Não pretendo
discutir a bondade da proposta de orçamento de estado. Pretendo apenas analisar
os riscos relativamente a sua execução.
A proposta de
orçamento prevê ao nível do enquadramento macroeconómico uma recessão para o
ano de 2013 de apenas 1%.
Não querendo maçar com particularidade económicas,
apenas tenho de referir que para a ciência económica o PIB de um determinado
país num determinado período temporal resulta da seguinte equação:
PIB = CP
(consumo Privado) + Cp(consumo publico) + I (investimento) + NX (saldo da balança
de transacções correntes, ou seja exportações - importações).
Para 2012 prevê-se que o PIB caia 3%, resultando esta queda dos seguintes elementos:
Consumo Privado decréscimo de 5,9%, Consumo Publico decréscimo de 3,3%, decréscimo do Investimento em 14,1%, decréscimo de 6,6% das importações e
aumento das exportações de 4,3%.
Ora, para 2013
a proposta de Orçamento de Estado prevê uma queda de 1% do PIB, %, assente na uma queda do Consumo Privado em 2,2%; na queda
do Consumo Publico em 3,5%, na queda do Investimento em 4,2%, una queda das
importações de 1,4% e no aumento das exportações em 3,6%
Será consensual
que a actual proposta de orçamento ao prever “um grande aumento de impostos”
tenderá a ter um efeito recessivo na economia. De facto, o aumento dos impostos
consubstancia uma diminuição do rendimento disponível das famílias, o que necessariamente
conduzirá a uma retracção da procura interna. Direi, salvo respeito por opinião
contrária, que a diminuição do rendimento disponível das famílias, associado ao
aumento do desemprego e uma tendencial diminuição da confiança dos agentes económicos
conduzirá um decrescimento acentuado do consumo privado.
Ora no ano de
2012 o decréscimo do consumo privado foi de 5,9%.
Fará sentido perante o actual
cenário que o decréscimo do consumo privado seja apenas de 2,2% como é previsto
na proposta de orçamento?
Parece-me muito optimista e pouco provável esta
cenário!!!!
Ora, basta
que o Consumo Privado caia um pouco mais do que os 2,2% previsto para que as
receitas fiscais de IVA, IRC, IRS diminuam significativamente, não sendo assim possível
atingir o deficit previsto para 2013 de 4,5% do PIB.
Espero que
esteja errado, mas a probabilidade do não se atingir o deficit de 4,5% do PIB
em 2013 com base nas previsões da proposta de orçamento de estado é muito
elevado.
António
Cipriano.