terça-feira, junho 28, 2005


A Nomeação

Mais uma noticia de última hora descoberta pela central de noticas de "Acumplicidade", depois da nomeação de António Guterres para Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, agora foi a vez de Kofi Annan nomear Fernando Gomes, o actual administrador da GALP, para comandar os destinos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). Quanto questionado pelos jornalistas Kofi Annan justificou a escolha dizendo que, e passo a citar: “fiquei impressionado com o tamanho do tacho do Dr. Fernando Gomes”...”Com um tacho tão grande ele deve conseguir alimentar meio mundo!”.
Fernando Gomes deu entretanto uma conferência de imprensa, dizendo que estava muito feliz, e que apesas de não perceber nada do que cargo e de reconhecer que não fazia a mínima ideia de como aquilo funcionava, que isso não fazia mal nenhum e que aceitava esta tarefa sem hesitar!

António Manuel Pinto S. Guimarães
Petróleo no Vaticano

Noticia de última hora, foi descoberta uma enorme jazida de petróleo directamente debaixo do Estado do Vaticano. Minutos depois de anunicada a descoberta George W. Bush pediu uma reunião de emergência na ONU para investigarem a forma de eleição do Papa. O presidente americano declarou que o Papa não foi eleito de uma forma democrática e que por isso os Estados Unidos têm a responsabilidade de reporem a democracia no pequeno estado, e que vão avançar com ou sem o aval das Nações Unidas.

António Manuel Pinto S. Guimarães

Independência ou “Vã Glória de Mandar”

Durante anos e anos, uma série de países lutou contra a opressão que lhes era imposta pelos seus colonizadores. Um movimento que surge patrocinado primeiro pelos Japoneses logo após a Segunda Guerra Mundial, depois pelo movimento dos Não Alinhados que apadrinhou a Conferência de Bandung, com planos claros e responsáveis mas que a intervenção das duas super potências da altura estragaram, porque a sua ajuda nada mais era do que forçar o fim do domínio dos colonizadores antigos para imporem o seu próprio jugo. Durante a década de 50 aconteceram as guerras de independência na Ásia e na década de 60 foi a vez das guerras de independência em África. E depois de guerras, algumas particularmente sangrentas, como foi o caso daquelas em que Portugal esteve directamente envolvido, estes países conseguiram garantir a sua independência nacional. Algo que é um direito sagrado de todos os povos, a sua autodeterminação dentro do seu espaço de origem. Mas esta independência estava condenada à partida, porque ela não pode acontecer devido a diversos factores, que se devem a algumas ferramentas fundamentais para garantir a estabilidade. Este novos países não tinham essas ferramentas e o resultado foi catastrófico, especialmente em África, pois as antigas divisões feitas pelos europeus, não passavam de riscos feitos em cima de uma mapa e que não tinham em atenção nada que não fosse o seu próprio interesse. Logo etnias e tribos diferentes estavam dentro do mesmo espaço no mapa. Depois da independência começaram logo a surgir problemas devido aos ódios ancestrais entre tribos e etnias que tinham velhas rivalidades que tornava praticamente impossível a convivência entre elas, porque os membros de uma etnia nunca seriam de aceitar o domínio político de um membro de uma outra etnia. Assim fomos assistindo ao início das guerras que ainda hoje perduram. Mas isso foi ouro sobre azul para as potências que dominavam o mundo, porque poderiam patrocinar as forças que lhes eram mais favoráveis a troco de pilhagens maciças de recursos. Assim estes povos eram independentes na teoria, com um governo independente, oligárquico e ditatorial que beneficiava do apoio tanto da URSS como dos EUA a troco de petróleo, diamantes, ouro, etc. Resumindo ofereciam todos os recursos naturais que os seus países possuíam, a troco de armas, vivendo como príncipes enquanto os seus povos trabalhavam quase em regime de escravatura para as grandes empresas devido à mão-de-obra-quase-escrava, que permitia grandes lucros tanto para os ocidentais como para os tiranos governantes destes territórios independentes, enquanto os povos viviam e vivem ainda na miséria que não conheceram nem no tempo em que eram colónias. Surgia assim um novo conceito, o conceito do neocolonialismo. Matando para sempre as boas intenções de grandes grupos, como o Movimento dos Não Alinhados e da Conferência de Bandung. Estes povos passaram então a viver uma dependência muito mais gravosa do que antes, que iria atirar estes países para o abismo, criando um novo fosso muito profundo chamado terceiro mundo.
A independência não passou a ser mais que a troca dos dominadores e da vã glória dos naturais mandar internamente, sem nada ter a ver com as decisões económicas que são comandadas pelos neocolonizadores.
Não defendo de forma nenhuma o colonialismo e acho que a autodeterminação é um direito mais que legítimo, mas o neocolonialismo é muito mais gravoso e não trouxe beneficio nenhum a estes povos!

