quinta-feira, agosto 30, 2012



O  “Ferry Boat Altântida”

A  Atlânticoline empresa detida  exclusivamente pelo governo regional dos Açores encomendou aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) um navio tipo “ferry boat”,  com capacidade para transportar 750 passageiros e 150 viaturas, por 50 milhões de euros tendo sido contratualmente fixado que o navio teria uma velocidade máxima de 18 nós.

O governo regional dos Açores impôs aos ENVC a construção do navio com base num projecto elaborado por uma empresa russa. Todavia, o projecto russo, cedo demonstrou-se desajustado, na medida que encontrava-se acometido de erros, e falhas graves que comprometiam a segurança e navegabilidade do navio. Consequentemente os ENVC foram forçados, no sentido da garantia da sustentabilidade e segurança do navio, a constantes alterações ao projecto inicial, de que resultou um navio bem construído, robusto, com totais condições de segurança, mas com uma redução da velocidade máxima em 1,4 nós.

Alegando incumprimento contratual da velocidade acordada, o governo regional dos açores rejeitou o navio  (esta diferença - cerca de um nó à velocidade máxima - provocaria um atraso de "cinco minutos" nas ligações inter-ilhas).

A verdade é que a redução da velocidade máxima do navio deve-se exclusivamente a um erro de projecto da responsabilidade do governo dos Açores, por ter sido este o responsável pelo projecto. Numa situação normal, a e empresa não aceitaria a rejeição do navio, exigindo em tribunal o cumprimento do contrato.
Mas como se trata de uma empresa pública, “moveram-se cordelinhos” e os ENVC não contestaram a rejeição.

Como consequência o Atlântica está, há mais de um ano, atracado no Arsenal do Alfeite, em Lisboa, à espera de um comprador. O impasse custa, por ano, aos ENVC cerca de 500 mil euros, em despesas de manutenção da embarcação.

A verdade é que “Atlantida” revelou-se por estas condicionantes um negócio ruinoso aos ENVC. Por via deste, os ENVC encontram-se numa situação financeira muito difícil, não tendo recursos económicos para comprar o “aço” necessário para a construção de dois navios encomendados pela Venezuela.

No entretanto os Açores resolveram fretar  dois navios ao armador grego Hellenic Seaways, tendo já gasto 21 milhões de euros.

Em desespero de causa os ENVC apresentou a proposta para cedência temporária do ferryboat "Atlântida" aos Açores por valores inferiores ao concurso internacional para o fretamento de dois navios entretanto aberto.

Mas pasme-se os Açores rejeitaram a proposta.

Se os ENVC fossem privados nada disto teria acontecido.
É por estas e por outras, que a decisão de privatização dos ENVC é a solução acertada. Os ENVC são um óptima empresa, com trabalhadores excelentes, que não podem ficar “reféns” de “arranjinhos” que coloquem em causa o seu futuro.

Por ultimo, uma palavra amarga para com o governo regional dos Açores. Este parece que não nutre preocupação com a gestão do erário público, não tendo qualquer inquietação em deixar em apuros uma empresa nacional como os ENVC, com decisões erradas e irresponsáveis.

António Cipriano

terça-feira, agosto 28, 2012

Mas o que vem a ser isto?


Ora andava eu a passear pela net em busca de informações de emprego quando me deparei com esta bela informação que está na imagem em anexo. Peço apenas que carreguem na imagem e vejam a vergonha. Caso não acreditem aqui fica o link para a página do Instituto do Emprego e Formação Profissional e depois basta descerem até ao ponto "condições". E certamente chegam à mesma conclusão que eu, ou seja, que o instituto que tem como função encontrar emprego para as pessoas desempregadas é o primeiro a ter casos gritantes de desrespeito pelas regras básicas de honestidade e faz ofertas de emprego cujo um dos critérios é ter o nome Vera Pereira.
António Manuel Guimarães

sábado, agosto 25, 2012

O cano de uma pistola pelo cu


Este é o texto que está a incendiar a Espanha, da autoria de Juan José Millás. É simplesmente magnífico e portanto decidi fazer este post. No entanto não assinarei abaixo do texto, não por não querer assinar "por baixo" algo que faria de bom grado, mas porque não quero que ninguém me acuse de plágio. E já agora para quem achar que o texto não está em português deixo um aviso, a cumplicidade não adoptou o acordo ortográfico.
                                                         António Manuel Guimarães

