quarta-feira, dezembro 31, 2003

O Fim da Trilogia


Foi com grande satisfação, que depois de vinte e quatro longos meses, vi o fim da trilogia do Senhor dos Anéis, uma verdadeira trilogia, pensada como tal, e tendo um realizador que mereceu todos os aplausos dos críticos. Os actores souberam encarnar as suas personagens, a adaptação dos livros foi excelente. As Duas Torres foi considerado o mais fraco dos filmes, concordo em absoluto, mas acho que foi necessário assim, pois para quem leu os livros sabe que As Duas Torres, acaba com a captura de Frodo pelos Orcs, depois de ter sido picado por Shelob. Se esta parte fosse incluída na segunda parte da trilogia, melhorava imenso, mas a derradeira parte deixava de ter o brilho que teve, como grande final.
Em termos de personagens, a minha preferida na saga acabou por ser o Gollum, a personagem mais complexa, que leva os espectadores a vaguearem entre a pena pela sua maldição e estado e a raiva pela falta de escrúpulos na procura do seu “precioso”.
A finalizar, um Bom Ano de 2004, para todos, com tudo de bom.


PP

terça-feira, dezembro 30, 2003

Analisando este ano

De alguns anos para cá, tenho o hábito de analisar o ano que passou ou está quase a passar, a rever os acontecimentos do já distante Janeiro até ao frio Dezembro. Lembrar os que partiram, os que acolhecemos entre nós com o seu nascimento e a actualidade pessoal e do Mundo. É uma retrospectiva que gosto de fazer, e este ano não sendo diferente cheguei à seguinte conclusão: Continuo a esquecer que ao contrário do ditado popular, “a prática faz a perfeição”, que isso não é verdade, a prática cria novos erros, que devemos corrigir, e acabamos por interromper esse ciclo de aprendizagem, achando-nos sábios e esquecemos que a ignorância é infinita e a sabedoria ínfima. Vou tentar mudar esta minha mentalidade sabendo de antemão que não será certamente fácil, mas essa análise ficará para Dezembro de 2004.


PP
Na Actualidade



Desde que me lembro, em épocas festivas existem sempre tragédias a ensombrar as celebrações. Este ano é o sismo no Irão, onde mais de vinte mil pessoas pereceram. Que os que pereceram sejam chorados, mas por outro lado que o futuro da humanidade seja mais radiante, pois este país do Médio Oriente esta a receber ajuda da Europa e dos Estados Unidos, que apresentam mentalidades de vida e religiões distintas. Que da tempestade se faça a bonança e desta tragédia se faça um novo entendimento entre os povos. Apenas a ajuda israelita foi recusada. Como em tudo, ódios antigos são difíceis de ultrapassar, assim como o orgulho de receber ajuda de quem representa o inimigo, mas se aceitam ajuda dos Estados Unidos, já são ventos de mudança.


PP

sábado, dezembro 20, 2003

Conto de Natal


22 Horas, noite de Natal, Olavo um homem jovem de 28 anos, estatura
media, postura elegante, cabelos louros escuros, cara sardenta, olhos doces, escuros, mas amargos e tristes, engenheiro de profissão numa multinacional em Lisboa, vivia o seu primeiro Natal na solidão da Noite. Faziam seis meses que a sua única familiar, sua mãe falecerá. Ainda no ano passado o Natal foi tão diferente, uma simbiose de reencontro às origens e com o amor da sua Mãe.

Hoje, tudo mudou, mesmo assim Olavo, teimou em passar o Natal não em Lisboa com algum dos seus poucos amigos, mas sim, no local de sempre - a casa de sua Mãe – em Caldas da Rainha. No entanto, talvez já se arrependerá, pois afinal, a casa de sua mãe, berço da sua infância, que se situava no centro histórico de Caldas da Rainha encontrava-se agora tristemente vazia, fria, sem o calor do sorriso de sua Mãe, ou das suas palavras, que adocicavam o coração de Olavo.

No meio de tanta angustia, de tanta nostalgia no olhar, Olavo resolveu rumar à Foz do Arelho. O Mar da Foz, sempre tinha sido na sua juventude a testemunha dos seus primeiros amores e desilusões, enfim o Porto de abrigo para a reflexão.
Ao chegar à avenida da praia da Foz, agora rebatizada de Avenida do Mar, Olavo saiu do carro, olhou para os lados e apenas contemplou o vazio, de uma noite de natal, mas mesmo assim, rumou em direcção ao extenso areal. Estava uma noite fria, cinzenta, com um tom de vento ligeiro, a contrastar com um luar resplandecente e um céu coberto de estrelas vistosas, decerto de Natal, que serviriam de companhia para os solitários como o Olavo.

Olavo, caminhou adentro do areal até perto do mar. Olhou mais uma vez em volta, sentiu o cheiro da maresia e calmamente sentou-se.
Subitamente o imenso vazio e magoa que lhe percorria o pensamento, cresceu de forma exponencial tendo como resultado Lagrimas, sim Lagrimas. Olavo sentia-se sozinho, abandonado, o mais sozinho dos Homens.
Afinal o que era a sua Vida? O que tinha conseguido Construir em 28 anos?

Uma mera rotina de procedimentos frugais, de uma sociedade materialista e individualista, em que ele Olavo tinha sido cúmplice. 28 anos em que construiu meros bens materiais. Relações? Sentimentos? Bem, para alem de uma ou duas amizades relativas, somente uma sucessão interminável de namoradas que nada tinham significado, para ele, visto nunca se ter entregue verdadeiramente – talvez por medo, talvez por excesso de individualismo.

De um momento para o outro, e no meio deste conflito interior, que devassa a personalidade de Olavo, surgiu do nada, uma luz intensa, incandescente, forte, junto ao mar. Olavo ao contrario do que seria de esperar não sentiu medo. Olhou fixamente para essa luz, e para seu espanto, dessa luz, surgiu do vazio do mar, um ser uma mulher, alta, de cabelos sedosos, de um olhar intenso, misterioso, mas que inspirava confiança, vestida de branco, envolta de uma aura dourada. À medida que se aproximava de Olavo, seus cabelos baloiçavam ao sabor do vento, seu vestido branco comprido, escondia seus pés nus que calcavam a areia, deixando atras de si um rasto de flores – pétalas de rosas. Mais uma vez e perante este cenário, Olavo não teve medo.
Ao chegar junto a Olavo esta mulher misteriosa disse:

- Não tenhas medo, sou meramente uma alma perdida dos mares, que hoje subiu à superfície para debelar essa tua solidão. Sou a tua companhia de Natal. O presente dos deuses para que despertes para a vida.

- Olavo, nada disse.

Subitamente esta mulher, ninfa, deusa, ser mitológico, sei lá - sentou-se junto a Olavo agarro-lhe a mão. Nesse momento, Olavo sentiu por todo o seu corpo um enorme calor, uma energia fantástica que lhe inundou, não apenas o corpo mas também os pensamentos.

Por estranho que pareça, Olavo, sentiu confiança nesta mulher cujo olhar era hipnotizante.
Sem Perguntas, passaram a noite a conversar, a rir, sim a rir e a beber um vinho que segundo essa mulher era a formula magica para a felicidade. Estranho, de facto, mas a partir do momento em que provou esse vinho, Olavo, nunca mais se lembrou dos seus problemas, da sua solidão.
E assim a noite foi passada, entre gargalhadas, sorrisos ............................................... até Olavo adormecer.

