sexta-feira, janeiro 27, 2017

Deficit ilusório


Concluímos o ano de 2016  com um deficit publico num valor histórico de 2,3% do PIB.
Valor excelente. Segundos danos do ministério das finanças o deficit de 2016 terá ficado em 4.256 milhões de euros, valor inferior em quase 500 milhões de euros face aos resultados de 2015.
Numa abordagem simples poderia se afirmar que o actual governo e ministro das finanças teria feito um trabalho extraordinário.
Mas para percebermos a realidade dos números temos de ir mais fundo e comprender como foi atingindo esta valor histórico de 2,3%.

Em 2016, o estado recebeu por via do PERES (programa de perdão fiscal de) 500 milhões de euros. Ou seja se não tivesse existido esta receita extraordinária do perdão fiscal, o deficit de 2016 seria igual ao deficit de 2015.

Mas existem mais dados. Este foi o ano em que existiu um maior corte no investimento público. Só face ao orçamentado foi efectuado um corte de 956 milhões de euros no investimento público.
Em conclusão o resultado obtido resulta não de uma política mais eficiente dos recursos, mas tão-somente de receita extraordinária e do corte brutal do investimento. Sem estas medidas o deficit de 2016 teria sido pior do que o de 2015.
Pois é, o que parece nem sempre é!!!!

António Cipriano

sábado, janeiro 07, 2017

Mário Soares 1924-2017





Mário Soares faleceu hoje dia 7 de Janeiro de 2017 aos 92 anos. É evidente e é justo reconhecer a Mário Soares um papel de extrema importância na democracia e na política portuguesa. Começa a sua acção política na juventude aos 19 anos em que se junta a um grupo de esquerda organizado pelo PCP e portanto de oposição ao Estado Novo. Já depois de ter sido afastado do PCP, em 1958 faz parte da comissão de candidatura de Humberto Delgado à presidência da república.
Defendeu vários presos políticos em tribunal e acabou também por ser preso 12 vezes cumprindo um total de 3 anos de prisão, sendo deportado para São Tomé e por fim partiu para o exílio em França.
Volta a Portugal logo após o 25 de Abril e íntegra os primeiros governos provisórios assumindo a pasta dos Negócios Estrangeiros entre Maio de 74 até Março de 75 tendo um papel determinante na independência das colónias portuguesas. Neste processo Mário Soares em divergência com Spínola, que procurava ganhar tempo e queria salvar o que fosse possível salvar, quer também dar tempo a quem estava nas colónias para poder vir embora, viaja com Otelo Saraiva de Carvalho para a Zâmbia e assina o Acordo de Lusaka que entrega a independência a Moçambique. A independência era justa e inevitável mas de tal forma importante que não pode ser feita de animo leve e esta assinatura foi prematura, precipitada e mal organizada e absolutamente nada negociada e assim acabou por condenar portugueses a fugir e não só de Moçambique como também de Angola, muitos vieram com a roupa que tinham no corpo, outros morreram e em última análise esta assinatura contribuiu para a guerra civil quer em Moçambique quer em Angola. Muitos dizem que era a descolonização possível, mas para mim é a descolonização mal gerida e que resulta apenas da vontade de Soares sem ligar ao bom senso ou à logica e apenas para garantir protagonismo e agradar a alguns sectores da política quer nacional, quer internacional.
Posteriormente continuou a integrar vários governos provisórios e foi primeiro-ministro por três vezes, logo nas eleições constituintes em 75 derrotou o PCP e conseguiu fazer com que a revolução seguisse o rumo da democracia e que não caísse na substituição de uma ditadura de direita por uma outra ditadura de esquerda que parecia inevitável. Geriu com dificuldade o período do Verão quente e conseguiu sempre superiorizar-se à esquerda radical e quando Eanes ganha as eleições contribui no acalmar do clima politico.
No seu último acto como primeiro-ministro em 1985 assina o tratado de adesão de Portugal à C.E.E., processo iniciado por Sá Carneiro. Posteriormente será eleito duas vezes como Presidente da Republica ficando no cargo entre 1986 e 1996.
Quando terminou o segundo mandato como Presidente da República disse que bastava de cargos políticos, em 1997 assumiu a presidência da Fundação Portugal África, foi também presidente da Movimento Europeu Internacional. Criou também a Fundação Mário Soares
Daqui entra naquela fase em que tem uma espécie de papel de senador especialmente dentro do PS. Faz os seus comentários e interfere quando acha que deve, a última dessas acções terá sido a ascensão de Costa apoiado por Soares contra Seguro. Pelo meio alguns casos menos claros, como a história da alegada compra dos terrenos à volta da OTA pela fundação quando Sócrates queria fazer o aeroporto e que alegadamente explica a zanga com Sócrates quando este mudou a construção para “o deserto”. Relação que depois se pacificou e Soares visitou mesmo Sócrates quando este estava preso. E a história de um acidente de avião que transportava o seu filho e alegadamente uma carga “pouco clara” e que nunca se explicou de forma convincente. Retorna ainda à vida política, num período que podia fazer perigar o seu prestígio e ai o PS não soube gerir a situação e aconteceu mesmo que num momento talvez de alguma inaptidão decorrente de tantos anos fora da política acaba por insultar uma concorrente ao cargo de Presidente do Parlamento Europeu dizendo que ela tinha “um discurso de dona de casa”. Ainda concorre mais uma vez à presidência da república mas acaba duplamente derrotado quer por Manuel Alegre que fica em segundo lugar, quer por Cavaco Silva que é eleito para Presidente da República. 
Hoje espera-se que se diga as palavras de circunstância, certamente teremos honras de Estado e obviamente teremos dias de luto nacional. Mas como sempre nestas ocasiões falar-se-á dos aspectos positivos da vida de Mário Soares, esquecendo os pontos negativos e promovendo uma santificação recorrente aquando do falecimento de alguém.
E assim concluo reafirmando que Mário Soares é um homem com um papel fundamental e insubstituível na política portuguesa, lutou activamente contra a ditadura e depois lutou pela democracia e ajudou de forma magistral a garantir a democracia em Portugal. Na sua acção tem muitos casos polémicos podemos gostar ou não e podemos ou não concordar com o que fez, tem responsabilidades em casos positivos mas também em casos negativos. Mário Soares terá certamente um papel maior e de destaque quando no futuro se escrever a História dos dias de hoje.