O cano de uma pistola pelo cu

Se percebemos bem - e não é fácil, porque somos um bocado tontos -, a economia financeira é a economia real do senhor feudal sobre o servo, do amo sobre o escravo, da metrópole sobre a colónia, do capitalista manchesteriano sobre o trabalhador explorado. A economia financeira é o inimigo da classe da economia real, com a qual brinca como um porco ocidental com corpo de criança num bordel asiático.
Esse porco filho da puta pode, por exemplo, fazer com que a tua produção de trigo se valorize ou desvalorize dois anos antes de sequer ser semeada. Na verdade, pode comprar-te, sem que tu saibas da operação, uma colheita inexistente e vendê-la a um terceiro, que a venderá a um quarto e este a um quinto, e pode conseguir, de acordo com os seus interesses, que durante esse processo delirante o preço desse trigo quimérico dispare ou se afunde sem que tu ganhes mais caso suba, apesar de te deixar na merda se descer.
Se o preço baixar demasiado, talvez não te compense semear, mas ficarás endividado sem ter o que comer ou beber para o resto da tua vida e podes até ser preso ou condenado à forca por isso, dependendo da região geográfica em que estejas - e não há nenhuma segura. É disso que trata a economia financeira.
Para exemplificar, estamos a falar da colheita de um indivíduo, mas o que o porco filho da puta compra geralmente é um país inteiro e ao preço da chuva, um país com todos os cidadãos dentro, digamos que com gente real que se levanta realmente às seis da manhã e se deita à meia-noite. Um país que, da perspectiva do terrorista financeiro, não é mais do que um jogo de tabuleiro no qual um conjunto de bonecos Playmobil andam de um lado para o outro como se movem os peões no Jogo da Glória.
A primeira operação do terrorista financeiro sobre a sua vítima é a do terrorista convencional: o tiro na nuca. Ou seja, retira-lhe todo o carácter de pessoa, coisifica-a. Uma vez convertida em coisa, pouco importa se tem filhos ou pais, se acordou com febre, se está a divorciar-se ou se não dormiu porque está a preparar-se para uma competição. Nada disso conta para a economia financeira ou para o terrorista económico que acaba de pôr o dedo sobre o mapa, sobre um país - este, por acaso -, e diz "compro" ou "vendo" com a impunidade com que se joga Monopólio e se compra ou vende propriedades imobiliárias a fingir.
Quando o terrorista financeiro compra ou vende, converte em irreal o trabalho genuíno dos milhares ou milhões de pessoas que antes de irem trabalhar deixaram na creche pública - onde estas ainda existem - os filhos, também eles produto de consumo desse exército de cabrões protegidos pelos governos de meio mundo mas sobreprotegidos, desde logo, por essa coisa a que chamamos Europa ou União Europeia ou, mais simplesmente, Alemanha, para cujos cofres estão a ser desviados neste preciso momento, enquanto lê estas linhas, milhares de milhões de euros que estavam nos nossos cofres.
E não são desviados num movimento racional, justo ou legítimo, são-no num movimento especulativo promovido por Merkel com a cumplicidade de todos os governos da chamada zona euro.
Tu e eu, com a nossa febre, os nossos filhos sem creche ou sem trabalho, o nosso pai doente e sem ajudas, com os nossos sofrimentos morais ou as nossas alegrias sentimentais, tu e eu já fomos coisificados por Draghi, por Lagarde, por Merkel, já não temos as qualidades humanas que nos tornam dignos da empatia dos nossos semelhantes. Somos simples mercadoria que pode ser expulsa do lar de idosos, do hospital, da escola pública, tornámo-nos algo desprezível, como esse pobre tipo a quem o terrorista, por antonomásia, está prestes a dar um tiro na nuca em nome de Deus ou da pátria.
A ti e a mim, estão a pôr nos carris do comboio uma bomba diária chamada prémio de risco, por exemplo, ou juros a sete anos, em nome da economia financeira. Avançamos com rupturas diárias, massacres diários, e há autores materiais desses atentados e responsáveis intelectuais dessas acções terroristas que passam impunes entre outras razões porque os terroristas vão a eleições e até ganham, e porque há atrás deles importantes grupos mediáticos que legitimam os movimentos especulativos de que somos vítimas.
A economia financeira, se começamos a perceber, significa que quem te comprou aquela colheita inexistente era um cabrão com os documentos certos. Terias tu liberdade para não vender? De forma alguma. Tê-la-ia comprado ao teu vizinho ou ao vizinho deste. A atividade principal da economia financeira consiste em alterar o preço das coisas, crime proibido quando acontece em pequena escala, mas encorajado pelas autoridades quando os valores são tamanhos que transbordam dos gráficos.
Aqui se modifica o preço das nossas vidas todos os dias sem que ninguém resolva o problema, ou mais, enviando as autoridades para cima de quem tenta fazê-lo. E, por Deus, as autoridades empenham-se a fundo para proteger esse filho da puta que te vendeu, recorrendo a um esquema legalmente permitido, um produto financeiro, ou seja, um objecto irreal no qual tu investiste, na melhor das hipóteses, toda a poupança real da tua vida. Vendeu fumaça, o grande porco, apoiado pelas leis do Estado que são as leis da economia financeira, já que estão ao seu serviço.
Na economia real, para que uma alface nasça, há que semeá-la e cuidar dela e dar-lhe o tempo necessário para se desenvolver. Depois, há que a colher, claro, e embalar e distribuir e facturar a 30, 60 ou 90 dias. Uma quantidade imensa de tempo e de energia para obter uns cêntimos que terás de dividir com o Estado, através dos impostos, para pagar os serviços comuns que agora nos são retirados porque a economia financeira tropeçou e há que tirá-la do buraco. A economia financeira não se contenta com a mais-valia do capitalismo clássico, precisa também do nosso sangue e está nele, por isso brinca com a nossa saúde pública e com a nossa educação e com a nossa justiça da mesma forma que um terrorista doentio, passo a redundância, brinca enfiando o cano da sua pistola no rabo do sequestrado.
Há já quatro anos que nos metem esse cano pelo rabo. E com a cumplicidade dos nossos.