De manhã, Olavo quando acordou no meio do areal da Praia da Foz, pensou que tudo decerto, não tinha passa do de um sonho. Mas ao analisar melhor, verificou que se encontrava tapado com uma manta de lã que nunca tinha visto, e mais do que isso, tinha a seu lado um Cristal Branco luzidio Com Um Nome gravado - Leonor


A partir desse dia Olavo, mudou radicalmente de vida, deixou Lisboa, e abriu um bar concerto na Praia da Foz.. Sempre que pode, caminha à noite pelo areal em busca dessa mulher mistério que apenas conhece o seu olhar fascinante e o seu Nome - Leonor

Um bom Natal

Antonio Cipriano da Silva

terça-feira, dezembro 16, 2003

Nada mais há a fazer


Hoje, escrevo este post no momento que considero mais oportuno, não em disponibilidade, mas em frieza de espírito. Ontem fui um dia muito doloroso, a partida deste mundo de uma jovem de vinte anos e sempre muito doloroso, mas esta em especial, quando a consideramos uma amiga. Depois de seis semanas de sofrimento, quer dela, quer da sua família, o sopro da vida esvaiu-se.
Não escrevi sobre isso antes, pois não sou daquelas pessoas abençoadas por acreditar no que não vêem, a mim, a dureza da realidade tem de bater à porta para me aperceber do absurdo da vida, como neste caso a sua extinção pouco depois de ter completado vinte anos.
Era amigo, não o melhor, nem decerto um dos melhores, mas respeitava uma amiga alegre, trabalhadora, simpática, enfim uma infinidade de atributos, que demoraria muito a enumerar. Ontem o absurdo da realidade batem-nos na cara, com a realização do seu funeral, onde um grande aglomerado de pessoas prestou os últimos tributos a esta jovem, a quem um dia um amigo meu disse que tinha um alma muito antiga. Espero que seja verdade, pois o tempo entre nós foi por demais breve. Resta-nos a sua lembrança do tempo que passou entre nós, pois de resto nada mais há a fazer.
Fiquem com a citação de um poema sem título, datado de 23/5/32 de Fernando Pessoa:

"A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.

A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho."



PP

quarta-feira, dezembro 10, 2003

Citação

Hoje quero apenas deixar uma citação do último livro que li, Onze Minutos de Paulo Coelho.
“Todos sabem amar, pois já nascera com esse dom. Algumas pessoas já o fazem naturalmente bem, mas a maioria tem de reaprender, relembrar como se ama, e todos – sem excepção – precisam de arder na fogueira das suas emoções passadas, reviver algumas alegrias e dores, quedas e subidas, até conseguirem ver o fio condutor que existe por trás de cada novo encontro (...)”


PP
Messias


No estúdio, o Notícias da Noite ia já no seu términus, faltando apenas uma última entrevista a uma pessoa que se dizia a reencarnação de Jesus Cristo. O director-geral do canal de televisão pediu ao pivot para provar inequivocamente de que o homem era uma fraude. Assim, começou então esta entrevista para Eduardo, jornalista experiente, pois já apresentava o Notícias da Noite há dois anos.
- Boa noite, senhor… Nem sei bem como tratá-lo…
- Pode tratar-me por Jesus Cristo, afinal esse era o meu nome original.
- Pois, mas não me diga que não um nome desta sua “reencarnação”. – responde Eduardo, com um ar de irónica gozação.
- Tenho sim, mas prefiro não divulgá-lo, como há-de compreender.
- Pois bem, o senhor é casado?
- Não, sou divorciado.
- Então, como reencarnação de Jesus, não previu que ela não era a mulher indicada para si? – enquanto diz isso, Eduardo mal consegue disfarçar uma pequena risada, ele está muito auto-confiante de si e acha-se o melhor, as sondagens que aparecem sobre quem é o melhor pivot de telejornais assim o indicam também.
- Para dizer a verdade, foi depois de descobrir a minha origem, que me divorciei. Eu simplesmente não a podia pôr em perigo, nem a ela, nem à minha filha. Mas tenho uma missão a cumprir.
- Posso saber que missão é essa, decerto que os teleespectadores estão desejosos de saber qual a sua missão?
- Os telespectadores não estão desejosos de saber, pois eles sabem qual é a minha missão, tu é que pelos vistos esquecestes os ensinamentos de Meu Pai. A minha missão é novamente morrer pelos pecados da humanidade.
- Sabe uma coisa? Acho que você não tem noção da realidade…
- E você têm? Tirou um curso de Direito, em que nunca exerceu nenhuma profissão relacionada com ele e actualmente é pivot de televisão. Presumo que ganha bem na vida pois o A4 que está estacionado lá fora assim o indica. Você vem trabalhar, senta-se confortavelmente numa cadeira e começa a ler o teleponto, fala da Guerra no Iraque, da fome em África, e em algum momento tem a noção dessas realidades? Já passaste fome? Já estiveste em alguma guerra? Tu, Eduardo, nem sequer foste à tropa para saber o que é essa realidade e achas que eu não tenho noção da realidade, apenas por dizer que sou a reencarnação de Jesus Cristo. Se eu acreditasse que era um polícia, ou um bombeiro já era fácil acreditar em mim, não era? Pensa nisto, muitas vezes a verdade não é assim tão simples e linear. O que pode parecer absurdo tem uma verdade oculta.
- Ah…
- Espera, agora quem conduz a entrevista sou eu… Desde quando é que tornastes assim tão hipócrita e céptico, Eduardo?
- Eu…
- Tu não eras assim… Agora só porque o teu director-geral pede-te para me expôr como uma fraude, tu pensas logo que eu sou uma fraude? Lembra-te que houve uma altura em que acreditavas no Meu Pai. Lembras-te de quando partiste o braço? Tinhas o quê, catorze anos? O que tu adoravas aquela menina da tua turma. Para impressioná-la decidiste subir à árvore e caíste.
- Como sabes isso tudo?
- Ainda perguntas… Bem, se não tens mais perguntas para me fazer, acho que a entrevista acabou.
Então levanta-se e caminha em direcção da saída perante o silêncio e a estupefacção de todos os presentes no estúdio.


PP

domingo, novembro 30, 2003

O Homem da Conspiração

Cada vez que vejo na Sic Radical, o anúncio do Homem da Conspiração, sinto uma irritação. Acho que são os piores cinco minutos que vão para o ar. O script não tem piada nenhuma, nem nexo e não se percebe como Nuno Markl dá a cara a tão triste programa, um programa que podia ser bom, se fosse influenciado por programas como a Contra-Informação ou o Daily Show. A questão que pergunto é: Como é possível continuar com este programa?
Já agora, em termos de irritação, relembro o anúncio da Playstation 2, em que uma garota está a cantar: “Oh, get on board!”. Depois de um anúncio brilhante, em que um bebé saía da barriga de sua mãe e ia envelhecendo rapidamente até cair na cova, para este, é definitivamente um passo atrás.
Mas nem tudo é mau neste canal, que tem séries muito boas, mas neste momento, as que mais aprecio são definitivamente séries bem pensadas e interpretadas: as regressadas Babylon 5 e Twin Peaks.

