terça-feira, setembro 30, 2008


Falta de regulação

O capitalismo é a economia de mercados são como a democracia. Esta segundo Churchill é a pior forma de governo excepto todas as demais formas de governos que têm sido experimentadas. A virtualidade do capitalismo advém de se basear na liberdade e na iniciativa dos cidadãos e na capacidade destes para inovarem e criarem valor acrescentado e riqueza. Por via do capitalismo milhões de pobres que engrossavam as fileiras do proletariado foram progressivamente se transferindo para a classe media, dispondo de produtos e de uma capacidade de consumo que permitiu um nível de bem estar, transversal a toda a sociedade.

Mas tal como a democracia o capitalismo e economia de mercado, ao contrário do que o liberalismo defende, não se pode deixar numa toada “LAISSEZ FAIRE, LAISSEZ PASSER"
Com a expansão das novas tecnologias inerentes ao fenómeno da globalização, um novo estádio de capitalismo foi se desenvolvendo, totalmente desligado de qualquer sentido ético. Rapidamente surgiu um capitalismo desregrado, desligado da axiologia dos valores , assente já não na criação de riqueza material, palpável, mas sim, baseada em produtos financeiros derivados complexos, de raiz especulativa e virtual.
O resultado de tal desregulamentação, é a actual crise financeira.
Os verdadeiros culpados não são os especuladores, ou os bancos ou os gestores. O ónus da culpa encontra-se nos governos que facilitaram, que não regularam os mercados.
Como diz o povo “ casa roubada trancas à porta”. Agora todos falam de regulação.
Oxalá tenham aprendido

António Cipriano

sexta-feira, setembro 26, 2008

Vale e Azevedo e o Tratado Mais Velho da Europa

É certo e sabido que Portugal e Inglaterra posssuem a aliança mais antiga do Mundo, assim como desta aliança, os portugueses sentem que os ingleses (apesar de nos terem ajudado em 1385, aonde é que esse tempo já vai!!!)tiveram sempre a melhor parte do acordo exercendo pressões sobre o nosso país para os apoiar. Já agora, antes de seguir, um à-parte, a ajuda que deram em 1808 a D. João VI beneficiou-os muito mais do que a ajuda que deram.
Continuando, quando à pouco tempo atrás vieram as notícias de que queriam pedir a extradição do Vale e Azevedo de Inglaterra, dei por mim a pensar: "Epá, porquê?? Mais uma boca para o Estado alimentar e para mais com tudo o que a Inglaterra nos fez nestes séculos todos, o mínimo que podemos fazer é deixar o Vale e Azevedo intrujá-los e vigarizá-los um pouco como paga!" Ontem veio a confirmação do meu pensamento, Vale e Azevedo não paga a renda em Londres há um ano! Espero que ele fique por Inglaterra por muitos e bons anos...

PP

quarta-feira, setembro 24, 2008


Não é propaganda…é mesmo logro!

O primeiro-ministro veio dizer que o ano lectivo de 2007/2008 foi o ano em que houve menos retenções dos últimos doze anos.

Sim, é verdade, é isso mesmo, foi o ano em que menos retenções houve nos últimos anos. Veio dizer também que isso se deve ao trabalho dos professores e às políticas do governo. Ora isto também é verdade, esta baixa de retenções deve-se mesmo essencialmente às políticas do governo, particularmente às medidas de currículos adaptados e currículos alternativos, que nada mais são do que uma grande fraude.

Uma das medidas deste governo para mostrar estes lindos resultados ao país e especialmente na U.E. foi criar mecanismos para praticamente eliminar a retenção, criando currículos adaptados, pois dentro destes sistemas torna-se impossível a um aluno ficar retido. E um aluno pode transitar para estes currículos alternativos durante o ano lectivo se for sinalizado como sendo uma possível retenção e transita de certeza após duas retenções no ciclo, embora eu repita que as condicionantes para um aluno ficar retido são tantas que normalmente são aprovados embora sinalizados. Mas quando acontece o aluno é colocado em turmas PROFIJ e PERE, que para os leitores do continente são as famosas turmas PIEF em que todos sabem que os alunos NÃO FICAM RETIDOS, podendo progredir ano após ano neste sistema até chegar ao fim da escolaridade obrigatória, que lhe é atribuída mesmo que ele não saiba distinguir um 5 de um S, como acontece na grande maioria dos casos. De salientar que o ano lectivo passado foi o ano em que mais turmas de currículo adaptado foram criadas e que já se sabe que vai ser superado por este ano lectivo.

