude, afectando 1744 Km de costa e matando cerca de 30.000 animais marinhos. O derrame do Torrey Canyon em 1967 que libertou 170.000 toneladas de petróleo e do Almoco Cadix libertando 230.000 toneladas de petróleo. Durante a Guerra do Golfo em 1991 foram libertas 600.000 toneladas de petróleo no Golfo Pérsico, isto para não referir a tragédia do petroleiro Prestige em Novembro de 2002, que levou à maior catastrofe ecológica na nossa península, pelo menos até hoje.
A segunda questão tem uma resposta mais simples, porque existem dados estatísticos que afirmam que todos os anos são largados nos oceanos 3.000.0000 toneladas de petróleo.
Pode o paciente leitor dizer, que também não aprova a utilização de petróleo e que devem ser encontradas medidas alternativas não poluentes, algo que eu concordo em absoluto, mas com pés bem assentes na terra vejo que, no nosso país pouco tem sido feito para contrariar a utilização das nossas centrais termoeléctricas, que consomem rios de petróleo. Feito um moinho aqui e ali, umas placas fotovoltaicas aqui e acolá, algo manifestamente insuficiente. Depois temos ainda que ter em conta outros factores, como o facto de geograficamente não termos um país muito propício à construção de barragens colocando essa possibilidade de parte.
Por fim temos um tratado internacional que é o tratado de Quioto, um tratado que Portugal também assinou e que nos obriga a reduzir as nossas brutais emissões de hidrocarbonetos para a atmosfera, algo que a menos que muito mude não vai ser possível. O que fará com que Portugal tenha que muito provavelmente ter que comprar créditos a outros estados para poder poluir mais do que a cota prevista. E todos sabemos que esses créditos não vão ser baratos. Dirá agora o tolerante leitor, que o nuclear é bem mais perigoso, e de facto não é mais saudável se for utilizado levianamente, tem que ser bastante vigiado para ser utilizado com segurança. Mas é o próprio tratado que não condena a utilização do urânio, devido ao facto do nuclear ser considerado mais limpo do que a utilização de hidrocarbonetos, visto que as suas emissões para a atmosfera se limitam a vapor de água, já para não falar que o urânio existe em quantidades suficientes para não se esgotar nos próximos milhares de anos. E Portugal tem uma grande reserva de urânio, uma das maiores da Europa (se não a maior), o que nos tornaria mais independentes a nível energético. Os detractores desta medida podem sempre dizer que já aconteceram acidentes graves, e é verdade temos o triste caso de Chernobyl em 1986 na actual Ucrânia, mas felizmente eu não conheço mais nenhum e penso que não existem mais, pelo menos registados, ao contrário das várias dezenas de acidentes petrolíferos. Vamos ver ainda outro ponto, nós não somos nem mais nem menos que os outros e temos o direito de usar o que temos, especialmente se é o nosso povo que beneficia deste factor. Ou será preciso continuar a ver o nosso país a flutuar ao sabor do preço do petróleo e a incapacidade do estado de promover decentemente a utilização de energias renováveis, vendendo um bonito engano que pagaremos mais tarde, quando as quotas de Quioto apertarem. Deixemos de nos armarmos em Bons Rapazes, ingénuos e autênticos passarinhos, para passarmos a ter alguma coragem e iniciativa, para que um dia não digamos como de costume que: devíamos ter feito mas… agora é tarde!

