quarta-feira, setembro 29, 2004

Darfur

Na cena internacional, os holofotes dos media e das esferas de poder estão concentrados no Iraque e no terrorismo internacional. No entanto muitos outras cancros lavram por este mundo. Actualmente no Sudão, país africano, mais concretamente na região de Darfur, acontece uma verdadeira chacina do qual só este ano já se contabilizaram 50.000 mortos, fora os feridos, deslocados e as vitimas da fome é da malária.
O Sudão é um país dividido em duas comunidades. A norte a comunidade árabe, muçulmana, detentora desde sempre do poder, que sob a capa de milícias populares tem vindo a realizar uma limpeza étnica da população da comunidade negra, animista e cristã de religião que habita o sul do país.
Da comunidade internacional temos vistos apelos e recomendações fracas à paz e ao respeito pelos direitos do homem. E porque este desinteresse? Bem a China, para manter as elevadas taxas de crescimento precisa do petróleo que o regime pérfido do Sudão lhe vende, a Rússia é a principal fornecedora de armas ao governo sudanes, e os EUA lá estão entretidos como o Iraque.
Perante estas hipocrisias do poder, vive-se um silêncio ensurdecedor e criminoso.
Enquanto isto, crianças, populações inocentes vão morrendo.

António Cipriano
A “crise das colocações”

Mais uma vez, os nossos governantes demonstraram como com incompetência e indigência se consegue ridicularizar cada vez mais a imagem do nosso pais. Foi demasiado infeliz esta crise com a colocação dos professores este ano. Depois de impedirem a entrada dos estagiários nos concursos deste ano (o que reduz substancialmente o número de candidatos), depois de terem informatizado todo o sistema e depois de tornarem o processo de candidatura bastante complicado, sabendo o candidato que qualquer erro vai levar a que a sua candidatura fique provisoriamente cancelada. Tendo todas estas medidas como objectivo final fazer com que o processo de colocação seja mais rápido de modo a que tudo esteja a postos no início do ano lectivo para que este comece sem os sobressaltos do costume. Mas aconteceu curiosamente o inverso. As aulas vão continuar mais tarde, vai haver ainda cadeiras sem professores (como de costume) e vão ser feitas colocações à última da hora. Com todo isto pode-se facilmente chegar a uma conclusão final, podem informatizar o sistema, podem diminuir drasticamente o número de candidatos, recusando a milhares o direito a exercerem a profissão para a qual se especializaram, podem alterar todo o processo que nada vai mudar, pelo menos até que a incompetência de alguns altos funcionários do Ministério da Educação continue a ser tolerada, não falo da Ministra que é face visível da crise, mas sim de alguns conselheiros e secretários que agem nos bastidores e que mesmo que a Ministra seja demitida, se vão manter nos seus cargos a receber os seus ordenados e a exercer impunemente a sua incompetência, sem que ninguém tenha a coragem de os submeter a inquérito, porque por aqui, é mais fácil tentar esquecer para depois cair na mesma asneira.
Se isto continuar assim, então este não foi o ultimo episódio desta novela, foi apenas mais um e o próximo será no início do ano lectivo 2005/2006.



António Manuel Pinto Silvério Guimarães

terça-feira, setembro 28, 2004

A silly season não ocorre só na política


Para os chineses, alguns dos seus anos estão sob o signo do dragão; 2003, para Portugal, esteve sob o signo de algo-muito-mau porque quase tudo correu mal (foram os incêndios, foram os escândalos de pedofilia, Bragança na capa da Time exposta como o "red district" da europa, os sucessivos casos de pessoas a conduzir fora-de-mão nas auto-estradas, etc). 2004 seria então o ano em que "pelo menos pior não pode acontecer". O euro correu bem, quer em termos desportivos, quer em termos de organização, e as coisas, em geral, pareciam estar a correr de uma forma mais "suave".
Mas a silly season resolveu bater novamente à porta. E não, nem me refiro aos problemas na colocação dos professores. Refiro-me antes ao jovem sem carta de condução que resolveu matar 3 pessoas num "desleixo" numa corrida de carros em Palmela. Num país que costuma ser de brandos costumes, resta saber se a defesa conseguirá reduzir a acusação para "homocídio involuntário". Mas o choque corre muito mais fundo. Para pessoas minimamente normais (e sim, eu tento-me humildemente incluir nessa categoria) a situação do assassinato da Joana nunca conseguirá passar de uma tremenda aberração. Como é possível matar uma filha? Bem, por outro lado, estamos a falar de uma mãe (e de um tio que também estará envolvido) que, ao que parece, terá chegado a vender um filho. Ah pronto, então já se percebe mais facilmente que se espanque uma criança de 8 anos até à morte (oh, o sarcasmo!). "To add insult to injury", os assassinos ainda resolvem dar "baile" às autoridades, tendo já dado mais de 20 pistas falsas sobre a localização do corpo da menina. É fácil falar, mas acho que a paciência já devia ter acabado após a segunda ou terceira pista falsa.
O país está em choque e os especialistas dizem que vão tentar encontrar explicações para os motivos por detrás deste homicídio inqualificável. Explicações para quê?

