Presidenciais IMais uma vez o Presidente da República em exercício é reeleito, Cavaco Silva venceu em toda a linha umas eleições que foram, muito provavelmente, as eleições mais estranhas em Portugal desde o 25 de Abril.
Mas falemos dos resultados eleitorais, como já disse no início Cavaco venceu em toda a linha, na campanha começou com o seu estilo habitual de “professor calmo”, mas quando se fartou dos ataques feitos por vários candidatos passou a “professor autoritário” mais agressivo, mas sem perder as estribeiras, percebeu que colar Alegre ao governo era uma boa estratégia e depois sabendo que a tradição estava do seu lado geriu a situação e venceu. Não teve um discurso feliz, mas sinceramente quem não sente não é filho de boa gente e certamente não seria fácil ser “bondoso” perante alguns ataques pessoais desmedidos de que foi alvo por parte de alguns candidatos.
Alegre, grande derrotado, também em toda a linha, primeiro derrotado porque perdeu por não conseguir levar a eleição para a segunda volta, depois porque foi abandonado por aqueles que o “apoiaram” e tão claro que foi quando os líderes dos partidos que o “apoiavam” se iam demarcando da derrota dizendo que foi uma campanha unipessoal e depois se duvidas haviam então bastou assistir ao discurso da derrota, um Alegre triste, abatido e só. Sinceramente apoiado só foi pelo B.E. e talvez por isso o seu discurso tenha sido a tristeza que foi, ataques infelizes, tiques de revolucionário abrilesco, agressividade ao estilo improvável de Basílio Horta em 1991. Do lado do seu partido só viu o apoio de ministros com a classe e estilo de Augusto Santos Silva, que apenas serviu para perder votos. Claro que nesta eleição foi evidente que uma união B.E./P.S. é erro estratégico que apenas pode levar à perda de votos.
Fernando Nobre, o derrotado vencedor, fez uma campanha bastante boa, começou com um discurso pouco coerente, muito agarrado a imagem do bondoso médico da AMI, na segunda semana o homem mudou, não usou ataques pessoais, apresentou algumas ideias que embora não aplicáveis enquanto presidente mas que o apresentavam como um idealista, ficou em terceiro lugar com todo o mérito. Mas claro que isto não lhe deve subir à cabeça porque pensar que estes votos estão garantidos em outra eleição é um erro.
Francisco Lopes é o tipo candidato comunista, no início Jerónimo nem o deixava falar e por fim, quando o autorizou, surpresa…a conversa igual, o som de 1974. Manteve a votação não perdendo eleitores, nem ganhando eleitores. Assim podemos considerar que cumpriu o seu papel.
José Manuel Coelho, todas as eleições têm a sua personagem cómica, muitos dos votos que recebeu foram de protesto, ele representa aquele tipo sem responsabilidades que pode dizer o que lhe vai na gana. Dizia umas “verdades” daquelas verdades de mesa de café e conseguiu não ser o último, tendo até tido um surpreendente resultado na Madeira onde retirou a maioria absoluta a Cavaco na Região, embora eu não considere que isto seja sintomático de alguma surpresa nas regionais madeirenses.
Defensor de Moura, foi o último, ficou até atrás de Coelho, mas mereceu em pleno, parecia que a sua função era levantar a lebre para depois Alegre poder agir, mas foi de uma agressividade atroz, brutal e desmedida, duas semanas de ataques sem uma ideia ou um propósito que não fosse atacar Cavaco Silva. Saiu de cena com um discurso coerente, porque manteve o nível de nojo que caracterizou a sua campanha. Foi ridículo.
António Manuel Guimarães