António Manuel P. S. Guimarães

Manuais Escolares

“Fórum do País”, um programa bastante interessante que dá na RTP-N, mas a horas que não permite que o “comum mortal”, possa assistir, isto porque programas que dão para lá das 2 horas da manhã, não se coadunam com o horário de trabalho das pessoas. Mas eu, que estou a entrar em férias de Natal tive o prazer de assistir. E o tema desta semana não poderia ter sido melhor, os manuais escolares e a reforma que o Ministério da Educação pretende fazer. É certo que muitas asneiras têm sido feitas por esta ministra, mas desta vez parece que decidiram fazer alguma coisa bem feita. Em primeiro lugar, é sempre bom saber que o Estado pretende aumentar o período de vigência dos manuais de 3 para 6 anos. Depois também não fere a sensibilidade de ninguém, saber que uma comissão será criada a nível ministerial para avaliar os manuais, uma comissão composta principalmente por, professores universitários, professores do ensino secundário e professores do ensino básico. É também de felicitar a intenção de fornecer manuais ás famílias carenciadas, fazendo a aproximação possível à constituição, quando esta refere o ensino “tendencialmente gratuito”. Por fim, temos que saudar a vontade de por fim às manobras promocionais de manuais pelas editoras, terminando os brindes aos professores e/ou às escolas. Neste programa estavam presentes os representantes das associações de editores, um representante das associações de pais e um secretário de estado. E foi curioso ver que as associações de editores diziam desta medida aquilo que “Maomé não disse do toucinho”. Não foram utilizados termos como fascista, mas o secretário de estado não conseguiu escapara à acusação de estalinista. Para começar, diziam as editoras, que os livros devem continuar a ser feitos de forma “livre”, que deve permanecer a concessão das editoras, de manuais de vigência de 3 anos e que estas comissões de avaliação são ridículas. Pois bem, se eu ganhasse a vida a vender e fazer manuais escolares eventualmente também não estaria muito feliz com estas medidas. Mas a verdade é que estas medidas não põem fim à liberdade, pois sim, fim à libertinagem que é um conceito bastante diferente de liberdade, põem fim também a um período de vigência ridículo, que não tem seriedade, aliás o prazo de 6 anos pode ser alterado se o manual tiver “manifesta desactualização” ou seja, a comissão que avalia o manual ANUALMENTE, pode decidir retirar ou alterar o manual em questão, mas a intenção clara desta medida é pôr fim à pratica de vender manuais num curto espaço de tempo, fazendo com que filhos com curta diferença de idade não possam utilizar o mesmo manual, isto quando a editora não revia e declarava que o manual não estava adequado e o retirava do mercado para forçar a sua substituição, o que era ilegal, mas impossível para o estado interferir, devido à falta de órgãos criados para o efeito. Obviamente a contrastar com as editoras, estava o representante da associação de país, que defendia que estas medidas já deviam ter sido adoptadas antes, e que este negocio escandaloso já devia ter terminado à muito. Lembrando bem, que a simples estratégia de marketing adiciona custos aos manuais, que são os pais que suportam. Espero que estas intenções, sejam mais do que ideais num papel e que sejam postas em prática. Porque se o nosso ensino precisa de uma reforma seria, uma das razões para ela é certamente a atitude arrogante e vergonhosa das editoras.

António Manuel P. S. Guimarães

domingo, dezembro 11, 2005


Campeonato da Competitividade Ibérica

No sentido do reforço da competitividade da industria portuguesa, foi noticiado esta semana que no inicio de 2006 a tarifa da electricidade industrial irá aumentar entre os 8% e os 16%. Mais uma vez Portugal conseguiu uma importante vitória face a Espanha onde os aumentos aos consumidores industriais se situam somente em 2% e os 3%.
Assim, facilmente se explicam as elevadas taxas de crescimento da economia portuguesa!!!!
António Cipriano

sábado, dezembro 10, 2005


Um dia Típico do Candidato Louçã

Ø 9h00 – Acordar, lavar a cara e tomar um guronzan para amortecer a troca de ideias da noite passada com Miguel Portas
Ø 10h00 – Tomar Pequeno Almoço, e aproveitar para fumar um charro com Miguel Portas
Ø 11h30 – Telefonar à filha
Ø 12h00 – Acção de campanha na Zona J
Ø 13h00 – Almoço no restaurante de esquerda Tavares Rico com Ana Drago
Ø 14h00- Acção de campanha numa clinica de Abortos
Ø 15h30 – Palestra na Universidade Técnica de Lisboa subordinada ao tema “Os sete pecados mortais do capitalismo Americano”
Ø 16h30 – pausa para relax (tempo para um charro com o Miguel Portas)
Ø 17h30 – Acção de Rua, pela centro de Lisboa com a distribuição de panfletos e vales de desconto em clinicas de Aborto
Ø 20h00 –Conferência de imprensa. Discurso incisivo, propondo a liberalização das drogas leves, da prostituição e do Aborto.
Ø 21h00 – Jantar no Bairro Alto
Ø 22h00 – Intervenção política versando o imperialismo americano, e o Cavaco opressor
Ø 23h00 – Sangria e charros com Miguel Portas
Ø 03h00 – Chegar a casa, reler o diário de Trotsky ao som de Sérgio Godinho e Mano Chao
Ø 4H00 – fazer ooooooo
António Cipriano