João Pedro


segunda-feira, setembro 27, 2004

"Vitória Retumbante"


E quem diria que uma das frases mais sonantes na noite eleitoral do PS seria de João Soares? De qualquer forma, é uma frase que resume o que se passou. Dúvidas persistiam sobre a possibilidade de existir uma hipotética segunda volta, sendo certo que agora parecem muito despropositadas. Essas dúvidas tinham, essencialmente, duas vertentes: os votos que Manuel Alegre iria conseguir por virtude de alguns apoios de peso que possuía, para além do espaço ideológico que representa e também, embora em menor escala, os votos que João Soares poderia vir a conseguir na zona de Lisboa e arredores. Uma votação, em cerca de 30 mil militantes, de quase 80% soa, como um analista político aludiu, a uma votação "albanesa". A realidade resumir-se-á, porventura, ao chamado voto pragmático; existirão inúmeros casos de militantes que, embora situados ideologicamente perto de Manuel Alegre, terão votado em Sócrates por considerarem que este é a melhor solução para o futuro do partido.
O duelo entre Santana Lopes e José Sócrates é um duelo "desejado", se assim lhe podemos chamar. Santana Lopes entrou com o pé esquerdo no exercício das suas funções, mas tem ainda tempo para mostrar trabalho e dar a volta à situação. Sócrates irá tentar transformar esta votação massiva numa bola de neve eleitoral que o leve ao poder. Já em breve, as eleições regionais na Madeira e nos Açores, com vitórias previsíveis para ambos os lados. Os debates que Santana Lopes e Sócrates encetaram na RTP 1 assumem agora uma dimensão nacional.
João Pedro

domingo, setembro 26, 2004

Eleições no Iraque

Esta semana Donald Rumsfeld surpreendeu o mundo ao afirmar que as eleições no Iraque, calendarizadas para janeiro de 2005 vão avançar, independentemente de todo o Iraque, ou partes, não participarem no acto eleitoral. Segundo Donald Rumsfeld, as regiões do Iraque não controladas totalmente pelo exercito americano serão excluídas do processo eleitoral. Teremos então, um governo representativo não do povo iraquiano, mas dos amigos de Donald Rumsfeld.
Mais uma lição de democracia dos EUA ao mundo.

António Cipriano

sexta-feira, setembro 24, 2004

A transparência nos concursos públicos


Como leitor do jornal Gazeta das Caldas, não pude deixar de reparar numa situação estranha nas suas páginas, embora para isso nada contribua o jornal em si. No referido semanário, nº 4513, datado de 17 de Setembro de 2004, na pag. 49 dedicada à publicidade aparece um concurso público aberto pela Câmara de Óbidos para as inscrições com vista a dois lugares de técnico superior estagiário com licenciatura em Desporto. O estranho da situação é que o prazo de candidatura expirava dia... 17 de Setembro de 2004 às 16 horas, ou seja, exactamente o dia em que o jornal é posto à venda nas bancas. Fica a dúvida se foi lapso da própria Câmara ou se os dois lugares já estavam previamente entregues e o concurso não passa de uma formalidade necessária. Enfim, é esta a transparência nos concursos públicos.


PP
El défice Grego

O Banco Central Europeu chegou à conclusão de que o anterior governo grego adoptou a táctica, em termos de défice público e face às exigências do Pacto de Estabilidade e Crescimento, de "vamos aldrabar as contas". Ao que parece, durante estes últimos quatro anos, o valor do défice público da Grécia tem sido "maquilhado" (expressão soft para substituir o tal "aldrabado"), de forma a estar abaixo dos 3% do PIB. Isto é mau, mas veja-se ainda mais longe: a Grécia aderiu à zona euro em 2001, com um valor de défice público de 2000 cifrado em 2,3% do PIB; na realidade, essa adesão deu-se com um défice de 4,1%, sabe-se agora. E nós, fazemos sacrifícios para quê? Quando se julgava que o PEC não poderia descer mais baixo...
Para o ano de 2004, a história afigura-se ainda pior, por causa dos Jogos Olímpicos. A derrapagem orçamental, que se deu principalmente ao nível das despesas com segurança (e viva a Al-Qaeda), vai ajudar a projectar o défice anual para um valor acima dos 5% (estou a falar do défice real, não do outro). É claro que podem sempre recorrer novamente a esta táctica de chegarem ao pé do Eurostat com uma conversa do género "amigos, certifiquem-nos aqui estes valores falsos de finanças públicas, se fizerem o favor". Por cá vendeu-se património, entre outras medidas extraordinárias, por lá apenas se alteraram uns números.

João Pedro

quinta-feira, setembro 23, 2004

RTP

Sou daquelas pessoas que gosta de criticar, mas também sei elogiar quando é o caso.
Hoje, não posso deixar de dar uma palavra de apreço ao governo pela restruturação da RTP. Ficamos a saber que a RTP pela primeira vez em 10 anos deu lucro. De um resultado negativo de 52 milhões de Euros no primeiro semestre de 2003, a RTP passou para um lucro de 4 Milhões de Euros no primeiro semestre. Igualmente não posso deixar de referir que a programação da RTP tem vindo a melhorar, apostando na informação de qualidade, ficção nacional, bom cinema e programas de entretimento, fugindo ao populismo fácil.
Por tudo isto Morais Sarmento e Almerindo Marques estão de parabéns.

