França
Durante séculos a França foi envolta de uma aura de luz, conhecimento e cultura. A França enquanto nação tem um papel iniludível na história. A França do século das luzes, do republicanismo, do ideário da revolução francesa de 1789, “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, da Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão, dos grandes escritores, é bem a prova da importância desta nação, no concerto dos povos.
Contudo, há muito que a França, perdeu a aura de potencia modernizadora das sociedades. Todavia, a França e os franceses não perderam o orgulho e o nacionalismo, de quem ainda se vê como centro de um mundo que já não existe.
Se olharmos com atenção para a história, a decadência da França é evidente. Após o período de ouro do século XVIII, o percurso da França tem sido marcado por sucessivas derrotas. As guerras napoleónicas, apesar das batalhas heróicas, retumbaram numa imensa derrota, que ressuscitou a monarquia dos Borbons. Segue-se a guerra Franco-Prussiana de 1870, em que Bismark humilha a França. Excepção neste percurso de derrotas, somente a 1º guerra mundial, apesar de se tratar de uma vitória bem pequenina. Na segunda Guerra mundial, é ocupada, dilacerada, e humilhada pelos alemães. Por fim, vieram as guerras coloniais da Indochina e da Argélia, também estas, com finais penosos.
Com D´Gaulle, e o nacionalismo gaulês e a integração europeia, houve a tentativa de reafirmação do orgulho francês, que descambou no Maio de 68.
Como ultima derrota, o fim do predomínio da cultura e da língua francesa no mundo
Hoje, ano de 2006 a França é uma nação complexada, complexa, dilacerada por conflitos sociais, com uma estrutura económica rígida, sob um pano de um orgulho nacional um tanto autista. Agravado por uma má integração dos imigrantes, subjacente numa discriminação não assumida, em guetos suburbanos e desemprego estrutural.
Para completar o ramalhete, uma classe politica de baixa qualidade. Um Presidente, ultrapassado e patético, um governo com dois primeiros ministros em constante luta, e uma oposição de esquerda envolvida em lutas fratricidas sem um líder carismático.
O cenário da França não é risonho, ainda mais, quando se advinha como presidente o execrável Sarkozy.
Podem pensar que tenho algo contra a França. Nada mais errado. Espero que a França, como grande nação que é, se renove. Ainda mais, quando o futuro da União Europeia não dispensa uma França forte e competitiva.
António Cipriano