António Manuel Pinto S. Guimarães

segunda-feira, junho 27, 2005

Alguma transparência por entre a corrupção

O actual governo brasileiro criou um chamado "Portal da Transparência": http://www.portaldatransparencia.gov.br/
É uma ideia interessante, a de possibilitar ao cidadão comum, sem passwords nem registos, que possa ver onde o dinheiro dos seus impostos vai parar.
De qualquer forma, não deixa de ser interessante que um governo que está a ser acusado, de forma extremamente palpável, de corrupção, tente desviar as atenções com medidas deste género. Uma ideia destas é bem-vinda em qualquer país do mundo mas não apaga o resto.
João Pedro
A Manifestação da Polícia

O país vive momentos de segurança um quanto conturbados, não é novidade nenhuma, todos sabem isso. E na semana que passou foi interessante ver tantos polícias nas ruas de Lisboa. Infelizmente não estavam em serviço, estavam sim a fazer uma manifestação que acabou por fazer com que perdessem parte da razão que eles têm. Certas brincadeiras feitas forma por demais infelizes, já para não falar nas palavras de ordem que não passam de impropérios e na minha modesta opinião quando um indivíduo parte para o insulto perde automaticamente a razão. As razões desta manifestação foram claras, os polícias não querem perder alguns benefícios sociais e acham que o método aplicado para calcular a reforma é ridículo. Eu também acho ridículo, porque não podemos esperar que um polícia possa estar no activo aos 65 anos, Portugal passava a ter a polícia mais “idosa” da Europa. É uma profissão que tem especificidades que todos reconhecem e por isso deve beneficiar de um regime de excepção, como acontece no Canadá, em que cada ano de serviço conta como dois tanto para polícias, como militares e bombeiros. Outro ponto de reclamação dos polícias é o sistema de saúde de que eles beneficiam e aqui temos o único ponto em que estou em desacordo com eles, não é credível que a ex-mulher de um polícia continue a receber os benefícios como se ainda fosse casada com ele, algo que não tem explicação e que é uma excepção absurda e que lesa os interesses de todos, menos das ex-mulheres dos polícias divorciados. A manifestação pode e deve ser feita, mas sem utilizar o insulto e actos de teatro, que a fazem perder a razão, porque penso que aquela representação do polícia que morreu de ataque cardíaco quando ouviu as medidas do ministro é demasiado macabra e grave e que foi uma ideia muito infeliz.

António Manuel Pinto S. Guimarães
Greve

É um direito que todos os trabalhadores têm, um direito conquistado com muito sofrimento e luta e que é um direito que deve ser preservado e utilizado, quando necessário, com muita responsabilidade. Mas as últimas greves em Portugal têm mostrado uma faceta muito diferente, dando uma imagem bastante má deste direito e prejudicando aqueles que não deveriam ser prejudicados com a greve e inclusivamente beneficiando os que deveriam sair lesados. Um exemplo claro foi esta última greve da função pública, ora o estado não vai pagar um dia de ordenados a milhares de funcionários, poupando alguma coisa para o nosso carenciado orçamento. Mas quem deveria utilizar os serviços, a população comum, viu a sua vida prejudicada sem nada poderem fazer, por exemplo, no dia seguinte a Universidade dos Açores cobrou a multa normal a quem compra a senha de refeições do próprio dia. A outra faceta da greve é a faceta do convite à preguiça, servindo como dias de folga, sendo inclusivamente marcadas para certos dias específicos, como perto do fim de semana ou no primeiro dia útil da semana. Alguns grupos que fazem a reivindicação podem inclusivamente utilizar alguns dispositivos, para o dia de greve não ser descontado, é o caso dos artigos que podem ser utilizados pelos professores.
Agora está o caríssimo leitor a pensar que eu sou contra a greve, o que é falso, apenas estou contra a irresponsabilidade da organização de certas greves. As greves devem ser feitas mas segundo outros moldes que são permitidos, como a greve de zelo, uma forma de greve utilizada por grupos mais responsáveis, uma greve em que o funcionário está no seu local de trabalho exercendo a sua função, mas de uma forma mais displicente ou apenas não fazendo certas funções para não prejudicar os utentes, dia em que os trabalhadores teriam que receber o seu ordenado, prejudicando o empregador. Mas claros estes moldes significam trabalho e não tirar um dia de folga e isso tira toda a “graça” às greves. Permitam-me ainda esta comparação, a greve irresponsável é como a abstenção num dia de eleições enquanto a greve de zelo é como um voto em branco, nenhum conta mas têm efeitos muito diferentes especialmente no que diz respeito ao sistema democrático.