PP

sábado, novembro 29, 2003

Participação Cívica - 50 Euros
Nos dias 13, 14 e 15 de Novembro realizou-se na nossa cidade, a segunda edição do Congresso do Oeste sob o Tema: “O Ordenamento do Território como Factor de Desenvolvimento Estratégico”. O Congresso do Oeste foi apresentado pelos seus responsáveis, a ADRO (Agência para o Desenvolvimento Regional), como um momento de importância fulcral para a reflexão, e partilha de ideias que consubstanciassem a afirmação de uma estratégia comum para o futuro da Região. Mas os seus objectivos eram ainda mais ambiciosos, pois pretendia-se lançar no Congresso a “Primeira Pedra” da Futura Comunidade Urbana do Oeste, enquanto instrumento de aglutinação das forças da região num projecto de desenvolvimento comum.

Neste contexto apelou-se a uma ampla discussão que englobasse todos os quadrantes da sociedade civil, de modo a que as conclusões do Congresso efectivassem soluções o mais abrangente possível. Perante este objectivos, obviamente que todos aplaudíamos o esforço e a iniciativa desenvolvida por todos aqueles que organizavam o Congresso do Oeste.

No dia 13 de Novembro, enquanto cidadão interessado no futuro da nossa região lá me dirigi a Expoeste no sentido de assistir a este encontro. No entanto ao lá chegar sou absolutamente surpreendido pelo facto de me pedirem a quantia de 50 Euros para poder assistir ao Congresso. Não, não eram 1, 5 ou 10 Euros mas sim 50 Euros !! Obviamente perante este facto fiquei estupefacto, especialmente depois de se ter apelado à participação da sociedade civil. Decerto que a organização do Congresso esqueceu-se do nível de remunerações do nosso país? Da crise económica que o país ainda vive? Acresce o facto, de nunca ter sido comunicado na imprensa, a qual deu amplo destaque a este evento, que o referido congresso tinha um custo de 50 Euros para a sua participação. Mas, mais ainda, não nos esqueçamos que os meios financeiros da ADRO, e que a remunerações de muitos dos intervenientes no congresso advém do erário publico logo resultado do esforço contributivo de todos nos. Então porque será que o comum dos cidadãos que se preocupa com a cidade, região e consequentemente com o seu futuro, é abertamente afastado? É assim que se dilui a imagem negativa dos políticos? É assim que se reforça os mecanismo da Democracia? Obviamente que não.

Neste contexto o Congresso do Oeste foi infelizmente um evento marcadamente elitista, hermeticamente fechado, em que as suas conclusões são sobretudo, o resultado da visão da nomenclatura do costume. É pena, mas enfim, é o sistema que temos..........................

António Cipriano da Silva
antonionetsilva@hotmail.com



quarta-feira, novembro 12, 2003

Proposta Ridícula

Estando desempregado, foi-me sugerido por uma pessoa conhecida que trabalha no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), enviar o meu Curriculum vitae, para o novo Hotel Marriott de cinco estrelas, situado na Praia d’El Rey. Seguiu-se todos os trâmites legais e que são da praxe, como as entrevistas, neste caso precisei de três entrevistas com três pessoas estrangeiras e mais uma com uma portuguesa, que no final me apresentou a referida proposta ridícula.
Isto que vos relato passou-se ontem, não no ano passado, nem na década passada, o que acho importante sublinhar de início. O emprego era o seguinte, empregado do Health Club do Hotel Marriott, em que se tem que fazer o planeamento dos treinos ao nível de Musculação, Cardio-fitness e Natação entre outras actividades, de igual forma foi-me proposto um curso de nadador-salvador, que seria pago pelos representantes do Hotel. A acrescentar a isto tudo, apenas resta dizer que eu tinha de fazer quarenta horas semanais e não existem feriados, sábados ou domingos, sendo todos os dias iguais, por quinhentos e cinquenta euros mensais (550!!!) ilíquidos.
Nem precisei de pensar muito, pois com a despesa de gasolina que iria ter, visto que sempre são setenta quilómetros diários que faria, quase que ia trabalhar de borla.
Mal rejeitei, a senhora ainda teve o descaramento de me mostrar a última página e de dizer que a ia enviar de volta para o IEFP e perguntou se estava a receber subsídio de desemprego. Respondi que não estava e que não aceitava a proposta. A senhora levantou-se, foi ao computador, deu uma vista de olhos e disse que não tinha mais dinheiro para oferecer. Disse que não aceitava e ela respondeu que estando desempregado devia aceitar pois não existiam coordenadores e que dentro de um ano podia ser promovido.
Respondi que não, desejei uma boa tarde e saí. Saí chateado, admito. Mas não pelo facto de continuar desempregado, mas com outras questões como a proposta ridícula feita a um licenciado, pois fui lá três vezes para estes valores irrisórios e segundo porque senti que a referida mulher queria jogar poker, sem ter um par sequer para fazer bluff. Fiquei com a nítida impressão de que esperava que eu aceitasse. Talvez tenham sorte com outro, mas uma coisa é certa, se forem sempre assim não terão um serviço de cinco estrelas, pois os valores que apresentaram para mim no Health Club são os mesmos valores que apresentam, por exemplo, para um empregado de mesa e muitos não o aceitam pois ganham mais do que isso noutros locais.


PP

quarta-feira, novembro 05, 2003

Bispo Gay


Domingo dia 2 de Novembro, com a presença de quatro mil pessoas, foi finalmente consagrado o primeiro chefe de diocese asssumidamente homossexual, consagração esta que esteve, como era de esperar envolta em polémica. Eu cá, não quero emitir uma opinião pois muitas já foram expressas, deixo antes uma questão: Gene Robinson, o bispo tão falado, foi para o sacerdócio por “Amar a Deus” ou por “AMAR Deus”?

PP

domingo, novembro 02, 2003

Foz do Arelho

Mal ressurgiu o sol e clareou o dia, ao longe já se vê o velho intemporal palmilhando a praia da Foz do Arelho, com o seu inconfundível “Bolo fresquinho”. Ele parece ser parte da praia, dando a sensação de que não existiria esta praia sem ela, pois os seus pés quase que conhecem cada grão de areia existente. As estórias que ele sabe, aquele ser de bata branca, incansável na sua rotina diária. O Verão ainda não começou e ele já voltou à sua velha lide, com os seus pés descalços e calejados.
Quantas bolas de berlim e outros bolos já vendeu? Quantos quilómetros já andou, por este areal que se perde de vista? Quantas vezes teve de se calar e apenas observar, com um ar triste e resignado, as vozes esganiçadas e ridículas de adolescentes ignóbeis e mimadas, incapazes de observar o horizonte fora dos limites dos seus próprios umbigos? Em quantas dunas já repousaste para te libertares do cansaço que teimosamente não queres demonstrar? Como te chamas, aquele que percorre sozinho a praia vendendo bolos? Quantos anos terá? Poucos são aqueles que quereram saber e menos ainda os que se indagarão. Eu não sei, mas questiono. Que estórias me contaria ele? De que sabedoria popular encheria os meus ouvidos por horas intermináveis que passariam como se fossem segundos apenas? Falaria de todas as pessoas desta praia que já lhe compraram os bolos, de que ele nem sabe o nome, mas guarda na memória todos os seus rostos? Contar-me-ia estórias de sereias, os seus sonhos desperdiçados numa juventude rebelde ou apenas o cansaço de alguém simplesmente humano?
Este não é o momento de pensar nisso, estou cansado. Quero sonhar. Conta-me mais estórias.