quinta-feira, dezembro 08, 2005


Um dia Típico do Candidato Jerónimo de Sousa

7 H00 – Acordar, vestir-se e cantar a Internacional no duche
8h00 – Pequeno almoço (café cubano e doce de Estremoz)
Ø 9h00 – Visita ao túmulo do mestre Álvaro Cunhal
Ø 10h30 – Bica na casa do Alentejo com os mineiros de Aljustrel
Ø 12h00 – Combinar com a Intersindical as greves do dia
Ø 13h00 – Almoço com a Juventude Comunista (Pescada da recém comuna Peniche, acompanhada de vinho de Borba e doces típicos da democracia da Coreia do Norte)
Ø 14h30 – Reunião com a Brigada do Reumático do Comité Central
Ø 15h30 – Pausa aproveitada para reler Manuel Tiago e cantar o Avante
Ø 16h30 – Acção de campanha na Lisnave
Ø 18h00 – Lanche com os trabalhadores da Lisnave
Ø 20h00 – Conferência de Impressa, versando a exploração dos trabalhadores por parte das grandes famílias capitalistas, e a política do quer posso e mando de direita deste governo
Ø 21h00 – Jantar comemorativo do 10º aniversario da 89º greve da Vidreira Pereira Roldão da Marinha Grande. Inclui discurso, relembrando ao proletariado as características tenebrosas e apocalípticas de Cavaco Silva
Ø 23h00 – Ritual diário do apedrejamento dos renovadores
Ø 24H00 – Reler Marx e cantar a Internacional
Ø 01h00 – Dormir e sonhar com o Alentejo Vermelho e com as grandes conquistas da URSS

António Cipriano

segunda-feira, dezembro 05, 2005


Preocupações Vãs

De facto, se existe uma coisa que nunca me incomodou no que diz respeito às escolas em Portugal, é a existência de crucifixos nas escolas. Honestamente não me incomoda a presença, como não me chateia a ausência. Muito embora eu ache que existem questões muito mais importantes a ser combatidas nas nossas escolas. Este episódio apenas serviu para eu tomar conhecimento de uma associação que defende a laicidade do estado, para reconfirmar a inutilidade do BE e ficar a pensar porque é que não existe nenhuma associação para lutar pela tão necessária qualidade do ensino em Portugal.

Como eu já disse, temos uma associação em Portugal, que eu infelizmente não sei o nome, mas que tem como mote a defesa da laicidade do estado. Foi esta organização que fez o pedido ao Ministério da Educação, para que este ordenasse a retirada dos crucifixos. Dizem estes, que o nosso estado é laico e que por isso esta presença é ilegal e pode ser considerada ofensiva. Isto é tudo muito bonito, e eu sempre achei graça a estas afirmações de posições peremptórias, porque quando vamos ver a sua prática percebemos que elas não passam de afirmações de gente com demasiado tempo livre, algo que se calhar ficava resolvido se eles passassem a trabalhar no dia de Páscoa, no dia de Natal e em todos os outros feriados religiosos. Porque se são tão categóricos no que concerne à laicidade do estado, então deveriam lutar para que estes dias passassem a ser como os outros. Depois gostava que me explicassem como é que um crucifixo pode ser ofensivo?

Depois temos o inevitável costumeiro de todas as questões imbecis em Portugal, a nossa imitação barata de Trotsky, é claro que estou a falar do Professor Doutor Francisco Louçã, que vem dizer que os “crucifixos deviam ter sido retirados das escolas logo na tarde do dia 25 de Abril de 1974”, este ataque é também curioso, porque percebemos que o BE tem ainda a ideia esquizofrénica de que a “religião é o ópio do povo”. E já agora, porque é que o senhor Louçã não aprofunda a questão ao ponto de defender que as pessoas trabalhem nos feriados em dias santos, o fim das festas dos santos populares e o fim do subsídio de Natal, porque caso o senhor professor não saiba o Natal é uma festa religiosa e por isso este subsidio recai sobre uma festa que vai contra a laicidade.

Temos estas associações mesquinhas e estes caça votos pela ignorância, que preferem atacar aquilo que pode ser polémico em vez de atacar aquilo que deveria ser de facto combatido, porque se acham que os crucifixos são o grande problema das nossas escolas, então sugiro que assistam a um mês de aulas em qualquer estabelecimento de ensino do 1º ciclo para perceberem que esse é o menor dos seus problemas.
Como eu já disse não me chateio por terem tirado os crucifixos das salas de aula, não vejo mal nenhum nisso, aliás, não acho compreensível que sejam colocados nas escolas novas. Mas fico chateado por haver pessoas em Portugal que percam tempo a preocuparem-se com questões mesquinhas em vez de se preocuparem com o que realmente pode prejudicar os seus filhos, que é a falta de qualidade e condições que temos hoje num grande número das nossas escolas do 1º ciclo. Pessoas que pretendam fazer uma “laicização à força”, num país que ainda é, profundamente católico, porque 80% é uma percentagem que ainda significa alguma coisa.
Depois deixo uma sugestão as estas pessoas, leiam algumas coisas de James Fentress, Chris Wicham, Paul Connerton e José Mattoso, para ver se compreendem a utilidade da memória colectiva, mas isso será assunto para outro post…………