Juan José Millás

quinta-feira, agosto 23, 2012

Nightmare in Syria


A guerra civil na Síria não pode deixar de ser contextualizada face ao complexo mosaico multi-étnico do país e das difíceis equações da geopolítica internacional. Na Síria subsistem varias comunidades com raízes históricas, culturais e religiosas distintas – Sunitas, Xiitas-aluitas, Druzos e cristãos. Não obstante a comunidade sunita ser maioritária (cerca de 75% da população) o poder tem sido continuamente exercido pelo minoria xiita-aluista de Assad com o apoio ainda que tácito de cristão e druzos. Os xiitas-aluitas sob a tutela dos Assad construíram uma sociedade controlada, securitária com respeito pelas minorias religiosas, em que as divergências são suprimidas pela força. Cristão e Druzos vivem sob uma relativa protecção do regime, razão pelo qual sempre o apoiaram. Agora os sunistas aproveitando os ventos da primavera árabe  revoltaram-se contra décadas de domínio da autocracia aluita. Cristãos e Druzos preferindo manter o “satus quo” e receando eventuais represálias continuam a apoiar o regime de Assad.

Por outro lado os perigos da geopolítica internacional são mais do que muitos. A Rússia de Putin, pretende manter as suas bases militares na Síria, apoiando por esta razão Assad. A Arábia Saudita procurando alargar a sua área de influencia apoia os sunitas. A Turquia pretendendo reforçar o seu papel de potência regional apoia a rebelião sunita. O Irão não pretendendo ficar isolado como único país de influência xiita apoia Assad.
A verdade é que o regime de Assad irá cair em breve.
Mas qual será o futuro da Síria? Uma democracia? Uma teocracia xiita? Uma estado dilacerado em constantes conflitos multi-étnicos?
Não existe uma resposta. Todavia o mais plausível é que o continue o “Nightmare in Syria”.