PP

sábado, novembro 01, 2003

O Sonho do Desejo


A CRISPA DO MAR ESTÁ CALMA
A LUZ DO SOL É ALMA
NO ENTANTO NO CORAÇÃO
SOPRA VENTO
VENTO DE ENTENTIMENTO
E ESPERANÇA SILENCIOSA
MAS BONITA E ROSA,
COMO O AMOR
QUE BROTA NA ALMA
E QUE ME DÁ CALMA
PARA VIVER, SENTIR
E IR, IR
PELA MÃO DO DESTINO
QUE EU NÃO ATINO
SENTIR O DESEJO
QUE ME NASCEU DA SOLIDÃO
E QUE ME DEU A VISÃO
DO SONHO E DO DESEJO.



ACS

quarta-feira, outubro 29, 2003

Golo


Depois do aquecimento, os jogadores recolhem aos balneários. È o último jogo do Campeonato e só a vitória interessa para garantir o primeiro lugar. O estádio está completamente lotado num ambiente de festa, que transborda para além dos limites do estádio, pois o encontro é transmitido para todo o País, onde milhões de adeptos esperam ansiosos pelo apito inicial.
Já no balneário, o ponta-de-lança da equipa da casa, telefona para a sua esposa, a saber se ela já se encontra no estádio. A sua mãe telefonou e ela está a acabar de sair da sua casa, ao que chegará atrasada, mas irá. Desliga o telemóvel, nervoso. A sua esposa sempre foi vista como um talismã para ele e o facto de ela não assistir ao desafio de início perturba-o, as suas pernas tremem e a sua mente retêm aquele pensamento, de que a sua mulher chegará atrasada ao desafio.
Tem início o jogo, nas bancadas o público, festivamente, executa a “Hola”, enquanto a equipa da casa começa a “pegar no jogo”, procurando resolvê-lo cedo, pois só a vitória fará deles os novos campeões nacionais. À beira do intervalo, um defesa da equipa adversário comete falta para grande penalidade. O árbitro apita e aponta para a marca de grande penalidade e, em seguida, mostra o cartão amarelo ao defesa. O ruído das bancadas torna-se ensurdecedor. O ponta-de-lança avança para a bola, o guarda-redes move-se para o seu lado direito e a bola é rematada para o seu lado esquerdo, não havia nada a fazer, mas a bola caprichosamente vai ao poste e sai pela linha de fundo, pontapé de baliza que o árbitro não deixa marcar pois estão findos os primeiros quarenta e cinco minutos.
Desiludido, ele volta aos balneários e telefona novamente para a sua esposa. Esta encontra-se neste momento presa num grande engarrafamento e não vê jeito de sair dele tão cedo. O ponta-de-lança promete-lhe então um golo e volta ao campo com essa promessa em mente.
Os minutos vão passando e só à beira do fim do jogo é que o engarrafamento foi ultrapassado e a velocidade normal é retomada. A criança impaciente e sem noção do que se passa, remexe-se e tenta-se livrar do cinto que a mantém imobilizada há demasiado tempo. A mãe diz para ele estar sossegado e vira-se para o ver melhor, esquecendo-se de prestar atenção aos outros carros.
No campo, os minutos passam e a festa começa a dar lugar à impaciência dos adeptos, que começam a assobiar. Nisto, um cruzamento bem medido por parte do extremo-esquerdo, encontra a cabeça do ponta-de-lança, que cabeceia para o fundo das redes adversárias fazendo a festa da vitória.
A mulher, alheia ao que se passa na estrada, tenta prender o filho, nisto, olha e vê que vai chocar com um outro carro à frente e trava a fundo. O filho, liberto do cinto que o prendia à cadeira de bebé, voa e embate contra o vidro do carro, estilhaçando-o, enquanto na rádio, o comentador desportivo grita o golo do progenitor.

PP

sábado, outubro 25, 2003

Diversos



Hoje escrevo só por uma razão. Embora um amigo tenha dito que este blog está a ter demasiados comentários futebolísticos, vou voltar a abordar, mas após o dia de hoje vou tentar ao máximo evitar comentar o futebol, sendo certo que é difícil para alguém formado em Desporto.
O dia de hoje em Portugal, quer se queira, quer não, é a inauguração da Catebral do Futebol, o novo Estádio da Luz, um estádio moderno, que é uma prenda de anos antecipada pelo centenário do Sport Lisboa e Benfica.
Seguindo em frente, e sem falar de desporto, passo para uma visão actual da caixa mágica que mudou o Mundo. Os canais nacionais privados estão em decadência tão grande como os seus outros dois companheiros públicos. Séries de qualidade como Push, Nevada, que hoje assisti na Sic Radical já não fazem paste da grelha televisiva que compunha antigamente esses canais. Bons tempos em que a TVI apresentava séries como Profiler, Babylon 5, Ficheiros Secretos, Profiler, Ally McBeal, Causa Justa e Seinfeld, entre outros grandes programas. Actualmente alguma das referidas séries passam em canais de cabo, em que muitos portugueses ainda não têm acesso e são quase forçados a ver o Big Brother, na sua já sexta série, presumo que nenhum outro país do mundo tenha tido tantas edições, e a completar o ramalhete a ficção nacional, que acaba por perder muito qualidade quando repetem metade do último episódio no novo que começa, transformado a trama, em algo diluído e lento, durando como no caso do Anjo Selvagem, mais de um ano. De aplausos na TVI, só os comentários de Domingo, no Jornal Nacional, de Marcelo Rebelo de Sousa.
Na Sic, vê-se programas a ter sucesso, sem o mínimo de qualidade como o caso de Malucos do Riso, que dura à imensos anos, mas do que o devido.
Atenção, não quero aqui deixar a ideia que só os canais de cabo é que são bons e que é tudo óptimo, existem programas ou canais que também não estão bem, sendo o caso mais visível a MTV Portugal, que não possui nenhum programa gravado em português e feito cá, sendo um canal praticamente igual ao que era anteriormente. Outro caso são dois programas da Sic Radical: O Homem da Conspiração, em que nem Nuno Markl tem piada, nem os textos que ele interpreta e o Curto-Circuito, que depois da saída de Rui Unas e de Fernando Alvim, perdeu totalmente a piada, possuindo actualmente um apresentador medíocre como Pedro Ribeiro.
Por hoje fico por aqui, não prometendo, mas tentando ao máximo evitar falar sobre Futebol.


PP

sexta-feira, outubro 24, 2003

O que aconteceria?

E se eu me virasse para ti e dissesse que eras a mulher da minha vida, o que fazias? Será que olhavas para mim e irias rir das minhas palavras ou me beijarias sofregamente? Será que também me dirias que me amas e que queres ser minha para sempre ou simplesmente me darias um beijo de afecto na cara, viravas-me as costas, partindo sem dizer uma palavra? Será que ainda me falarias na rua ou atravessavas para o outro passeio, afim de me evitar? Por que farias isso? Deitarias fora toda uma amizade construída? Ou não terias coragem para me desapontar e desiludir ou apenas não conseguirias exprimir os teus sentimentos por mim? Será que os teus olhos atraiçoariam as palavras que ficaram por dizer? Ou confirmariam a sua ausência? Conseguirias acordar no dia seguinte sem esboçar sequer um pensamento de tudo o que te disse? Conseguirias olhar-me nos olhos, como te miras ao espelho? Ou olhas para o espelho e sentes embaraço do que vês? Será que eu te amo e tenho uma maior consideração por ti, do que tu tens auto-estima? Tens sonhos e desejos por mim, ou não existimos como “nós”? Sentes o mesmo ritmo de paixão que eu sinto ou não tens música no coração?
Isto tudo era o que eu gostava de saber e de te perguntar. Tudo trespassa a minha mente nestes segundos, apetece-me expelir toda esta erupção de palavras, mas não. Definitivamente, não. O medo da rejeição, da perda da tua amizade é muito forte. Então fico embasbacado e especado, observando toda a tua aura dourada que emanas, enquanto esboças uma gargalhada, devido a uma piada tola que disse. Talvez amanhã seja o dia, mas hoje não.