António Manuel P. S. Guimarães

domingo, dezembro 04, 2005

Sistema de (In)Justiça

A coesão social de um país deriva dos laços de solidariedade construídos com base num cimento cultural agregado ao longo de séculos. Esta estrutura socio-politica assente num regime politico-constitucional, de raiz democrática implica a obrigatoriedade da assimilação constante de um conjunto de princípios omniscientes e omnipresentes. Igualdade perante a lei, respeito pelo próximo, justiça, legalidade, protecção social e liberdade física e intelectual são os princípios e valores sine quan non da estrutura celular da sociedade democrática.
Ora, o mecanismo sistémico da sociedade democrática funciona com base na lei. Em leis justas, executáveis, ao qual o estado, através de um modelo de sistema judicial garante a sua aplicabilidade. A democracia não o é verdadeiramente um sistema, sem uma Justiça independente e célere.
A Democracia portuguesa apesar de ainda jovem, tem vindo sobretudo ao longo da ultima década a evidenciar vícios e falhas, os quais têm minado a qualidade dessa mesma democracia. O sistema de justiça é o exemplo mais paradigmático.
Processos que de arrastam anos e anos nos tribunais, processos que inexplicavelmente prescrevem, “bandalheira” total no secreto de justiça, corporativismos excessivos, investigações mal conduzidas, muitas com erros grosseiros, a sucessão de casos “Fátima Felgueiras”, a greves de magistrados e juizes, são o triste retracto da Justiça nacional.
Com todo este cenário pantanoso, o vulgar cidadão olha com desconfiança e descredito para o Sistema de Justiça. Mais grave ainda, passa a existir ainda que subliminarmente a sensação colectiva de um sistema de justiça, ineficaz e injusto.

O que esta em causa não é apenas as relações sociais e a liberdade individual. Também a economia, precisa da Justiça. Muitos agentes económicos perante um negocio com algum risco de incumprimento, ou simplesmente não concretizam o negocio, ou praticam preços especulativas como medida preventiva, face às tormentas e à falta de celeridade do Sistema de Justiça.

E perante este cenário calamitoso, que em ultima analise põe em causa a própria democracia, que urge o governo proceder o quanto antes a um reforma transversal do sistema de justiça. Esta reforma não será compatível com lobbies e corporativismos. Também aqui tem de haver uma mão firme, consciente que a sociedade o exige.

A reforma do Sistema de Justiça passa por medidas como, a racionalização e redistribuição de meios, encerramento de comarcas com pouco movimento, reforma do Código do Processo Civil e do Código do Processo Penal, aligeirando e eliminando procedimentos supérfluos e anacrónicos; corrigir a reforma da acção executiva de modo a que esta seja aplicável e executável.

Ao nível das magistraturas, há a necessidade de formar mais membros e estabelecer medidas de avaliação de desempenho qualitativas e qualificativas, de modo a reduzir o tempo médio de resolução de cada processo pendente. Todo o processo de orientação e gestão de carreiras deve ficar na mão de um órgão independente como o Conselho Superior de Magistratura. O Conselho Superior de Magistratura apesar de independente e autónomo deve ser responsabilizado pelo estado da justiça. Anualmente o ministério da justiça deve definir objectivos e prioridade em termos de política de justiça, ao qual o CSM deve dar execução, sendo responsabilizado pelos resultados obtidos.

Algo tem de ser feito, sob pena do colapso do sistema e da própria democracia.

António Cipriano


quinta-feira, dezembro 01, 2005


Lutas de Comadres

Nas pequenas e esquecidas aldeias de Portugal do passado, o mexerico, a pequena grande inveja, o desdizer, o falar baixinho, as quezílias familiares, eram fenómenos geneticamente alimentados e suportados por uma mão cheia de comadres que por terem uma vida vazia e ociosa, eram as guardiãs desta triste tradição nacional.

Tristemente, a pré-campanha presidencial da esquerda tem sido o reafirmar da figura da comadre, sequiosa de mexericos. Manuel Alegre desdiz Socrates e Soares, Soares desdiz Alegre, ao qual este responde em tom crispado. Ambos se reafirmam como os herdeiros da esquerda, deixando-se levar numa luta de partilhas de uma esquerda jacobina e maçónica já defunta e ultrapassada. Com toda esta propensão para o fait-divers, o país vai sendo esquecido nos discursos e acções.

E será que o país quer na presidência uma comadre?
António Cipriano