Quanto mais eu penso sobre o meu país, mais triste fico. Fico triste ao ver o rumo que as coisas levam em todos os aspectos em Portugal. É uma "evolução" só porque o tempo avança, porque a brutalidade atinge níveis estranhos. Todos se tentam atropelar, matar, roubar e defendem quem não tem razão só para terem direito aos seus quinze minutos de fama.
A notícia que tem feito as delicias de milhões nos últimos tempos é um bom exemplo disso mesmo. É a história de um Sargento e sua mulher que recolheram uma menina que os pais recusaram. Um casal que tratou dessa criança com o amor que só os pais sabem dar. De súbito o malvado pai biológico decide, num gesto de mesquinhes, reclamar a criança. O pobre casal que adoptou a criança luta pela custódia da menina, mas a justiça podre do nosso Portugal resolve, dar a criança, num gesto de incompetência, ao malvado Pai. E esta é a notícia das televisões, revistas, jornais, blogues e de todo o que fala. Levantam-se ondas de indignação, formam-se grupos de cidadãos, tudo a clamar pelo sangue do pai biológico.
É curioso como ninguém tenta saber mais do caso, ninguém usa os meios que tem a sua disposição e parar para pensar, ao fim e ao cabo, fugir da desinformação e ir junto dos meios ao seu dispor para saber como tudo aconteceu efectivamente, é mais fácil atirar logo pedras. E que tál ir até http://www.verbojuridico.net/jurisp/1instancia/circulotomar_sequestromenor.pdf, para ler o acórdão, ou seja, o processo e o que está provado. E assim ficavam a saber muitas coisas que os nossos meios de comunicação não querem contar. Ficavam talvez a saber que o pai biológico assim que soube que era pai, assumiu logo a paternidade, que lhe foi dada pelo tribunal em 13 de Julho de 2004, quando a menina tinha dois anos. Que o pai biologico tentou reaver a menina falando com os pais adoptivos, que fugiram sempre, mudando de residência durante dois anos e muito, desprezando o pai biológico que não teve outro meio senão levantar um processo para reaver a sua filha. Que o tribunal ordenou que a menina fosse entregue ao pai biológico e que o sargento sabendo da ordem do tribunal não ligou, não dando a menina, mesmo sabendo que incorria em crime. Ficavam a saber que quando o sargento se viu na eminência de ser preso, deixou que a sua mulher fugisse com a criança, ou seja, mesmo detido o sargento não entregou a menina ao pai. Assim o pai, que por sinal se chama Baltazar e sim importa saber o nome, porque para a comunicação social é o frio “PAI BIOLOGICO”, continua sem conhecer a filha.
Lendo o acórdão os papeis invertem-se em relação aquilo que a comunicação social diz. E assim não há outra solução senão aumentar a minha tristeza. Porque Portugal é cada vez um pais “moderno”, até já tem meios de comunicação como todos os países desenvolvidos, que prefere torcer os factos para vender mais. Interessa mais as audiências do que a realidade, essa infelizmente não interessa nada, a realidade são apenas “pormenores” que atrapalham.
E no meio desta história triste, quem vai viver com tudo isto será uma menina, que nem o seu nome sabe. Ela é que sofrerá mais no meio de tudo isto.
António Manuel Guimarães
A notícia que tem feito as delicias de milhões nos últimos tempos é um bom exemplo disso mesmo. É a história de um Sargento e sua mulher que recolheram uma menina que os pais recusaram. Um casal que tratou dessa criança com o amor que só os pais sabem dar. De súbito o malvado pai biológico decide, num gesto de mesquinhes, reclamar a criança. O pobre casal que adoptou a criança luta pela custódia da menina, mas a justiça podre do nosso Portugal resolve, dar a criança, num gesto de incompetência, ao malvado Pai. E esta é a notícia das televisões, revistas, jornais, blogues e de todo o que fala. Levantam-se ondas de indignação, formam-se grupos de cidadãos, tudo a clamar pelo sangue do pai biológico.
É curioso como ninguém tenta saber mais do caso, ninguém usa os meios que tem a sua disposição e parar para pensar, ao fim e ao cabo, fugir da desinformação e ir junto dos meios ao seu dispor para saber como tudo aconteceu efectivamente, é mais fácil atirar logo pedras. E que tál ir até http://www.verbojuridico.net/jurisp/1instancia/circulotomar_sequestromenor.pdf, para ler o acórdão, ou seja, o processo e o que está provado. E assim ficavam a saber muitas coisas que os nossos meios de comunicação não querem contar. Ficavam talvez a saber que o pai biológico assim que soube que era pai, assumiu logo a paternidade, que lhe foi dada pelo tribunal em 13 de Julho de 2004, quando a menina tinha dois anos. Que o pai biologico tentou reaver a menina falando com os pais adoptivos, que fugiram sempre, mudando de residência durante dois anos e muito, desprezando o pai biológico que não teve outro meio senão levantar um processo para reaver a sua filha. Que o tribunal ordenou que a menina fosse entregue ao pai biológico e que o sargento sabendo da ordem do tribunal não ligou, não dando a menina, mesmo sabendo que incorria em crime. Ficavam a saber que quando o sargento se viu na eminência de ser preso, deixou que a sua mulher fugisse com a criança, ou seja, mesmo detido o sargento não entregou a menina ao pai. Assim o pai, que por sinal se chama Baltazar e sim importa saber o nome, porque para a comunicação social é o frio “PAI BIOLOGICO”, continua sem conhecer a filha.
Lendo o acórdão os papeis invertem-se em relação aquilo que a comunicação social diz. E assim não há outra solução senão aumentar a minha tristeza. Porque Portugal é cada vez um pais “moderno”, até já tem meios de comunicação como todos os países desenvolvidos, que prefere torcer os factos para vender mais. Interessa mais as audiências do que a realidade, essa infelizmente não interessa nada, a realidade são apenas “pormenores” que atrapalham.
E no meio desta história triste, quem vai viver com tudo isto será uma menina, que nem o seu nome sabe. Ela é que sofrerá mais no meio de tudo isto.
António Manuel Guimarães