PP
Os olhos luzidios


Ela acorda na alvorada de um novo dia, seus olhos se abrem e abraçam o amanhecer. Livre das amarras opressoras, o ébano dos seus olhos reflectem a luminescência solar que absorvem. O seu sorriso é um mar de esperança, um oceano de tranquilidade. Levanta-se, todos os minutos perdidos não podem ser recuperados e todo o dia é uma nova bênção. A evolução da vida quotidiana deu-lhe as comodidades da vida, mas é na simplicidade, que ela encontra o sentido de existir, a alegria de respirar e de se sentir. Seus olhos, outrora vazios e baços, voltaram a luzir como as estrelas no firmamento imenso.

PP
A Fotografia

Artur aponta a sua máquina digital na direcção de Eva, ela sorri, um sorriso franco, mas ao mesmo tempo, esconde a cara embaraçada. Sente-se vigiada, ali no café por todas aquelas faces conhecidas da vida mundana e tapa os olhos. Porque será que os olhos são os primeiros órgãos que se escondem quando não queremos ser fotografados? Será por serem o espelho da alma ou não queremos revelar o nosso estado de espírito? Não se quer mostrar a falta de alegria, a falta de brilho de vida, o contentamento de se estar vivo, de existir.
A felicidade é efémera e a tristeza uma constante. As palavras podem mentir, mas se exceptuarmos a boca, o corpo não mente. É demasiado honesto, especialmente os olhos. Daí provêm a reacção instintiva de tapar os olhos, a tentativa de se ocultar o que se sente. As palavras são uma máscara que se usa. Um meio de comunicação refinado pelo Homem, uma evolução que se esqueceu da linguagem instintiva do corpo.
Artur percebe que apesar da aparente felicidade que dela emana, seus olhos revelam tristeza, algo que ela tenta esconder, pois sabe que assim que a imagem ficar retida para sempre naquele pequeno visor, ele se aperceberá.
O que é uma fotografia? Uma tentativa falhada de imortalizar alguém. É um fracasso, porque uma pessoa é mais do que o que é capturado. O que se capta é um momento apenas, um milésimo de segundo que fica gravado para sempre, com um sorriso forçado e que não nos revela. A fotografia não ri, não chora, não pisca os olhos, não sente, não pensa. Numa fotografia, não somos nós que aparecemos, apenas o invólucro porque a máquina é incapaz de captar a alma de uma pessoa. E se já por si mesma é incapaz de captar a essência de uma pessoa, qual a necessidade instintiva de tapar a face rosada de embaraço?
Como foi dito, a felicidade é passageira e esta está a chegar ao fim da sua viagem. Eva sente isso e tenta adiar ao máximo. Teme que a fotografia apresse o curso normal do destino, então rejeita ser fotografada.
Artur também se apercebe que esta relação terá de terminar, embora isso não seja o seu desejo e então sorri. Ficam ambos assim. Durante longos instantes. Neste silêncio confortável. Um silêncio que ambos prezam, não existe a necessidade de palavras, que poderiam estragar este momento. Ele estende a mão e acaricia-lhe a face. Ela sorri ainda mais, fecha os olhos e desvia a cara beijando-lhe a mão.


PP
A Brusquidão

Brusquidão, s.f. (de brusco). Qualidade de quem ou do que é brusco.
Brusco, adj. Áspero, desabrido. Arrebatado nos modos, nas palavras. Nublado, escuro. Triste, sombrio. Súbito, inesperado, repentino, imprevisto, rápido.

In Machado, José Pedro (1990) – Grande Dicionário da Língua Portuguesa, Ediclube, Lisboa



De cabelo ébano, solto e brilhante, olhos cor da esperança e um corpo formoso, ela dança ao som da música.
Apesar da garrafa da água que está na mão de um rapaz, próximo a ela e que a observa, a sua garganta está seca e a sua pulsação aumenta, só de a vislumbrar. É ardente o seu desejo de a conhecer, mas a sua mente procura as palavras certas para serem ditas e nenhuma lhe agradam.
O destino socorre-o e logo aparece um amigo que a conhece e trata de ir falar com ela. Poucas palavras são sussurradas ao ouvido de cada um e logo o seu coração acelera ainda mais com a iminente situação de a conhecer. Depois do cumprimento surgem uns clichés de ocasião, em que o riso dela é extremamente desagradável e os seus modos são... bruscos. Vem a desilusão, apesar de bonita, a brusquidão dos seus modos a torna repulsiva e a emoção de a conhecer é transformada em desilusão.

PP
Pensamento de um dia

Todos, temos aqueles dias em que por os mais variados motivos nos sentimos vazios, ocos, em que questionamos o hoje, o ontem, o amanhã. Em que nos perguntamos o porque daquele papel que apesar de nada nos dizer, insistimos em representar quer seja no trabalho sobre a égide da maléfica gravata ou na família, ou nos sentimentos para com os outros.

Pois bem, hoje foi um desses dias.

Nestes dias de introspecção, de revolta contra os Adamastores da Alma, rumo invariavelmente em direcção de um mar qualquer. Geralmente o Mar ora feroz ora terno, da Foz do Arelho. Ao chegar sou presenteado por Poiseidon por uma paisagem impressionista de Monet. O sol já se encontra naquele momento de entrega, de fronteira entre o dia e o anoitecer, num tom alaranjado, em que as sombras, as pedras, as rochas e os animais ganham uma deslumbre de fascínio, talvez por estar a terminar mais um ciclo da vida no planeta. Gaivotas esvoaçam aqui e acolá em círculos constantes e repetiveis, num equilíbrio instável sobre o areal na busca de um petisco ou algo. As areias encontram-se desertas. Não, não é bem assim. Ao longe deslumbro um pescador de cana bem levantada. Talvez um homem nos seus 60 e picos anos, de barba arisca , branca volumosa e cansada pelo tempo que em simbiose com os cabelos grisalhos serpenteiam o passar do tempo. Do lado oposto encontra-se um jovem casal de namorados. Ela, morena de cabelos negros escuros e porte elegante, e ele de cabelos curtos, muito curtos e de estatura especialmente alta. Ambos de mãos bem dadas caminham trocando sorrisos, olhares doces, melosos, terrivelmente apaixonados num silencio só quebrado por beijos profundos e sentidos que me fazem sorrir e a acreditar na beleza dos sentimentos humanos.

