PSD – Que Futuro?
O funcionamento eficaz do sistema democrático radica de uma equação de duas variáveis, cada uma com o seu papel e importância no objectivo central do sistema – a procura do desenvolvimento económico e social num clima de liberdades, buscando a igualdade e a justiça social. Essas variáveis são o governo e a oposição. Do governo espera-se responsabilidade, sentido de estado, credibilidade, postura reformista, estabilidade, trabalho e mais trabalho.
Mas o real funcionamento do Sistema Democrático não será efectivo sem uma oposição responsável, atenta, acutilante, de modo a chamar à atenção do governo para os seus erros, e proteger os cidadãos de excessos ou abusos de poder por parte das maiorias governativas. Obviamente que as oposições na sua heterogeneidade, representam papeis diferentes, consoante a sua natureza ideológica.
O Partido Social Democrata é uma instituição política com uma história rica, cheia de exemplos de combatividade, e de importância vital no combate pela democracia e pelo desenvolvimento do país. O PSD é o partido da luta pela democracia e da consolidação da mesma. É o Partido dos governos de Cavaco Silva, e do período pós revolução de maior estabilidade e crescimento económico. O presente, apesar de não ser o desejado, é em muito superior às expectativas de 1974. E tal é assim, o PSD teve um papel fundamental para esse sucesso.
Com os resultados eleitorais de 20 de Fevereiro, e com a enorme derrota do PSD, é o momento do partido e todos os militantes e simpatizantes reflectirem acerca dessa queda abrupta. A verdade é que o PSD, nos últimos tempos enveredou por um caminho estranho, errático, não totalmente ajustado com a sua história, o qual desaguou na derrota de 20 de Fevereiro. O PSD de um partido de estado, democrático, de centro, responsável, representante de todo o Portugal, foi progressivamente acantonando-se à direita, praticando um estratégia populista sem ideologia e sem verdadeiras causas.
Agora na posição e altura de mudar, de se reestruturar, de se libertar de um fato que não lhe serve. Deve voltar a ser o partido transversal que sempre correspondeu à ideia de partido mais português de Portugal O PSD tem de voltar a reafirmar-se com um partido ganhador, de causas, de ideias, de lutas, com sentido de estado que procure representar todo o centro e mesmo parte da esquerda mais moderada. O PSD deve ser a oposição atenta, construtiva, que caiba criticar o PS, mas também apresente projectos e ideias mobilizadoras. Não deve esquecer a economia, mas deve voltar a centrar o seu discurso não apenas no défice, nos números, mas sobretudo nas pessoas. Deve falar de desemprego, de crescimento económico, de justiça social, da educação, da saúde. Tem de ser um partido aberto a sociedade, capaz de conquistar as novas gerações
Assim é urgente uma nova liderança forte, acutilante capaz de rupturas com o passado recente, com novas caras, com uma nova atitude, apto para romper com o “amiguismo” do aparelho.
O PSD precisa de um tempo novo, que o reafirme aos olhos do país, como um partido de poder, representante de uma alternativa democrática, credível e responsável.
A bem de Portugal essa mudança irá ocorrer. O PSD apesar de consciente da necessária “travessia do deserto”, estará mais cedo do que muitos esperam, forte, pronto para os combates do futuro, procurando acima de tudo, o progresso e o desenvolvimento do país.
António Cipriano