Isto a somar à baixa de exigência no ensino regular, onde é possível ter alunos no quarto ano a trabalhar competências do terceiro e a politica de pressão feita pelo governo sobre os professores para aprovar alunos, pressão feita através da avaliação anual feita aos docentes, onde quanto menos negativas forem dadas maior é a probabilidade de ter uma boa nota. Tudo isto somado faz ter medo do futuro. Acho ainda mais piada ao representante das associações de pais, que numa conversa irresponsável vem dizer que "agora só falta eliminar em definitivo as retenções", confesso que não sei qual a cor do céu no mundo do representante da associação de pais, mas sei que a cor do futuro do nosso país num prazo de 10 anos é negro, muito negro.


António Manuel Guimarães

Magalhães, o progresso e a trampa

Com grande cobertura mediática apregoa-se o portátil Magalhães de baixo custo para as crianças do 1º ciclo. É o circo da política no seu pior. Nada tenho contra o computador para as crianças, pelo contrário, tenho é pena que a trampa continue a ser o que é, neste caso, refiro-me às Actividades de Enriquecimento Curricular que é outra iniciativa louvável, englobando o ensino do Inglês, Música, Informática e Actividade Física que estava prevista desde o Reinado de D. José I (para os mais desatentos, relembro que D. José I reinou Portugal de 1750 a 1777). No entanto, as Actividades de Enriquecimento Curricular enriquecem quem?? Os professores não devem ser, pois andam a estudar para passar recibos verdes, os chamados trabalhadores precários, as condições dadas aos referidos professores muitas vezes são igualmente precárias, o governo quer retirar as Actividades aos ATL's, IPSS's, Creches, etc., ou seja, isto tudo é uma trampa. Este governo brinca à Educação. Os problemas da Educação (ou melhor da falta dela) não se resolvem só com "Magalhães".
PP

quinta-feira, setembro 18, 2008

Reflexões acerca do valor segurança
Qualquer que seja a concepção política ideológica de Estado, o valor segurança apresenta-se como umas das premissas prioritárias, sem o qual a vida em sociedade é um tormento inaceitável. Compete ao estado quer actue numa postura intervencionista ou liberal, procurar respostas as diferentes vertentes do conceito de segurança.
Portugal sempre foi um país pacífico. Portugal ainda continua a ser uma sociedade calma e segura. Todavia, nos últimos tempos, temos vindo a ser assolados por um incremento substancial da insegurança. Este será um fenómeno conjuntural, com causas híbridas na crise económica, no desemprego, no fim das fronteiras intracomunitárias e nas reformas legislativas penais precipitadas, entre outras. Mas também será um fenómeno estrutural consequência da desfragmentação e destabilização do conceito ancestral de família, coadjuvado por uma deterioração do quadro de valores da sociedade e de um deficiente sistema de educação e de justiça.
A transformação das sociedades e dos seus equilíbrios internos é um processo lento e complexo. Muitas vezes as classes políticas presas excessivamente ao presente não deslumbram as mudanças com consequências futuras. Não se diagnosticando as patologias sociais antecipadamente, os seus efeitos vão se agravando até configurarem cancros de difícil solução.
Perante a onda de criminalidade os problemas sociais emergem aos olhos de todos. E que soluções? Perante problemas complexos não existem soluções fáceis ou milagrosas. Tradicionalmente a direita apela às soluções securitárias, enquanto a esquerda privilegia a resposta social. No meu entender, a solução é um misto das duas. Num primeiro momento será necessário o reforço da presença e poder das autoridades policiais, bem como a correcção de alguns erros graves que se cometeram de âmbito legislativo, no Código de Processo Penal que traduziram um sentimento de impunidade, de que o crime compensa. Seguidamente será necessário medidas estruturais as quais deviam ser envoltas de um elevado consenso político-partidário. Reforma do sistema de Justiça (justiça mais célere, objectiva e de acesso universal), reforma do sistema educativo (incorporação dos valores do mérito, trabalho, esforço, solidariedade social; definição e acompanhamento constante do projecto educativo de cada aluno, envolvendo a escola os professores, os pais e a comunidade); Projecto de acompanhamento dos bairros sociais e zonas problemáticas, visando o fim da exclusão social mediante a introdução de programas de reforço dos valores da cidadania e de acções de formação profissional; não construção de mais bairros sociais, optando pelo redistribuição das populações pelas diferentes áreas das cidades.
Compreende-se que estas medidas não têm efeitos imediatos. Exige-se à semelhança de qualquer plano estratégico uma constante avaliação dos resultados de campo, e da introduções de planos alternativos e complementares que permitem em cada momento atingir o objectivo central – uma sociedade mais coesa, solidária em que a exclusão social e a marginalidade estejam em níveis mínimos controláveis.