Caminhei em direcção ao mar, primeiro pelo areal que entrelaça os nossos pés da essência da natureza, e depois pela areia molhada pelo sal do mar que desperta uma frescura, uma névoa pelo corpo. Ao chegar ao mar, ao sentir de perto o tom, o cheio a essência natural e espiritual do mar, toco-lhe, devagar, suavemente. É neste momento de redescoberta do mar , do frio quente das sua aguas, do ternura das suas ondas revoltas que me acalmo suavemente. Sentei-me então no areal, olhei ternamente a sua grandiosidade, a pequenez das Berlengas aqui tão perto e lembrei-me de ti. Sim de ti __XXXX__,que apesar de renegares a minha alma e de estares bem longe, e num momento em que nada o fazia esperar, teu rosto ainda que escondido nas sombras da psicologia humana, surgiu na nos meus olhos. Neste mesmo momento sorri, e o vazio, a inconstância e túmulo que me torturava a mente passou repentinamente como se não passa-se apenas de um sonho mau.

Cheguei a casa e obviamente tive de escrever estas palavras, para saberes que contigo e em simbiose com o mar me ajudas-te hoje a redescobrir mais uma vez a alegria do viver.


ACS
As Praxes



Na actualidade existem estórias cíclicas, que ano após ano vêm marcar uma determinada estação, no Verão temos os incêndios florestais e no Outono temos as praxes.
As praxes são um assunto sempre envolto em polémico, os abusos e as humilhações dos caloiros são repetidas de ano para ano, mas a bem de uma recepção que é um elemento integrador do novo aluno, nada é feito para impedir os excessos.
Este ano, a Instituição visada foi o Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, em que pais de caloiros protestaram contra uma praxe sexual violenta, onde novos alunos foram obrigados a atar os seus pénis a cordéis e também a beber um copo de água depois de outro aluno ter lá mergulhado o seu pénis. Estas práticas são estúpidas e pessoalmente não vejo qual a sua utilidade integradora, quando se sente prazer em humilhar os nossos semelhantes, para mais em pessoas que frequentam um ensino dito superior. Nas Faculdades, entram na sua maioria alunos com 18 ou mais anos, logo o facto de eles serem pintados revela a meu ver, imaturidade por parte dos veteranos, que se divertem como crianças da primária, o que é ridículo. Quando tentam fazer praxes de diferente nível recorrem à humilhação, através de práticas que não dignificam a condição humana, a bem de uma falsa integração, pois a verdadeira integração é apenas e tão só a escolha de padrinhos e madrinhas, pessoas que os possam ajudar na transição que existe entre o Ensino Secundário e o Superior.
E o pior é que nada é feito para terminar de vez com estas características negativas da praxe, praticada por futuros médicos, engenheiros, advogados, cientistas, etc. A praxe deve existir? A resposta a meu ver é sim, mas nunca nos moldes feitos na actualidade. A entrada numa Universidade deve ser um motivo de festa e não de humilhação.


PP

quinta-feira, outubro 23, 2003

Nandrolona


A nandrolona, substância dopante que esteve na ordem do dia na época de 200/2001 volta a atacar a Itália. Desta vez, é o jogador do Inter Mohammed Kallon o visado. Depois, da referida época e com uma época tranquila de premeio, volta-se a falar da referida substância, o que obviamente não é bom, por duas razões:
1ª- Retorna da suspeição sobre o Futebol e sobre o desporto em geral;
2ª- Esta época termina com o Campeonato Europeu de Futebol, e com estes casos, pode haver um descrédito no evento por parte dos espectadores.
Se bem que estes casos devem ser devidamente punidos, não é menos verdade que as pessoas querem ver em acção os melhores dos melhores e não os melhores dos não-dopados.
Se o referido jogador, pela sua nacionalidade nunca poderia alinhar num Campeonato Europeu de Selecções, o que deixa, por ora, intacta a nata do futebol europeu, é real a possibilidade de ser o primeiro futebolista apanhado, num novo ciclo, o que se espera que não se concretize, pois é mais um descrédito ao Futebol e ao Desporto em Geral. Para mais, chegam as suspeições da imprensa sueca sobre a equipa do Sporting.
Para finalizar, a notícia de que o melhor futebolista português pós-Eusébio vai abandonar a selecção findo o Euro-2004 é uma notícia que me entristece, pois após o Europeu, visto que muitos outros futebolistas também seguirão o exemplo de Figo, ele deveria se manter na selecção, como elo de ligação entre a mística de um passado recente e as gerações ambiciosas de jovens jogadores que se estão a espalhar rapidamente por esta Europa fora.


PP

terça-feira, outubro 21, 2003

A Linha Fantasma

Num destes dias cinzentos, em que a chuva tal como a crise económica teima em aparecer, fazendo o romper da manhã mais melancólico, embarquei para uma viagem com contornos de Historia e Passado, na Linha do Oeste rumo à capital.

Na estação, naqueles minutos de espera sempre propícios à reflexão e ao observar das paisagens humanas e naturais, fui tomado pela impressão de estar num tempo que já pensava distante. É verdade todo aquele cenário anacrónico, das automotoras laranja e das carruagens cuja cor já esta parcialmente gasta pelo tempo, conjugado com a chuva miudinha e o escuro do tempo lembrava-me uma passagem de um filme dos anos sessenta.

Mas a realidade é que todo este cenário, que se mantém há décadas, não é uma representação do passado, mas sim o presente de uma Linha Ferroviária que pela força do esquecimento de responsáveis políticos e da CP, permaneceu imutável, sendo hoje mais um “Postal Turístico” do Portugal antigo e atrasado.

Enfim, lá embarquei na carruagem, sentei-me junto a uma das janelas. A Viagem, longa no tempo, vazia de passageiros (somente 8 pessoas já de idade avançada, que lá trocavam palavras sobre banalidades) e fria de conforto, lá decorreu sem pressas e com tempo para uma leitura do jornal. Por uns momentos fechei os olhos e imaginei como seria a mesma viagem, num comboio moderno, com serviços ao cliente: bar, rádio, cadeiras confortáveis, passageiros fervilhando de vida. Mas ao abrir os olhos a realidade cruel da linha do Oeste, ou melhor “Linha Fantasma” lá estava. “Mas talvez fosse melhor assim”, sempre podia contemplar a paisagem e conhecer os numerosos apiadeiros e estações que ficam no percurso (Óbidos, Dagorda, S. Mamede, Paul, Dois Portos, Pero Negro, etc.), e assim fugir a normalidade da paisagem urbana.

Ao fim de quase 2 horas de viagem – os prédios cinzentos, a construção desordenada, o fervilhar de gentes apresadas pronunciavam a chegada ao Cacém. Agora já só faltava a etapa final – o mudar de comboio. Assim foi, lá mudei de comboio e ao som dos telemóveis, das crianças que choravam, dos apertos de uma hora de ponta, a jornada se completou.

Todo este cenário desmotivador, triste, de semi-abandono retratado acima, é o resultado da inacção de sucessivas administrações da CP, de governos e ministérios, que apesar de apregoarem em tempos eleitorais a importância estratégica da Linha do Oeste enquanto Interface de ligação entre a Capital e o Centro do país, limitaram a sua acção à realização de sucessivos e intermináveis estudos.

Mas será que vale a pena apostar na Linha do Oeste? Não seria preferível simplesmente desmantelar a linha e assim cortar na Despesa Pública?