António Manuel Pinto Silvério Guimarães
A Crise do Petróleo

Estamos a assistir àquela que poderá vir a ser a maior crise de petróleo de sempre. A “barreira psicológica” dos sessenta dólares por barril já foi ultrapassada e espera-se que o preço possa chegar aos setenta dólares ainda este ano. É certo que Portugal, como país dependente ao nível energético, vai ressentir-se deste aumento de preço. Estes sinais que o aumento do preço do petróleo nos tem vindo a dar deveria servir para começarmos a pensar mais seriamente no futuro. É certo que estes aumentos se devem basicamente a questões políticas, mas devemos ter presente que o petróleo não é eterno e mais brevemente do que muitos pensam, o petróleo irá começar a escassear e depois inevitavelmente irá acabar. Certamente isto irá trazer transformações catastróficas a nível mundial, e mais catastróficas serão de acordo com a preparação de cada país para enfrentar a situação. Portugal neste aspecto está muito atrasado e o nosso país é eventualmente o país mais mal preparado da União Europeia, com a percentagem mais baixa de utilização de energias renováveis, utilizando o petróleo como se nunca fosse acabar. Estamos a viver em regime de contra relógio e quanto mais tempo passar sem que tomemos colectivamente consciência da gravidade da situação, pior será no futuro.


António Manuel Pinto Silvério Guimarães
A Viagem do Tonecas

António Guterres, o alto comissário das Nações Unidas para os refugiados, fez a semana passada, uma viagem até ao Uganda. Um país que vive uma das maiores tragédias humanas da actualidade, as oligarquias governantes têm vindo a pilhar e o país vai mergulhando cada vez mais na guerra, miséria e desespero. Mas de que serviu esta viagem? Será que depois da viagem o mundo vai despertar para o problema do Uganda? Será que depois da viagem as Nações Unidas vão prestar apoio às populações que necessitam realmente de ajuda, em vez de enviar os apoios para serem depois pilhados pelos militares? Será que depois da viagem algum problema do Uganda ficará resolvido? Várias perguntas e uma só resposta, um redondo não, a viagem não serviu para nada, António Guterres esteve de facto no Uganda, mas quantos ugandeses vão sentir algum efeito desta viagem e quantos sabiam da viagem? Onde será que Guterres esteve instalado a dormir é certo que não foi em nenhuma tenda ou barraca! Desta viagem apenas tenho uma certeza, no Uganda tudo ficará igual depois desta viagem, oligarquias reinantes iram continuar a fazer o que querem enquanto o resto do mundo nem quer saber, pelo menos até ao dia em que se descobrir petróleo.

António Manuel Pinto S. Guimarães

domingo, junho 26, 2005

Extinção

Inacreditavelmente, o ministro da Saúde Correia de Campos decretou a extinção da Comissão Nacional de Protecção contra a SIDA, sendo criando um novo instituto publico que agrega as medidas de combate a variados tipos de doenças infecto-contagiosas como a SIDA, a Hepatite, a Tuberculose, etc.
Confesso que fiquei perplexo com tal notícia. A SIDA é hoje considerada uma das pragas do século, sendo responsável anualmente por milhões de mortos em todo o mundo.
Portugal é dos países da OECE com maior taxa de contagio. A Extinção da Comissão Nacional de Protecção contra a SIDA que ao longo de tantos anos fez um bom trabalho de pedagogia, prevenção, e alerta da sociedade sobre os perigos da SIDA, pode representa aos olhos da sociedade, que a SIDA deixou de ser um problema serio.
Esta decisão representa uma desresponsabilização, um comportamento criminoso por parte do estado, esquecendo por completo os seus deveres constitucionais, cívicos e eticos, da defesa da saúde publica.
António Cipriano

Sob a Sombra dos ayatollah


O Irão país central em todas as questões geo-politicas do Médio Oriente, pela sua dimensão geográfica, influência religiosa e produtor de petróleo, foi a votos para a Presidência da Republica.
O Irão desde a revolução islâmica é um país curioso, com uma liderança bicéfala. De facto o poder encontra-se divido entre um órgão civil, a Presidência da Republica e um órgão teológico, o Conselho da Revolução presidido por um "ayatollah", constituindo assim uma teocracia semi-democratica. No entanto, na pratica, o poder do Presidente da Republica é escasso, limitando-se às questões gerais, não estratégicas. Todas as grandes temáticas, dependem do aval do Conselho da Revolução. Nos últimos anos, têm sido eleitos presidentes reformadores que pretendiam abrir o regime, concedendo mais direitos às mulheres e procurando alargar as liberdades civis. Apesar deste intuito, a oposição cerrada do ayatollah, não permitiu qualquer reforma de fundo no regime.
É neste contexto de uma crescente descrença dos eleitores, em especial dos mais jovens, pela inoperância do regime, que se realizam as eleições presidenciais. Perante o desinteresse dos mais novos, foi eleito para a presidência o ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad.

