Prós e Contras
Ontem (segunda-feira dia 17) foi dia de Prós e Contras na RTP. O tema foi a educação e as mudanças neste novo ano lectivo e a convidada de honra foi a Ministra da Educação, a Professora Doutora Maria de Lurdes Rodrigues, conhecida no meio da educação como a sinistra.
Confesso que a expectativa era baixa: não esperava que ela conseguisse mostrar alguma coisa de positivo. Desde logo, estava pronto para a actuação fraca da ministra e não tive que esperar muito para ela mostrar que as minhas expectativas não estavam erradas.
O programa começou com imagens do início deste ano lectivo, aquelas que todos vemos na TV, em que Sócrates e a Ministra entregam portáteis nas escolas, aqueles que custam €150 mas que feitas as contas reais fora de publicidade, nunca ficam por menos de €780 para professores, isto porque além dos €150 da propaganda, exigem uma fidelização de 36 meses em que se paga €17.50. Mais um caso de publicidade do governo, para variar enganosa, mas adiante. Depois mostrou discursos bonitos e momentos de início da aula, tudo em escolas bem bonitas, aquelas escolas modelo, suponho que não estivessem nem em Caxias, nem na Amadora ou em Rabo de Peixe, mas enfim…
Depois destas imagens cor-de-rosa a ministra começou o seu discurso, afirmando que se devia “celebrar o sucesso”, falando ela da diminuição do insucesso escolar, do aumento das entradas nas universidades e da palhaçada dos computadores. Ora isto depois das imagens e dito assim, até parece que há algo a celebrar. Porém ninguém lembrou alguns pormenores à Ministra, primeiro que a baixa na taxa de retenções se deve ao facilitismo que tem vindo a crescer, sabendo todos os docentes, quais as normas que o ministério impõe para a realização de testes. Acresce que todos sabemos o que aconteceu este ano no acesso ao ensino superior, aquela história dos testes para maiores de 23 anos, que tenham no mínimo o 3º ciclo completo, e que fazem estes testes entretanto os melhores destes entram para as vagas pré-destinadas que são organizadas pelas universidades. Uma benesse para as universidades que vão receber mais dinheiro de propinas e tapam as incómodas vagas, mas péssimo para quem entra, que muito provavelmente se encontrará desamparado. A longo prazo prevê-se que o ensino superior tenha de baixar a exigência para ter taxas de aprovação aceitáveis. Ou seja mais facilitismo.
O programa lá foi continuando e a certa altura a ministra largou uma bandeira dos socialistas, “existem professores a mais”. Ora grande parte das turmas tem uma média de 25 alunos, quando o recomendável seria nunca mais de 20 e o óptimo rondar os 15 alunos por turma. Saibam os leitores que caso esta volumetria fosse aplicada havia défice de professores. Mesmo se as turmas tivessem 20 alunos, diminuiria em milhares os desempregados, melhorando certamente a qualidade do ensino.
Entretanto no programa tivemos ainda tempo para ouvir umas coisas sobre os cursos profissionalizantes. Afirma a ministra que até agora os alunos destes cursos estavam condenados a guetos, mas que isso tinha mudado. Alguém lembre à sinistra que tanto quanto sei os Profij ainda não acabaram. Os profij são grosso modo cursos profissionalizantes que começam no segundo ciclo e vão até ao fim do terceiro ciclo. São integrados por alunos com dificuldades de aprendizagem, num sistema que subsiste com muita boa vontade de professores, mas que por muito boa vontade que exista é normalmente o primeiro passo antes dos alunos abandonarem a escola. Mas lembro ainda a Ministra que os cursos profissionalizantes de que fala com tanto apreço, foram destruídos pelos socialistas em 1995 fazendo uma reforma que levou milhares ao desastre. Eu recordo-me de colegas que tinham informática profissionalizante: numa turma de 24-26 alunos, 2 terminaram o 12ªano e nenhum seguiu o ensino superior.
Enfim, a ministra, sem surpresas, esteve mal, mostrando que daqui a uns anos vamos levar de frente com as consequências deste modelo de educação. Aí espero que os socialistas não sacudam, como é seu hábito, a água do capote e façam melhor do que a ministra, a responder no prós e contras a uma critica, que passo a citar: “nada a dizer”.
António Manuel Guimarães