O Melhor Português!
Está aberta a eleição na RTP, para decidir qual é o português mais importante de sempre. Este jogo é engraçado, porque além de ser uma brincadeira, permite tirar algumas ilações sobre o pensamento da sociedade portuguesa e sobre algumas personagens da nossa história. Permite além disso tirar algumas conclusões sobre alguns pseudo pensadores em Portugal.
Uma das questões lançadas que tem vindo a causar mais escândalo, nesses pseudo pensadores é o facto de Salazar fazer parte da proposta aberta da RTP. Segundo alguns é um escândalo, um erro, uma abominação. “Se esse homem for o mais votado então deve-se repensar a sociedade portuguesa”, estas foram as declarações de Joana Amaral Dias, a carinha laroca da política nacional, dizendo ela ainda que “Salazar foi o ditador que deixou o país num estado miserável". Honestamente nenhuma destas declarações infelizes, cheias de meias verdades, me surpreende, não só por denotar uma valente dose de ignorância, mas também por outros motivos, se não vejamos, Joana Amaral Dias é militante de um partido que gosta de se mostrar como anti-salazarista e anti-direita, quando ao fim e ao cabo é um partido que defende ditadura ou seja, o mesmo que os outros mas com outro “cheiro”. Outro “cheiro” pois é um partido que defende a ditadura do proletariado, do mesmo modo que aqueles países chamados Republicas Populares e Republicas Democráticas, que de democracia e popular nada têm, porque têm sempre um líder que se julga um semi-deus e pai, que considera todo o seu povo inculto e que têm que ser levados como ovelhinhas ignorantes. Eleições não são necessárias porque já se atingiu a perfeição e certamente as pessoas não irão votar contra. E dentro deste quadro, o mundo já nos deu carismáticos democratas e amantes da liberdade, homens como Lenine, Estaline, Khrushchev, Brezhnev, Andropov, Chernenko, Fidel Castro, Kim Il Sung, Kim Jong Il, Pol Pot, Mao Tsé-Tung, Ceausescu, José Eduardo dos Santos, entre outros.
Eu não me acho um iluminado pela razão suprema, até porque eu tirei a minha licenciatura numa humilde universidade estatal portuguesa, ao contrário de Joana Amaral Dias que foi tirar o seu curso aos Estados Unidos, país que aliás, tem o líder do seu partido como membro da sua mais prestigiada associação de economistas. Curiosamente os membros do BE têm uma aversão monstra aos EUA, mas a avaliar pelos seus líderes deve ser só aos dias de semana, porque no fim-de-semana devem gostar, quando vão a Nova York fazer compras. Isto é ponta do iceberg que demonstra bem o que são os lideres do BE, uma cambada de meninos “bem”, “betos”, que se revoltaram contra os seus paizinhos, muitos deles ocupavam bons cargos dentro do regime, lembrando que o pai de Francisco Louça podia ter levado o 25 de Abril para a guerra civil, não tivesse ele sido impedido pelos seus marinheiros e pela peça de artilharia instalada no Cristo Rei. Meninos que são adolescentes irreverentes, que acham giro brincar à política do lado do comunismo irreverente. Burgueses que lutam contra a burguesia, ricos comunistas que lutam contra a pobreza e desigualdade com roupas de marca, mas atenção eles não usam gravata . Defendem a liberalização das drogas leves, para se favorecerem visto que nada mais irreverente que fumar marijuana, e melhorar as condições de vida dos pobres traficantes, que teriam carta branca para envenenar a juventude portuguesa. Democratas absolutistas, assim bem ao estilo de Vasco Gonçalves “não há segunda via, ou se está pela revolução, ou se está contra a revolução”. Quando alguém se lhes opõem, não ouvem as razões dos outros, mas “democraticamente” partem para o insulto e viram as costas como qualquer menino mimado e mal educado, nem que a pessoa a quem viram as costas seja um octogenário e se chame José Hermano Saraiva. Isto porque os argumentos deles são perfeitos, impossíveis de contestar e é inconcebível que algum ser humano não veja que eles são brilhantes. Conseguem congregar à sua volta alguns “livre pensadores”, sonhadores bem intencionados, idealistas, e muitas minorias, que não vêem que para o BE são meros instrumentos e que se um dia o BE vencesse, o sonho tornar-se-ia pesadelo, especialmente para os “livre pensadores”.
É certo que Salazar era um ditador cruel e a sua lição não deve ser esquecida para que não se repita, todos nós devemos ter isso sempre presente. Mas Salazar também não deve ser visto como o BE e o PCP o pintam. Estes gostam de mostrar o Salazar pós-1948. O velho cinzento sedimentado, que conduz “cantando e rindo” o país para a estagnação e consequente atraso, este Salazar existiu de facto. Curiosamente nunca falam no desconfortável Salazar do pré-1948, “esquecem-se” sempre desse homem, que num período de instabilidade mundial consegue estabilidade para Portugal, que faz o país não participar activamente na II Grande Guerra, que dá o primeiro super havit a Portugal. Aquele homem que tinha uma PVDE que tinha pouco trabalho porque os portugueses desconfiavam da esquerda, porque até 48 estes eram ideologicamente fracos e muitos ainda se lembravam de 46 governos entre 1910 e 1926. Pois é, este também existiu, mas para falar deste deve-se sussurrar.
Salazar nunca faria parte do meu voto para melhor português, esse voto foi para outro ditador que hoje é visto como um grande homem e o melhor Rei de Portugal, o meu voto foi portanto para D. João II. Estive em dúvida entre ele e outro grande homem e ditador, um tal de Sebastião José de Carvalho e Melo, mas para mim, D João II mostra uma vontade e um crer em Portugal maior que o Conde de Oeiras e por isso foi o meu eleito.
Mas de longe Salazar também não receberia o meu voto para pior português, para esse papel votaria nos desonestos que no 25 de Abril pretendiam desvirtuar a liberdade trocando uma ditadura por outra. Poderia também votar nestes desonestos de hoje, que vestem a pele de um cordeiro democrático para tentar, qual lobo ditatorial, impor uma ditadura que um PREC e um COPCON, não conseguiram e querem isto só porque são adolescentes irreverentes de 40 e tal anos.
António Manuel Guimarães