Infelizmente tal viragem para um fundamentalismo islâmico ainda mais rigoroso, representa um perigo quer para a população iraniana, mas também para o Ocidente.
Terrorismo, ausência de direitos civis, desprezo pela condição feminina, desrespeito pelos direitos humanos, e desenvolvimento de um programa nuclear sob o argumento que se destina a fins civis, num país inundado de reservas petrolíferas, será obviamente o futuro próximo do Irão, contribuindo somente para um agudizar do clima sempre tenso do Médio Oriente.
António Cipriano

sábado, junho 25, 2005

Percepção e Realidade

Todos sabemos que a percepção e a realidade são duas coisas distintas, embora muitas vezes associadas. As noticias permitem que uma pessoa tenha a percepção de um facto sem que o viva, ou seja, o indivíduo que percepciona está fora daquela realidade. Mas uma coisa é certa, as imagens que permitem essa percepção são reais e quando eu vejo roubos ou distúrbios em comboios na zona de Sintra, as pessoas estão de facto a ser roubadas e/ou agredidas. Não é credível que um subsecretário de Estado me venha dizer, na SIC Noticias, que a percepção e a realidade são coisas diferentes, pois isso eu sei, e com esta resposta fico apenas a saber, que o subsecretário de estado sabe a diferença entre estes conceitos. Mas acontece que não me interessa nada ficar a saber que este responsável sabe distinguir algumas palavras, quero saber sim é o que está a ser feito para impedir estas atitudes e isso ele não disse.
Perguntou-se ainda ao subsecretário de estado Fernando Rocha (este nome é real) se uma pessoa se deve defender ou ficar impávido e sereno como um cordeiro enquanto se é roubado, ele respondeu dizendo que: “não lhe compete dar conselhos quanto ao comportamento das pessoas”. Pois também acho, mas a pergunta também não deveria ter que ser feita, porque os impostos pagos deveriam servir para garantir a segurança das pessoas sem que elas tivessem que pensar em se defender.
Vejo depois ministros e presidentes a visitar zonas problemáticas, algo que não passa de fantasia, pois estes responsáveis visitam estes locais com batalhões de policias e guarda-costas, que impedem qualquer contacto, ficando eu sem perceber para que raio servem aquelas visitas. Termino dizendo que os responsáveis políticos nacionais têm a percepção dos problemas, mas as pessoas que pagam impostos têm a realidade presente todos os dias e muitas vezes sentem essa realidade na pele.

António Manuel Pinto Silvério Guimarães

sexta-feira, junho 24, 2005


Grito de Revolta

Matas, florestas, pinhais, eucaliptais, montado de sobreiro, e os seus consequentes ecossistemas vão desaparecendo cada vez mais a um ritmo acelerado, em virtude dos fogos florestais. Aos poucos uma das maiores riquezas do país, a sua mancha florestal vai se esvaziando.
Para além dos valores ambientais, da floresta e dos ecossistemas, os fogos florestais representam um enorme prejuízo para o país ao nível da desertificação do interior e o empobrecimento das populações e dos solos. E a quem interessa os fogos? Sinceramente acho que a ninguém!! Bem na verdade talvez não seja bem assim, existe sempre que lucre com a desgraça de terceiros, como os madeireiros, e os patos bravos do imobiliário
Confesso que estou farto de assistir às imagens televisivas dos fogos.
Mas mais do que isso, irrita-me profundamente o comportamento das autoridades que encaram os incêndios quase como uma inevitabilidade, um fenómeno já normal e trivial.
Basta de conformismo!!!! É o país que está em causa !!!!
António Cipriano