António Cipriano

sexta-feira, setembro 12, 2008



Histórias da Lagoa de Óbidos
José Casimiro carregava no rosto uma sucessão de rugas, testemunhas do passar do tempo e consequência dos muitos dias passados ao sol da lagoa. Toda a sua vida tinha sido mariscador, oficio que aprendera com seu pai e seu avô. Era uma vida difícil, rude, dura, economicamente não muito gratificante, mas José Casimiro não a trocava por outra. Da lagoa de Óbidos aprendera os valores da amizade, o respeito pelos mais velhos, a confiança e admiração pela natureza. Seus filhos talvez por serem já de outro tempo, já não quiseram esta vida, tendo rumado a Lisboa.
Ao longo das décadas, José Casimiro já tinha assistido a muitas mudanças na morfologia da lagoa. Muitas vezes tinha sido testemunha de mudanças do lugar de contacto entre a lagoa e o mar. Em situações excepcionais já tinha contribuído com o seu trabalho braçal, para a manutenção da abertura da lagoa. A lagoa como todos os organismos vivos, tem problemas e mudanças de humor. Todavia os seus habitantes tinham sempre contribuído com a sua experiencia e conhecimento de causa, para a manutenção da mesma. Mas de há uns anos para cá, muito tinha mudado. A lagoa tinha vindo a sofrer pressões, decorrentes do crescimento populacional, do desordenamento urbano, bem como da poluição das diferentes actividades económicas, conjugadas por um problemático e teimoso processo de assoreamento, os quais em última analise podem por em causa o equilíbrio ecológico do ecossistema lagunar. A medida que os problemas se iam agudizando José Casimiro ouvia falar de estudos e mais estudos. Curiosamente os ditos peritos (engenheiros e doutores) do INAG, do LNEC, nunca quiseram ouvir aqueles que melhor conheciam a Lagoa – os mariscadores. Apesar dos estudos, das promessas, das tasks-forces os problemas persistiam, agravados pela utilização da lagoa como arma de arremesso político, por parte de alguns.
Em 2006 tinha se constituído uma comissão de acompanhamento da lagoa de Óbidos, a qual manifestou a necessidade urgente, da realização de uma operação de dragagem de 1,5 milhões de metros cúbicos de areias. No entretanto, a comissão apontava a realização de intervenções pontuais para o desassoreamento, antes da intervenção alargada. José Casimiro chegou a pensar que desta vez o problema se iria resolver. Mas não. Faltava realizar antes das tão necessárias dragagens, um estudo de impacto ambiental. Estranhamente ou não, passados mais de dois anos o referido estudo ainda não tinha sido adjudicado. 2009 Era ano de eleições legislativas e autárquicas. José Casimiro sabia que a lagoa lá ia mais uma vez, ser alvo de discussão e de promessas pelas mais variadas forças políticas.
José Casimiro era um optimista. Acreditava que qualquer pessoa que conhecesse a beleza da Lagoa de Óbidos, não podia deixar de lutar pela sua sobrevivência ecológica. Talvez o que falte é os governantes deixarem os gabinetes do Terreiro do Paço e virem ao encontro da lagoa de Óbidos.
António Cipriano

terça-feira, setembro 09, 2008




SNS – Proibido reclamar

Quando um paciente se desloca a um centro de saúde e considera que foi mal tratado pelo medico, e apresenta nos serviços competentes uma reclamação, normalmente se esperaria que houvesse uma analise dos factos, de modo a verificar se houve ou não, por parte do profissional de saúde, demérito ou incúria. Caso seja apurado falta de profissionalismo, o cidadão espera que o médico seja repreendido, de modo a que a qualidade do serviço incremente.
Ora em Portugal quando um doente reclama do comportamento do médico, o mais normal é que a sanção seja aplicada ao doente. Segundo dados do ministério da saúde muitos dos 325 utentes do SNS que apresentaram reclamações foram excluídos das listas dos médicos, ficando então sem médico de família. Mais grave ainda, é que o senhor Bastonário da ordem dos médicos defender que os médicos tem o direito de excluir da sua lista de doentes aqueles que não desejem consultar!!
António Cipriano

quinta-feira, setembro 04, 2008

Ver o LHC de outra forma

Pormenores físicos à parte, existem potenciais enormes implicações religiosas e sociais a médio prazo, relacionadas com o LHC.