Penso que não. Senão vejamos:

O mercado de transportes de mercadorias na Linha do Oeste tem vindo a ter uma procura crescente, o que só por si já representa uma razão óbvia no apostar na Linha do Oeste e consequentemente na indústria da região. Mas, mesmo no mercado de passageiros existe uma procura potencial. Quantos Expressos, e Carreiras Rápidas existem entre Lisboa e Caldas? Inúmeros. Obviamente que todos estes clientes da rodoviária estariam dispostos a optar pelos caminhos-de-ferro, caso lhes fosse oferecido um serviço de qualidade e quantidade em termos de horários. Mas mais ainda, com o futuro Aeroporto Internacional de Lisboa, será igualmente necessário ligações entre a Ota e Lisboa. E que melhor solução do que a Linha do Oeste.

Por todos estes motivos considero que é urgente reconstruir, repensar a Linha do Oeste, pois esta não deve continuar a ser uma “Linha Fantasma”. Assim espero que os responsáveis e a própria sociedade civil, se envolvam neste processo de modernização, de modo que o Futuro desta, seja bem diferente do Presente, o qual é meramente uma imagem de um Passado que já devia estar, bem lá no fundo do Horizonte.

ACS

segunda-feira, outubro 20, 2003

Kingsley – Parte II


Hoje, depois de mais um fim de semana desgastante, ao acordar estava longe de imaginar que iria escrever alguma coisa para a minha nova alegria, o meu blog. Queria descansar um pouco, mas, como leitor assíduo do jornal “Record”, constatei com alegria um artigo de duas páginas, com o já citado por mim noutro artigo, o jogador Kingsley.
Mas, como sempre, existem pessoas que acham que devem procurar a sua parte na glória, qual não é o meu espanto, ao ver o jornalista António Tadeia citar o ex-treinador do Caldas, Francisco Barão, dizendo este que tinha ido buscar o referido jogador à 3ª Divisão, quando na referida época, em que o jogador ingressou no Caldas, esse senhor treinava o Estrela de Portalegre e o treinador que apostou em Kingsley, foi Eduardo Silva, actual técnico do Beneditense.
Francisco Barão, foi um técnico incapaz de criar empatia com os sócios e simpatizantes do Caldas Sport Clube, especialmente pela sua atitude cobarde no banco de suplentes, onde só se manifestava a plenos pulmões quando a equipa adquiria vantagem no marcador, pois de resto estava calado e se a equipa começava a perder em casa, logo se sentava.
Como sócio do Caldas, não me agradou a saída do treinador Eduardo Silva e a sua substituição por um amigo pessoal da Presidente Fernanda Teles e um episódio passado depois de um jogo no Campo da Mata, a poucos passos de mim, criaram-me uma imagem do Senhor Francisco Barão, de uma pessoa demasiado arrogante para as suas capacidades reais. A maneira como abandonou o Caldas Sport Clube, também demonstra bem a sua falta de carácter e pelos vistos a palavra mentiroso (a ser verdade que essas palavras escritas foram por si ditas), é uma palavra do seu dicionário.
Para terminar, refiro que vi ontem a reportagem da Sic Notícias ao jogador Kingsley, que continua igual a si mesmo. Que exemplos destes, dado por pessoas de responsabilidade no meio futebolístico, nunca sejam seguidas por ele, e que Kingsley mantenha a sua alegria dentro de campo.
JUIZ MASTURBADOR

Na edição de ontem do diário Correio da Manhã, encontra-se uma notícia no mínimo insólita, o caso de um juiz francês, que nas próprias palavras do autor do artigo “(...) masturbou-se em plena audiência, aparentemente incapaz de conter-se perante o encanto de uma advogada que apresentava os seus argumentos.”
Com a típica mania portuguesa de imitar os costumes que vêm de fora, não é de espantar que em breve, os advogados portugueses comecem a ter a concorrência de mulheres como Isabel Figueiras, Sofia Aparício, Raquel Loureiro ou Luísa Beirão, que serão contratadas para apresentar os seus “argumentos” aos juizes portugueses.
Voltando atrás e num tom mais sério, este caso passa-se com um juiz de 39 anos, que já tem um registo clínico de distúrbios psíquicos que datam de 1994, tendo estado durante os últimos 9 anos várias vezes de baixa, devido à sua condição mental e que inexplicavelmente continua a exercer as suas funções, decidindo casos sem que tenha a devida estabilidade psíquica.

sábado, outubro 18, 2003

Kingsley


Neste momento, na exageradamente denominada SuperLiga de Futebol, existe um nigeriano que esta a surpreender o panorama futebolístico nacional. Trata-se do jovem jogador, Kingsley, que actua na equipa do Beira-Mar, e que foi contratado à poucos meses atrás ao clube da minha terra, o Caldas Sport Clube.
O jogador, carinhosamente baptizado de “Cissé” pelas pessoas de Caldas é, com alguma surpresa o primeiro classificado do prémio, “O melhor de Record”, à frente de tantas vedetas consagradas. Surpresa para a generalidade, mas não para os adeptos e simpatizante do Caldas Sport Clube, que gostavam e acarinhavam este jovem, quando aqui actuava.
Obviamente que a sua presença no onze titular do Beira-Mar contribui para um acréscimo de qualidade no jogo da referida equipa, mas não lhe podemos atribuir o mérito absoluto, pois uma equipa não se faz apenas de um jogador e o Beira-Mar conta com outros excelentes executantes como Juninho Petrolina, que finalmente se revela na sua plenitude de pois de um par de épocas tapado por Ricardo Sousa, entretanto transferido para o Boavista, ou o holandês Wijnhard. Uma palavra especial também deve ser dirigida ao treinador, António Sousa, um homem que se mantém há imensas épocas em Aveiro, escapando incólume às famosas chicotadas psicológicas.
Mas voltando ao Kingsley, um jogador que ainda faz sonhar os (poucos) adeptos que ainda se arrastam pelos campos secundários do País, em entrevista efectuada à TVI, demonstra continuar a ser uma pessoa humilde e disposta a evoluir ainda mais. Desejo-lhe assim os maiores sucessos e que ele tenha uma estreia muito positiva, contra um dos denominados Três Grandes, pois nestes jogos e com as suas exibições é que se pode sonhar de duas maneiras: o próprio jogador, de que um dia poderá jogar ao mais alto nível, e o adeptos com as suas jogadas plenas de técnica de alto gabarito.