terça-feira, junho 21, 2005

Equívocos na UE

Os recentes desenvolvimentos, do Conselho Europeu de 16 e 17 de Junho, revelaram que a União Europeia atravessa uma profunda crise de identidade. Nos primórdios das comunidades Europeias, o projecto comunitário era visto como o único caminho possível para uma Europa restabelecida, forte, em paz, capaz de se afirmar como pulmão económico e potência política, no mundo que dai se adivinhava.
Efectivamente os seus pais, Robert Schuman; e Jean Monnet transmitiram para os tratados de Paris (1951) e Roma (1957), um caminho de valores, assente na solidariedade dos mais ricos com os mais pobres, ajustado primeiro, num projecto de união económica que desaguava em ultima analise, num projecto de união política. De lá para cá, muitos foram os progressos no aprofundamento do processo europeu, nomeadamente na construção de um mercado único, com total liberdade de circulação de bens, capitais e pessoas, e numa união monetária subjacente numa moeda única para a Europa. No entanto, em variados momentos os egoísmos nacionais surgiram, sendo no entanto debelados, graças a lideranças fortes como Miterrand, Kohl, o Delors .
Em 2005, já com uma moeda europeia, e com uma Europa a 25, os egoísmos nacionais prevaleceram. Efectivamente, duas derrotas marcam o momento presente. A mais grave, o desencontro dos cidadão com o projecto europeu, visível com o “não” à Constituição Europeia na França e da Holanda e o desacordo com o orçamento comunitário para a o período 2007-2013.
É certo, que a processo de construção europeia sempre foi feito um pouco nas costas dos cidadãos, claramente numa dinâmica de cima para baixo, numa atitude autista. Nunca se explicou devidamente as questões europeias às opiniões publicas. Neste sentido, num contexto de crise económica, desemprego, de crise do modelo económico da Europa, os cidadãos preferiram evidenciar o seu desassossego, ou mesmo os seus individualismos face aos grandes valores da Europa comunitária.

Os seus lideres não sabendo o que fazer, preferiram adiar o problema esperando que este se resolva sozinho. Para agravar a crise, no recente Conselho Europeu, não conseguiram chegar a um acordo para o orçamento para 2007-2013. Por estranho que pareça, o desacordo não partiu dos pequenos, por quererem mais verbas para a coesão económica e social, mas sim, dos grandes países ricos, e pelos vistos individualistas, e egoístas. Mais ainda, os pequenos, numa atitude a todos os nível superior, mostraram-se disponíveis para receber menos, e assim comatar a diferença entre a proposta da presidência do Conselho e o grupo de países intransigentes; ou seja, os pobres propuseram-se a pagar aos mais ricos. Mesmo assim não foi possível chegar a um acordo, por culpa do Reino Unido e da Holanda. O Reino Unido tradicionalmente e historicamente contra a construção europeia, não abdicou do reembolso de parte das suas contribuições para a UE, e a Holanda não abdicou de uma diminuição significativa das suas contribuições. Será que o Reino Unido e a Holanda já se esqueceram que a sua prosperidade económica ao longo das suas ultimas décadas advém da existência de um mercado único? Que as vantagens económicas são muito superior aos valores das suas contribuições? Ou seja, da UE apenas querem o mercado, esquecendo os valores da solidariedade para com os países mais pobres.

Infelizmente assim vai a União Europeia, num beco de autismos e individualismos que apenas contribuem para o assalto da China aos mercados europeus, e para a diluição do poder e influência da Europa no mundo.

António Cipriano Silva

sábado, junho 18, 2005

Recordes

Foi tornado publico esta semana mais um Recorde do Guinness. No caso o, recorde do maior numero de nomeações num período de dois meses e meio (1094 nomeações) por parte de José Socrates, ultrapassando o actual recorde de Santana Lopes. No entanto, Santana Lopes em declarações à imprensa, desvalorizou o facto, lembrando que o principal recorde governativo ainda lhe pertence (recorde histórico de 6,8% de Déficit Orçamental). Em resposta às afirmações de Santana, Socrates já prometeu trabalhar com afinco nesta competição, afiançando para este ano pelo menos alcançar os 6,2% de Déficit Orçamental.
António Cipriano

sexta-feira, junho 17, 2005

Star Wars (ou "Um post mais leve")

Por esta altura, está um contigente de americanos (e não só, e não só) a dirigir-se para os cinemas para visionar o filme Star Wars 3 pela, quem sabe, 14a vez (ou algo na vizinhanca).
Eu sou mais modesto, só o vi uma vez, há coisa de duas semanas. De qualquer forma, só agora escrevo o post porque resolvi visitar vários sites para obter outras informacões sobre o filme, sobre o futuro da saga e sobre o que os outros (sendo este "outros" necessariamente uma expressão algo vasta) acharam.
Pessoalmente, achei que foi o melhor, de longe, destes três episódios. Menos "plástico" que o primeiro, escrito de uma forma mais clara e concisa do que o segundo. Agora que acabou a sextologia (esta palavra existe?), ou a hexologia (será esta?), ou bi-trilogia (e assim?), importa olhar para o fenómeno de uma forma algo sóbria. Primeiro, os fanáticos de Star Wars já conheciam a história toda destes três filmes há anos (através do material que já tinha sido escrito) e, em particular, já conheciam todos os pequenos pormenores deste terceiro episódio há meses, através da internet. Da mesma forma, já conhecem a história dos episódios VII, VIII e IX (sim, porque uma saga lucrativa "tem" que continuar), de forma geral (já sabem onde comeca, do que trata, os seus tracos gerais e como acaba).
Sem estar necessariamente interessado em saber, fui vítima de "spoilers", pela internet, meses antes deste "Revenge of the Sith" estrear. É a internet no seu melhor.... ou então não.
Sinteticamente:
- O melhor do filme: o momento da traicão aos jedi, o climax da transformacão de Anakin Skywalker em Darth Vader;
- O menos bom: um certo exagero na actuacão do Imperador, algumas situacões forcadas (como o exílio de Yoda).
Agora sinto-me um pouquinho "geek" por ter escrito um post sobre o Star Wars 3 (até porque o filme do ano, pessoalmente, e até agora, foi o "Der Untergang", e duvido que algum o passe em 2005; é claro que gostos pessoais são gostos pessoais), mas a verdade é que sendo fã da saga nem sou dos "piores". Até tenho um amigo meu que tem um sabre de luz (e que foi caro!) debaixo da cama...
João Pedro