Steven Weinberg (Nobel 1979): "Se conseguirmos criar uma teoria final em que todas as forças e partículas são explicadas, e essa teoria ajudar a compreender o Big Bang e nos der uma cosmologia consistente, deixar-se-á menos à religião para explicar." (citado da Newsweek).

João Pedro
Sarah Palin

Nos EUA os discursos políticos tendem a ser mais agressivos do que na europa. Chegam ao ponto do ataque pessoal sem que os eleitores o percepcionem como algo mais do que "fair game".
O discurso na Republican National Convention de ontem, da candidata a vice-presidente pelo GOP (Republicanos), Sarah Palin, teve uma segunda metade que certamente se consubstancia como o discurso político norte-americano mais agressivo que tenho na minha memória recente.
É normal os candidatos a vice-presidente serem justamente "armas de ataque", tradicionalmente é assim.
Palin parece, à primeira vista, uma escolha sólida para o ticket republicano: mulher e conservadora. Se McCain é um centrista, Palin é certamente de direita.
E agora uma opinião minha, nada objectiva. Foi uma péssima escolha:

1 - Toda a estratégia republicana para estas eleições passa por um ponto fulcral: Barack Obama é inexperiente para ser presidente da nação. Mas quem é Sarah Palin? É uma mulher que foi mayor de uma cidade chamada Wasilla (7 mil habitantes) e que é governadora do Alasca há 2 anos. Isto é currículo político?
Poderá ser argumentado: mas Obama é candidato a presidente, Palin "apenas" a vice-presidente. Verdade. Mas o vice-presidente, constitucionalmente, substitui o presidente em caso de necessidade. Para além disso, o vice-presidente é presidente do Senado.
Se considerarmos que John McCain tem 72 anos (se for eleito presidente será o presidente estreante mais velho da história dos EUA) e que teve graves problemas de saúde recentemente, então temos que a probabilidade de Sarah Palin poder vir a ser presidente dos EUA é maior do que em condições mais típicas. Com o exuberante currículo político que ela apresenta?

2 - Ela é especialista em energia, um ponto no qual o Partido Democrata costuma ser visto como mais forte. O problema é que ela não demonstra currículo em outras áreas, como sejam saúde, educação, economia, justiça, etc. Ela vai ter um debate contra Joe Biden, o candidato democrata à vice-presidência. Biden é um congressista sénior, tendo feito parte dos comités judicial e de relações externas do Senado. Parece-me que vai haver muito republicano nervoso durante esse debate (por pouco importante que o mesmo possa ser).

3 - Sarah Palin é conservadora. Fervorosamente anti-aborto, defensora dos valores tradicionais da família, membro activo do NRA (National Rifle Association; sim, mais uma maluquinha das armas), defensora da pena de morte, entre outras situações.
No entanto tem uma filha de 17 anos, solteira e grávida. Lá se vão os valores familiares conservadores que os neo-conservadores tanto gostam de defender. Ela tem uma visão para as famílias dos EUA que não corresponde ao que tem em casa.
E ressalvo que não tenho nada contra o facto da rapariga estar grávida, somente acho incongruente e inconsistente a posição da mãe.

4 - Sarah Palin está a ser investigada por corrupção activa, enquanto governadora do Alasca. Já o estava antes da nomeação do GOP. Pode, obviamente, estar inocente; mas porquê escolher uma pessoa que tem essa suspeição a pairar?

5 - A agressividade dela, ontem, chegou a roçar o ridículo. Não votem em Obama porque a Casa Branca não é o mesmo que fazer trabalho cívico em bairros pobres. Votem em McCain porque é um herói que esteve preso, vários anos, no Vietname. Estou, obviamente, a simplificar o discurso dela, mas isto faz algum sentido?

6 - Em Setembro de 2008 a candidata a vice-presidente dos EUA é defensora da guerra no Iraque e da manutenção das tropas norte-americanas no país.

7 - É muito comum que o candidato a vice-presidente complemente o candidato a presidente. Quando o presidente é do norte, muitas vezes o vice-presidente é do sul, e vice-versa. Ou então escolher um vice-presidente de um "swing state", um estado importante e no qual a votação entre azul e vermelho se prevê renhida.
Alasca? Vale 3 votos no colégio eleitoral (é um dos estados que vale menos votos, até porque 3 é o mínimo). Para além disso não é propriamente um estado no qual a votação se preveja renhida: desde 1968 que o Partido Republicano tem ganho sempre no Alasca, em eleições presidenciais.

João Pedro