António Cipriano

quinta-feira, agosto 16, 2012

Diferentes?


“Pedro Sales, do BE, diz que o "Governo tem de dialogar com os operadores de forma mais intensa", até porque "o desporto com maior número de espectadores deixar de estar acessível ao público em geral é inadmissível. Torna o futebol um desporto de elites", defende.” Fonte CM
E depois dizem-me que o Bloco é um partido que marca a diferença relativamente aos demais, portanto na citação acima lê-mos que o Bloco de Esquerda questiona o governo sobre o fim das transmissões de futebol em canal aberto, chega mesmo ao mais espantoso desplante de considerar “inadmissível” o facto do futebol não estar acessível a quem não tem Sport Tv.
É tanta a hipocrisia na política portuguesa, incluído dos “diferentes” bloquistas que até se esquecem de quando Louçã denunciava há um par de anos na Assembleia da República, uma proposta da RTP para comprar os direitos de transmissão do campeonato nacional quando o país já estava a sofrer dos efeitos socráticos. Portanto estes hipócritas criticam a compra de direitos televisivos do futebol quando o canal do estado quer compra, conseguindo mesmo que o canal do estado desistisse da compra que acabou por ser feita pela TVI, e considera inadmissível quando o canal do estado não apresenta propostas.
A única diferença do Bloco de Esquerda relativamente aos demais partidos com assento parlamentar é chamar ao seu amado líder de “coordenador” porque de resto partilha da mesma esterqueira que caracteriza a política portuguesa na sua totalidade.

António Manuel Guimarães

sexta-feira, agosto 10, 2012

Ratolândia

Vejam este pequeno fabuloso clip sobre uma fábula de Tommy C. Douglas, o homem que foi eleito em 2004 como o maior canadiano de sempre.



António Manuel Guimarães

Leituras de Verão

Não obstante  já ter adquirido à alguns meses, só agora tive a oportunidade de ler “Da China” de Henry Kinssinger.
Num momento de ressurgimento da China como grande potência económica e politica, faz todo o sentido compreender a evoluição históico-economica-filosofica desta grande nação.
O livro faz uma resenha histórica desde o passado imperial à revolução comunista do século XX, e ao capitalismo de estado presente, Com o livro compreendemos melhor a mentalidade chinesa e as suas raízes. Do passado imperial e da perspectiva sinocêntrica de superioridade moral e civilizacional, do isolacionismo militante, da filosofia de Confúcio e da sua influencia até aos dias de hoje, da decadência da instituição imperial e dos valores tradicionais, da ocupação e exploração estrangeira, da revolução permanente de Mao, da revolução cultural de Mao, do regresso às origens e ao desenvolvimento de Deng Xiaoping.

Enfim, trata-se de um excelente livro para todos aqueles que interessem pelas temáticas da História, Economia e Relações Internacionais.

António Cipriano

terça-feira, agosto 07, 2012

The Dark Knight Rises Official Movie Trailer Christian Bale, Batman Movi...


Batman – O Cavaleiro das Trevas Renasce
Com Christopher Nolan Batman foi reinventado. Batmam ao contrário dos anteriores filmes deixou de ser apenas a personagem estereotipada de um simples vingador sem alma.Com Nolan, Batman e Bruce Wane ganharam profundidade. Com Nolan os conceitos de justiça, ordem, caos, imprevisibilidade são valorizados enquanto características humanas. Com o “O Cavaleiro das Trevas Renasce" Nolan coloca um ponto final na trilogia. Esta ultima parte da história não terá a grandiosidade do capítulo anterior, t por o vilão “Bane” não ser tão interessante como o “Joker” mas não deixa de ser um filme audacioso, exuberante capaz de surpreender.

António Cipriano