quarta-feira, junho 15, 2005

Justiça ou falta dela

No inicio da semana um tribunal do estado da Califórnia pronunciou-se pela absolvição de Michael Jackson dos crimes de pedófilia e rapto de crianças. Assim sendo, ficou provado que Michael Jackson apenas dormia com crianças na sua cama, somente como demonstração da sua postura humana e angelical.
Carlos Silvino (Bibi), outro injustificado e perseguido pela justiça, tal como Jackson, já pediu a realização de um tribunal de júri com a presença dos mesmos jurados.
António Cipriano

segunda-feira, junho 13, 2005

Álvaro Cunhal


Morreu hoje Álvaro Cunhal, o líder histórico do P.C.P., um homem que lutou sempre pelos seus ideais. Álvaro Cunhal lutou contra o regime, que o encarcerou e obrigou ao exílio, depois da sua fuga do forte de Peniche. Álvaro Cunhal depois de derrubada a ditadura teve um papel preponderante nos primeiros anos da Democracia, Democracia essa que ele pretendia transformar em Democracia Popular. Concordando ou recusando as teorias e ideias de Álvaro Cunhal, todos temos que concordar que ele sempre foi um homem coerente, forte e com grande caracter. Será sempre reconhecido como uma figura de destaque na história do século XX português. Aqui fica a minha curta homenagem a um grande Homem, que terminou hoje a sua luta.


António Manuel Pinto S. Guimarães

domingo, junho 12, 2005

Companheiro Vasco

General Vasco Gonçalves, antigo capitão de Abril e antigo primeiro-ministro dos II, III, IV e V Governos Provisórios ( II, III, IV e V) morreu, este sábado, aos 83 anos de idade. Vasco Gonçalves homem de fortes convicções de esquerda, foi o responsável por medidas como as nacionalizações de sectores chaves da economia como a banca e os seguros e a reforma a agraria, as quais condicionaram e degradaram em muito a estrutura competitiva portuguesa. Em ultima analise o caminho trilhado pelo camarada Vasco, visava a passagem quase imediata do país de uma ditadura salazarista ,para uma ditadura estalinista. A bem de todos o Goncalvismo foi travado a tempo.
Sem a fibra e o empenhamento de homens, como Mário Soares ou o General Ramalho Eanes, ainda hoje, todos tinham de cantar nas escolas cinzentas e ditatoriais a celebre musica, hino do “Grande defensor do Proletariado”
“Força Força Companheiro Vasco
Nos seremos a Muralha de Aço”
António Cipriano

sábado, junho 11, 2005

10 de Junho

Comemora-se actualmente nesta data o “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”. Uma data em que ouvimos falar daquilo que já fomos, mas em que ouvimos muito pouco daquilo que somos actualmente. Esta data deveria antes de mais nada servir para que cada português, onde quer que esteja, reflicta e pense. Pense sobre a actual situação em que vivemos.
Esta data surgiu porque reza a tradição que Camões morreu neste dia em 1580, curiosamente o mesmo ano em que o Portugal da aurora da idade moderna morreu e nasceu o Portugal saudoso do seu passado glorioso, sem nada fazer para o reconquistar, bastando-lhe o sonho da recordação para se sentir realizado.
Devemos aproveitar estes dias, como já disse no primeiro parágrafo, para reflectir e pensar naquilo que queremos para o nosso futuro. Metermos na cabeça que o nosso glorioso passado já lá vai e que agora temos que finalmente começar a pensar no futuro, enfim matarmos de vez o gene do sebastianismo que existe na nossa alma e que nos corrompe a vontade.