quarta-feira, outubro 15, 2003

Sobre a recente eleição do Governador Arnold




Apesar de não ir à terra que me viu nascer há já quase catorze anos e sentindo-me para já um genuíno português, é difícil não esquecer as “roots”, seja por que razões forem. Os portugueses por natureza são pessimistas, têm a mania da perseguição, o seu fado fatalista e acontecem-lhes as coisas mais absurdas, dignas do Terceiro Mundo, mas então o que dizer dos Estados Unidos da América, país que tem o maior Produto Interno Bruto do Mundo inteiro e são vítimas do ridículo?
A última grande ocasião deu-se com a eleição do (ex?) actor Arnold Schwarzenegger, como o novo governador do Estado da Califórnia, apenas o maior estado americano, com uma território semelhante ao da Espanha e neste momento com um défice das contas públicas astronómico.
Mas o problema em si, não é a pessoa que ganhou a eleição, mas sim todo o procedimento que aconteceu. Se perguntarem a alguém, o que têm em comum uma ex-actriz pornográfica, um pornógrafo, um actor de sucesso e um anão pensem bem na resposta, pois não é o maior espectáculo do Mundo, embora por uns tempos esta eleição dominou a realidade americana.
Que a auto-proclamada “Maior Democracia do Mundo”, tem leis estranhas, já todas as pessoas o sabiam, ou se não sabiam tomaram conhecimento com as recentes eleições presidenciais em que um Presidente foi eleito, tendo no cômputo geral menos votos, do que o seu opositor, agora que se transforme essas mesmas leis no ridículo que foram estas eleições para o Estado da Califórnia é muito diferente. A estória destas começa com um congressista republicano que devido à sua fortuna e descontentamento com o governador eleito, procura recolher as assinaturas de, pelo menos 12% dos eleitores votantes na última eleição, número esse que foi largamente ultrapassado. Tendo então direito ao chamado recall, esse senhor assumiu-se como candidato a novo governador da Califórnia, para se tornar apenas mais um entre um número significativo de candidatos, mais de meio milhar. E porquê este número absurdo de candidatos? Porque a lei é simples, todos os residentes da Califórnia que reunam 65 (?!) assinaturas e 3500 dólares (aproximadamente o mesmo em euros) pode ser um potencial candidato. Mesmo após uma triagem inicial, restaram os 135 candidatos oficiais que foram no passado dia 7 de Outubro às urnas. Nenhum destes 135 candidatos era o congressista que gastou da sua fortuna para permitir que isso se tornasse realidade, pois o Partido Republicano anunciou Arnold Schwarzenegger como o seu candidato.
Mas as leis americanas ainda ganham novos contornos, pois os dois principais candidatos não estão inseridos num mesmo boletim de voto, pois as eleições fazem jus ao seu nome e são mesmo eleições (que confusão!), pois os eleitores tiveram direito a dois boletins de votos. O primeiro boletim era para saber se a população achava que o governador deveria ou não ser destituído, o segundo era para saber que candidato deveria ser eleito, assim Gray Davis teve menos dos 50% dos votos necessários para a sua continuidade e Arnold pode seguir no trilho de Ronald Reagan, se a esperada 28ª Emenda da Constituição for aprovada e possibilite a candidatura à Casa Branca, dos naturalizados americanos, com um tempo mínimo de vinte anos de passaporte americano.
Depois desta complicação, pode ser muito fácil dizer, é maravilhoso viver em Portugal.
- E se -



E se,
O mar deixasse de ser mar,
O céu deixasse de ser céu
Tu deixasses de ser tu,
O que seria de mim?

E se,
As estrelas deixassem de ser estrelas,
A Lua se afastasse,
O meu sono findasse,
O que seria de mim?

E se,
Perdesses o sal da vida,
Ficando torpe e envelhecida,
O que seria de mim?

E se,
Eu deixasse de sonhar,
Já nem com o teu olhar,
Se deixasse de sorrir,
Tudo me pudesse inibir,
O que seria de mim?

O vento aqui não canta,
Já nada me encanta,
O que foi feito de mim?

Histórias da Cidade Termal

Sempre que passo pela Rua da Liberdade ou pela Rua de Camões nos afazeres próprios da vida agitada de hoje, são poucas as vezes que não encontro D. Teresa. D. Teresa uma setuagenária, de estatura média, forte, de longos cabelos negros esbranquiçados aqui e acolá, pelas fatalidades do destino, olhos negros profundos, bonitos e dona de um sorriso afável, gostoso, cumprimenta-me sempre efusivamente. No entanto de há dois anos para cá, uma certa nebulosidade crescente no olhar, cada vez mais nostálgico, conjugado com palavras mais amargas, vem envelhecendo de um modo exponencial aquela alma de mulher doce e antes lutadora. E tudo isto, após ter trespassado a sua loja de cerâmica e produtos tradicionais.

D. Teresa originária de uma família de parcos recursos, ligada desde sempre à cerâmica, depressa largou a escola, por troca com os saberes da oficina cerâmica do pai. Ainda traquina aprendeu a brincar com o barro, a dar vida ao barro, através da idealização de figuras, pratos, canecas.

Aos 24 anos na sequência de uma paixão “suave, tranquila mas arrebatadora”, como ela diz, casou com um jovem do Couto, também ele ligado a estas coisas do barro. Juntos no amor e na arte da cerâmica, abriram uma loja de produtos cerâmicos na Zona Histórica de Caldas da Rainha.

Dessa Loja criaram 4 filhos, diversas amizades, mas mais importante do que isso, preservaram tradições, lutaram mesmo sem saber, pela cultura das Caldas da Rainha, com um sorriso nos lábios. Sempre que chegavam os turistas em grandes camionetas de excursão ou magotes de aquistas que após os banhos nas águas sulfurosas do hospital, procuram nas lojas algum presente ou recordação, para levarem um bocadinho das Caldas aos seus familiares; D. Teresa recebia-os com uma alegria contagiante, uma gargalhada sempre efusiva, uma espontaneidade de gestos e palavras que levavam os turistas, forasteiros, a comprar quase sempre mais do que tinham planeado.

Mas na vida é muitas vezes assolada por tempestades, muitas vezes madrastras. Efectivamente com o encerramento do Hospital Termal tudo se alterou. No Inicio D. Teresa dizia brincando – “agora é que eu vou fazer umas férias no verão”; mas com o desenrolar dos dias, dos meses, as férias foram-se tornando intermináveis. Os turistas, os aquistas, tornaram-se cada vez mais uma lembrança distante, e o sorriso da D. Teresa foi-se fechando. E todo este cenário, provocado por uma bactéria que apesar de microscópica era de facto gigante. Sim, gigante de tal modo que colocou em cheque o modus vivendi de uma comunidade.

Aos poucos e poucos, muitos não resistiram ao novo ovo de Colombo – os “Franchasings”. D. Teresa foi resistindo, mas o relembrar cada vez mais insistente de netos e filhos, das vantagens de uma reforma já merecida levou-a a claudicar. Fez um bom negócio, mas com diz o povo “Dinheiro não é Felicidade”, e dai em diante o olhar de D. Teresa nunca mais foi o mesmo. Um vazio, uma mágoa, por ter perdido parte de si mesma, passou a percorrer a sua alma e a estar patente no seu Rosto.

Hoje quando a vejo na janela da sua casa, sinto pena por aquela mulher já ser apenas uma sombra daquilo que foi.

Toda esta história é uma simples ficção, mas uma ficção que tem muito de verdade. A crise termal instalou na cidade uma ferida latente, que varreu o comércio, tradições e vidas simples de pessoas como a D. Teresa. Basta vermos quantas lojas de cerâmica ainda perduram na Rua da Liberdade. E tudo isto quando se fala de uma candidatura de Caldas da Rainha a Património Mundial. É bom que os nossos responsáveis não esqueçam que património não é apenas as pedras, as fachadas dos edifícios por mais belos que sejam, mas igualmente as tradições, a cerâmica e claro as pessoas. Que melhor património existe, que as pessoas? E Caldas tem sido sempre bafejado pela sorte, com uma matéria humana de grande qualidade.

Bem-vindos

Num Mundo mordaz onde pensar é quase um crime, somos geneticamente compelidos a conquistar a prisão perpetua. Como Prisioneiros deste destino temos:

António Cipriano Silva, 25 anos, Licenciado em Gestão, profissional de uma corretora nacional. Nos tempos livres gosta de bom cinema, de livros interessantes, de conversar e de torcer pelo seu Sporting

Paulo Pinheiro, 25 anos, licenciado em Motricidade Humana. De momento desempregado e sem namorada (pois só assim é que fiquei com tempo para criar este blog) e adepto confesso do Benfica. Amo a noite.