A “Cultura” Caldense
Desde sempre, a cultura foi vista como um marco imprescindível, algo que surge lado a lado com o desenvolvimento de uma sociedade. A facilidade ou dificuldade com que se adquire cultura é um importante ponto de referência para definir o grau de desenvolvimento de um povo e pode ser adquirida de várias formas: através de bibliotecas, cinemas, teatros, conservatórios, etc.…. E aqui surge a razão deste post, como andam estes pólos de cultura nas Caldas? Cidade reconhecida no passado por albergar vários artistas, como os irmãos Bordalo Pinheiro, ou mesmo como berço de um dos maiores pintores do nosso país que é José Malhoa.
No fim dos anos 80 foi derrubada a Casa da Cultura, cujas persistentes paredes ainda se encontram no Parque da cidade. Quando foi feita a demolição ficou a promessa da construção de um teatro equipado com todas as estruturas necessárias. Ora essa foi mais uma promessa política e todos sabemos que estas não são famosas devido à sua concretização, e nas Caldas isto não foi nem é excepção, pois esse teatro ainda está por fazer, embora se ouça falar muitas vezes num “projecto já aprovado”, mas que ninguém sabe quando será um “projecto concretizado”. Embora a casa da cultura não fosse um teatro, tinha apenas nos seus últimos tempos um pequeno auditório e umas salas onde eram dadas aulas de Ballet, mas era um esforço para fazer algo, e se não era um teatro, então falemos no caso do Cine teatro Pinheiro Chagas, que ficava na praça 5 de Outubro e que os nossos responsáveis camarários decidiram demolir, em vez de recuperar, visto que a cidade não precisava de teatros, mas de sim de espaços para arrumar automóveis. E pronto, com esta atitude as Caldas da Rainha ficou privada de Teatros, exceptuando as acções levadas a cabo pelo grupo dos Pimpões, que já por várias vezes remediaram, convertendo o seu salão em sala de teatro e devido a isso todos os caldenses devem agradecer. Deve-se construir depressa um teatro nas Caldas, não devem deixar passar mais tempo, tirem os projectos do papel, passem à acção, foi para isso que foram eleitos os responsáveis municipais desta cidade.
Quanto a cinemas, a situação vai de mal a pior, durante anos a cidade teve três grandes e espaçosas salas, tínhamos o Ibéria no Parque ao lado dos pavilhões, tínhamos o já referido cine teatro Pinheiro Chagas e por fim o grande Estúdio Um. Cada um, de cada vez foi sendo destruído. Até que chegamos à situação actual em que as únicas salas são as duas minúsculas salas dos antigos Deltas e sinceramente não sei, mas não me parece que estas duas minúsculas salas cheguem para servir uma população que já ultrapassou as cinquenta mil pessoas.
Quanto ao Conservatório, nem quero falar, porque a ser verdade o preço que se diz, que levam para se ter aulas lá, terá direito a um post só para si.
Algumas boas medidas têm sido tomadas, como o caso do premio Luís Teixeira, que tenta impulsionar a prática da escrita nas Caldas, mas que ninguém sabe se vai voltar a haver, ou a feira do livro, que é sempre de louvar, mas que parecem estar a perder o fulgor.
Era bom que os responsáveis desta cidade começassem a pensar seriamente a cultura nas Caldas.
António Manuel Pinto Silvério Guimarães