António Manuel Pinto S. Guimarães
“Constituição Europeia”

Nestes últimos dias muito se tem falado sobre o resultado dos referendos para a constituição europeia, que perdeu a aprovação por parte dos Franceses e a seguir pelos Holandeses. Muito se tem dito, ouvindo inclusivamente os arautos da desgraça a anunciarem o fim a da União Europeia, como se este referendo fosse a cura para todos os males. A única consequência a que esta recusa vai levar é o repensar da estratégia de implantar a chamada “Constituição Europeia”.
De qualquer forma ficaram visíveis alguns pontos que até então estavam ocultos, pontos fundamentais, que vieram dar luz a uma realidade que ninguém falava. Até então parecia que a crise económica apenas atingia Portugal, nós estávamos a viver uma crise que era só nossa, enquanto os nossos parceiros europeus parecia que vivam faustosamente, agora ficou demonstrado que a crise é geral, embora Portugal sofra mais devido ao seu papel dependente dentro da União. Outro ponto de onde se levantou o “Véu de Maia” foi da comprovação que afinal não são só os Portugueses que utilizam a votação em referendos para mostrar o seu desagrado em relação aos seus governantes. Porque penso que se os governos destes países estivesse contra a “Constituição Europeia”, os referendos teriam dado a vitória do sim ao tratado.
Depois não me parece sensato adiar o referendo em Portugal, pois à medida que o tempo for passando e a popularidade do governo for decrescendo, as probabilidades de haver uma derrota do tratado também em Portugal vão aumentando de uma forma directamente proporcional.
Por fim uma palavra para a posição do partido favorito dos meus posts, o B.E. que tem o seu papel inconsistente do costume, porque afinal parece que querem um referendo nesta matéria. É estranho porque desde que o Partido Socialista ganhou as eleições que os ouvi dizer que o governo devia impor outras posições com a maioria parlamentar, porque é que nesta matéria não defendem o mesmo?


António Manuel Pinto S. Guimarães

sexta-feira, junho 10, 2005

O hábito faz o monge

Nesta passada terça-feira, enquanto efectuava mais uma viagem para Lisboa, uma constante desde o passado mês de Outubro, avariou mais uma vez o autocarro, algo que já não foi a primeira, nem a segunda vez que aconteceu em tão poucos meses, um abuso para os utentes diários que viram o passe aumentar em Maio de 104,50 euros para os 120 euros! No entanto, apesar do atraso significativo, verifiquei que por ser habitual, tal ocorrência não me aborreceu um bocadinho que fosse e encarei-a como natural, continuei a ler enquanto esperávamos outro autocarro e pronto, o que tinha a fazer? Reparei também em como o meu estatuto social na hierarquia dos passageiros era do mais baixo nível, por era incapaz de estabelecer-me no contexto da conversa:
- Estas avarias acontecem sempre com a carreira das 7 horas e é sempre com Sincrano! Mas coitado ele mora lá para uma aldeia no Concelho de ...
- Pois, eu gosto muito é de Beltrano a conduzir, vai nas calmas...
- É verdade, ele conduz bem mas eu por mim gosto muito de ir com Fulano, sei que com ele, chegamos a Lisboa com dez minutos de adiante!
- Eu não gosto muito de ir com ele, às vezes faz aquelas travagens...
Daqui se vê, que eu não me consigo integrar nesta sociedade à parte, que frequenta e conhece todos os condutores de autocarros, respectivos horários, dias de folga, quantos filhos têm e possivelmente quantas vezes praticam sexo com a mulher. Enquanto isso, cumprimento apenas com uns bons dias ou boas tardes os condutores e fico à margem desta sociedade...
PP
Reflexões de natureza tropical

Estou no Brasil. Não sei durante quanto tempo, mas surgiu uma oportunidade e resolvi aproveitar. Como já aqui estou há pouco mais de um mês, resolvo agora fazer uma série de reflexões/observações a título avulso:
- Roger e Corinthians: Lembram-se do Roger, ex-Benfica? Continua com mau génio. Como não gostava do treinador do Corinthians (Passarella, entretanto demitido), resolveu falhar, de propósito, um penalti que ditou a eliminação da sua equipa da Copa do Brasil (era o desempate por grandes penalidades). Que bom rapaz;
- Portugal: É com surpresa (boa surpresa, neste caso) que noto que o português é muito bem recebido no Brasil. Aquela velha imagem do Portugal rural, da "terrinha", vai cedendo lugar a uma imagem de um país dinâmico e na vanguarda da europa. Espero que não vejam o défice orçamental de 6,8% que a dupla Manuela Ferreira Leite/Bagão Félix deixaram. Mas pronto, Portugal aparece muito nas televisões brasileiras e o sotaque é bem recebido;
- Lula: se não fosse a enorme popularidade que este senhor goza, já o governo dele teria caído há muito. Uma política económica inusitada (usa-se e abusa-se da manipulação das taxas de juro, em detrimento de outras opções de política orçamental e monetária) e um escândalo que estalou há coisa de uma semana, envolvendo pagamentos de mensalidades a deputados de outros partidos, para que votem favoravelmente as propostas do governo. É o escândalo do "mensalão", como lhe chamam. E o Lula já chorou e, com toda a probabilidade, irá ganhar as eleições do próximo ano;
- O filho do Pelé foi preso, por alegado envolvimento com tráfico de drogas. O pai dele é um dos homens mais ricos do Brasil, para que é que ele precisa disso, mesmo?
- Está muito calor. E é Outono;
- Os brasileiros (ou melhor dizendo, as brasileiras) são autenticamente malucos por operações plásticas. Não há adolescente que não queira uma. Os cirurgiões plásticos agradecem, obviamente;
- Nos canais nacionais (esquecendo os da tv por cabo, portanto), existe o irritante hábito de dobrar ("dublar", dizem eles) tudo quanto é filme e série estrangeira. I-r-r-i-t-a-n-t-e;
- Para quem acha que, em Portugal, a maioria da população não gosta de George Bush, precisa então de vir até cá. Brasileiro odeia Bush, parece quase que é lei nacional;
- Junho é mês de "festas juninas", amanhã vou a uma e no Sábado a outra;
- A roupa aqui, para o bolso português, é extremamente barata;
- Jô Soares, Robinho e Deus... acho que são as "personalidades" mais importantes, para o Brasil, neste momento.
Vou-me lembrando de mais coisas.

