3 anos de Sócrates
Na semana que passou o governo PS decidiu fazer um balanço sobre os 3 anos de governação. Entre momentos de apoteose, grandes aplausos e discursos, tudo parecia cor-de-rosa. Sócrates parecia que era o salvador da pátria. Um belo momento de propaganda como é normal nestes momentos.
Mas qual a verdade para os portugueses, para além dos cegos que torcem por um partido como se de um clube se tratasse? A verdade é simples, 3 anos de reformas, que na maioria dos casos recaíram sobre os bolsos dos portugueses. Aumentos tanto nos impostos directos, como nos impostos indirectos. Na grande maioria os portugueses perderam poder de compra e viram alguns dos direitos adquiridos a serem retirados, com a desculpa da “mudança das circunstâncias”
Este é o governo das avaliações, tudo tem que ser avaliado, não importa os critérios, por mais ridículos que sejam, importa é avaliar para emagrecer o estado. Infelizmente o governo não é avaliado todos os anos como o resto, mas sim apenas de quatro em quatro anos, senão já teria um processo disciplinar por excesso de avaliações negativas.
Na saúde o governo desde cedo fechou várias maternidades, por estarem em zonas em “que não compensa”, como se fosse possível fazer esta apreciação quando se trata da saúde de pessoas, mandou treinar bombeiros para assistirem a partos e as pessoas que vivem perto da fronteira podem ter os seus filhos em Espanha, por ser mais barato (é sempre mais barato comer na casa do vizinho). Dentro da mesma lógica de avareza salazarenta fechou também várias urgências. E desde cedo se viu o resultado desta medida, mais pessoas a falecerem a caminho do hospital, recordo o caso que se passou à dois anos em que um homem demorou seis horas a chegar ao hospital, acabando por falecer. Mesmo agora somos bombardeados diariamente com novos casos de pessoas que continuam a morrer devido à inoperância e ineficácia dos serviços de emergência que estão completamente desorganizados devido ao último modelo de organização feita por este governo.
Ministros que largam algaraviadas da pior espécie e recordo pérolas como “na margem sul jamais” frase que passou em todas os canais de televisão mas que agora Mário Lino diz que nunca disse. Curiosamente o Aeroporto mudou de lugar, fica onde antes se dizia jamais, mas o ministro do jamais infelizmente permanece. Da mesma forma mantém-se uma ministra que afirmava que este ano era de celebração devido ao aumento de alunos nas universidades e diminuição do insucesso, areia para os olhos de todos os que não sabem do que se tratou o programa novas oportunidades, em que a excelência das nossas universidades foi mais uma vez vilipendiada pela necessidade de aumentar os seus alunos para receber dinheiro de propinas, não importa se sabem diferenciar um algarismo de uma letra, importa é que é pagante. Isto aliado a sistemas com avaliação por competências acaba por levar a um total facilitísmo para fazer com que todos transitem de ano, daqui a uns anos pagamos a factura quando tivermos uma população considerável de “disléxicos adquiridos”.
Vimos a ser aplicado um novo código penal, que fez com que um número substancial de pessoas saíssem das prisões e poucos meses depois o aumento da criminalidade disparou. Coincidência? Não creio! Mais criminosos nas ruas e o jugo social cada vez mais pesado, tirem as vossas ilações.
A nível externo o governo fez um bom trabalho e dignificou o pais durante a presidência de Portugal da EU com a assinatura do Tratado Europeu, faz lembrar um rei que no exterior tinha prestígio, mas cá dentro…apenas digamos que foi assassinado e o povo não fez luto sequer. Sócrates no meio da sua hipocrisia mostrou números que mostravam que Portugal estava a melhorar isto para UE ver. Números hipócritas que mostravam a realidade em algarismos, esquecendo que os números são pessoas de carne e osso que vêm os preços dos bens de primeira necessidade a aumentar e os aumentos dos ordenados congelados.
Nestes três anos vimos um governo sempre com o mesmo discurso no parlamento, a culpa é sempre dos outros, ou seja, em três anos de sofrimento e de reformas selvagens ainda não se sentem melhorias, mais, cheiram a promessas falhadas, como aquela dos 150.000 empregos. A culpa, essa, é sempre do PSD/CDS, este governo é como aquele menino que dá um carolo no outro e quando se ralha com ele nunca tem culpa. E tem piada que nunca se lembram que Guterres governou 7 anos e que segundo o próprio, o país neste período tornou-se num pântano.
Em suma, três anos em que os portugueses perderam poder de compra e viram direitos sociais a desaparecerem, viram o desemprego aumentar (alguém se lembra dos 150.000 empregos?), mentiras sem justificações válidas, manifestações com um controlo prévio da polícia e um engenheiro técnico arrogante com tiques estranhos que nos fazem recordar um passado nada feliz.
O PS que festeje, porque só eles mesmos é que conseguem festejar perante este cenário, só eles no meio do seu autismo conseguem ver melhoras, mas o resto do país sabe que melhoras com este governo jamais.
António Manuel Guimarães