António Manuel Guimarães

sexta-feira, janeiro 06, 2017

Novo Banco


Sou obviamente um defensor da economia de mercado, da iniciativa privada, da livre concorrência e da defesa da propriedade privada.
Só por regra contra as nacionalizações e contra a excessiva participação do estado na economia.
Tudo isto a propósito da Venda/Não Venda do Novo Banco.

Considero que face a sensibilidade do sector bancário o Estado deverá actor do mercado, mediante um banco público, com missão pública – apoio à economia.
Já existe um banco público – a CGD

Assim, diria que o Novo Banco não deve estar na orbita do estado, devendo regressar ao sector privado.

Relembro que da resolução do BES, o estado injectou via Fundo de Resolução 3,9 mil milhões de euros.
Segundo noticias a melhor proposta de aquisição do NB será de um fundo americano que oferece apenas 750 milhões.
Ou seja, oferece quase nada pelo terceiro melhor banco nacional.
Perante a falta de outras soluções, pergunto se este será o melhor momento para a venda do NB?

Parece que seria mais razoável e aceitável, manter o NB na orbita do estado por mais 4 ou 5 anos e depois vende-lo por um preço mais razoável.
Considero que o NB não deve ser integrado na CGD ou permanecer muitos anos no Estado. Apenas considero que o Estado deve encontrar o melhor momento para obter um melhor preço de venda para o NB e assim reduzir os impactos negativos no erário público.
Assim se defenderia o interesse público e o contribuinte.

António Cipriano

Realidade


Os índices de confiança dos consumidores esta em alta.
O investimento público e privada esta nos valores mais baixos da democracia, mas isso não interessa nada

No natal foram efectuadas compras com cartão num valor superior a 7.000 milhões de euros
O crédito mal parado em Portugal é o terceiro mais alto da UE, mas isso não interessa nada.

Em 2016 a venda de carros novos disparou.
A Divida Pública atingiu os 130% do PIB, mas isso não interessa nada

Em 2016 deixou de haver greves no sector público e em especial nos sectores dos transportes
No sector dos transportes públicos, nomeadamente metro e carris, deixou de haver carreiras e metros suficientes para os utentes, mas isso não interessa nada.

Em 2017 a sobre taxa do IRS vai ser eliminada.
Em 2017 aumentam a generalidade dos impostos indirectos, mas isso não interessa nada.

Em 2017 os pensionistas com pensões superiores a €4.000 mensais deixaram de ter cortes.
Os juros da divida da república já tocaram os 4%, mas isso não interessa nada

O país esta feliz.
Em 2017 espera-se que o pais regresse ao nível de crescimento de 2015 (1,5%), mas isso não interessa nada.

António Cipriano





terça-feira, janeiro 03, 2017

Rogue One



Quem me conhece sabe que sou um daqueles “nerds” que gostam de series e filmes, em particular de Star Wars. Por este dias “lá cumpri a romaria ao cinema para ver a última película Star Wars”, no caso Rogue One. Em Rogue One, regressamos atrás, imediatamente antes ao episodio IV, à construção da “Estela da Morte”. Regressamos à  eterna luta dicotómica entre a luz da democracia, e as trevas do poder ditatorial do império. Valerá o sacrifício de uma vida por uma ideia de esperança e democracia. Rogue One diz-nos que sim. Que a ideia de esperança é alcançável pelo sacrifico da luta.
Star wars mantém a vivacidade, e  a intensidade, não desiludindo os fãs.
Os apreciadores não deixem de ir ver…
Que a força esteja convosco…………………..

 António Cipriano