João Pedro

terça-feira, junho 07, 2005

História demasiado Real

Por volta das seis e meia da tarde, Mariana deixa a fabrica, tal qual, muitas tardes de muitos anos. Mas hoje é diferente. Era a ultima vez que completava esta rotina de 33 anos, por virtude da deslocalização da sua fabrica de cerâmica para o Camboja. Dizem que a culpa é de uma tal de “globalização” e de um tal “capitalismo selvagem”, segundo palavras do delegado sindical. Mariana, não sabia ao certo de quem era a culpa. Sabia sim que agora aos 53 anos, estava desempregada, com dois filhos um deles na faculdade, abandonada à sua sorte. Foi este o prémio da sua dedicação à empresa durante 33 anos.
53 anos, sentia-os hoje como nunca, pois a dita sociedade encarregava-se de lhe dizer que já era velha demais para um real nova oportunidade.
Hoje na hora da despedida, seu coração é corrido por um misto de nostalgia, pelas amizades e bons momentos que viveu naquele edifício, e um sentimento de desassossego num futuro que apesar de incerto, conturbado, insiste em querer viver.
E agora Mariana como vai ser?

António Cipriano

domingo, junho 05, 2005

Brincalhões

A Comunicação Social é mesmo maldosa!!! Esta semana alguns órgãos de comunicação veicularam a noticia que um governante de um país da União Europeia por ter desempenhado funções num Banco Central durante somente seis anos, teria direito a uma pensão vitalícia de 8000 Euros, a qual poderia acumular com o vencimento de governante. Com estas mentiras quer a que a comunicação social ser credível? Se ainda fosse em África? Agora na Europa? Alguma vez isso seria possível? Qualquer dia, os jornalistas até inventam que o Fernando Gomes vai para a Administração da GALP !!! No fundo estes jornalistas são uns brincalhões!!!!
António Cipriano

quinta-feira, junho 02, 2005

Diferentes Perspectivas

Se repararem bem, António Guterres e Durão Barroso tem percursos bem semelhantes, fazendo de ambos irmãos das desgraças e dos sucessos.
Ambos foram primeiros ministros, ambos fugiram da governação, ambos foram protagonistas do pântano político e da recessão económica, e ambos foram nomeados para lugares de topo na cena internacional.
Não deixa de ser estranho que políticos que aos olhos dos portugueses foram maus governantes, e maus gestores das finanças e coisas publicas, sejam nomeados internacionalmente para lugares de responsabilidade e de gestão de elevados fundos financeiros. Será que a comunidade internacional nunca leu os jornais nacionais? Ou será pelo contrário, que ambos foram excelentes governantes, e o país por soberba e sobranceirismo intelectual não se deu conta disto ?

António Cipriano

quarta-feira, junho 01, 2005

Olha que dois

Fernando Gomes, antigo presidente da câmara do Porto, antigo ministro das administração interna demitido por justa causa, actual criado de Pinto da Costa, conhecido pela sua incompetência genética para o que quer que seja, foi nomeado administrador da Galp, usufruindo de um vencimento de 15.000 Euros mensais, quando nem o rendimento mínimo garantido merecia.

Nuno Cardoso, antigo presidente da câmara do Porto, indivíduo alvo de suspeita por corrupção, e favorecimentos urbanísticos ilegais a clubes e empresas, pela policia Judicia, foi nomeado administrador da empresa publica Aguas de Portugal.
Ainda agora começou a governação e já temos os velhos tiques socialistas.

António Cipriano