António Cipriano

quarta-feira, setembro 22, 2004

Ano Lectivo


Portugal é especialista em situações ridículas, despropositadas e totalmente inusitadas.
Como o sistema de colocações de professores aconteceu mais um desses factos inacreditáveis. Aparentemente um gap, uma falha informática, proporcionou um problema que afectou milhares de pessoas, professores, famílias e estudantes. Estranho é o ministério e os seus responsáveis, terem deixado a situação apodrecer, evoluir no tempo. Isto só denota dos responsáveis, falta de planeamento, falta de proactividade, falta de preparação para enfrentar os problemas, mas acima de tudo falta de competência e irresponsabilidade.

Os que os Portugueses esperam é uma solução rápida, e o apuramento de responsabilidades.
Já estamos todos fartos da culpa morrer solteira. Cabeças, mas sobretudo processos, metodologias e o aparelho tem de mudar.
António Cipriano

segunda-feira, setembro 20, 2004

Aloe Vera

Depois da revolução da roda, da expansão dos séculos XV e XVI, da ida do homem ao espaço e mais recentemente da revolução dos Bífidos Activos, a humanidade é agora contemplada e massacrada com anúncios televisivos, atrás de anúncios televisivos, de mais uma revolução - A Revolução Aloe Vera

Yogurt, gelados, detergentes, champo, óleos vegetais, cremes de beleza, e já há quem fale dos preservativos com Aloe Vera. Produto que se deseje, leva Aloe Vera. Mas afinal o que é o Aloe Vera?

Após uma pesquisa na net fiquei a saber que o, Aloe Vera é uma planta, (também conhecida pela Planta do cacto), que vem das férteis plantações do vale do rio grande, a sul do Texas, e da Republica Dominicana. Segundo os peritos, o Aloe Vera é conhecido pelo seu poder em aliviar a dor, penetra nas enzimas que causam inflamação combatendo-a, sendo indicado para pessoas com problemas de digestão, para eliminar o colesterol, controlar e curar: Ulceras estomacais ; Hipertensão ; Insónias ; Problemas digestivos ; Artrite ; Anemia ; Reumatismo Tuberculose ; Varises ; osteoporose ; e mesmo até o déficit e a inflação.

Perante isto tudo, pergunto – Onde esta o Ministro da Saúde? Genéricos, transplantes, cirurgias – para que? O Aloe Vera é a solução para os buracos do sistema nacional de saúde, e para a felicidade de nacional

O Primeiro ministro, e os senhores deputados que tomem muito Aloe Vera, para bem da nação.
António Cipriano

sábado, setembro 18, 2004

A vez dos Jogos Paralímpicos



Foi ontem a cerimónia de abertura dos JP. Aproveito para desejar as maiores felicidades a todos os atletas, especialmente a uma atleta que tive o prazer de conhecer, Maria Odete Fiúza. Para as pessoas que ainda não descobriram estes nossos altetas, apenas refiro que só nos JP de Sydney trouxeram mais medalhas do que todas as delegações portuguesas em JO, sem no entanto receberem subsídios de jeito, situação que Santana Lopes promete rever. É difícil ser atleta paralímpico, ter a força de vontade de superar obstáculos, além dos habituais lobbies do quotidiano. Realço aqui o facto dos atletas cegos e amblíopes precisarem de guias e estes não serem devidamente reconhecidos como parte integrante que visa o sucesso dos atletas. Quando se gasta dinheiro com atletas mal formados ao nível do carácter como José Couto demonstrou nestes recentes JO, não se pode apoiar mais estes atletas? Vi as fichas que eram publicadas no Record e mais do que um atleta estão desempregados, reflictamos então sobre o esforço que passam para se concentrarem nos treinos.
PP

sexta-feira, setembro 17, 2004

O Bufo

Nunca gostei de bufos, de gajos invejosos que se metem na vida dos outros. Carvalho da Silva, Dirigente da Intersindical é isso mesmo um bufo, que fez a folha ao pobre e caridoso Mira Amaral.

Mira Amaral, depois de um laborioso ano como director executivo da Caixa Geral de Depósitos, de reunião em reunião, tendo de trocar de gravata todos os dias, participando em fastidiosos jantares e banquetes no Casino de Estoril, e de ser conduzido pelas ruas de Lisboa num simples BMW topo de gama, tinha agora obtido o direito a uma pequenina reforma de 18.000 Euros.

E afinal o que são 18.000 Euros? Apenas o suficiente para uma velhice com a família, numa casinha na quinta da Marinha, e para o convívio com os amigos nos clubes de reformados de Albufeira e no Mónaco. Nada de mais. Nada que qualquer pessoa vulgar não mereça e tenha, após um ano de trabalho.
António Cipriano

quinta-feira, setembro 16, 2004

Vidas Reais


Osvaldo Martins estava feliz tinha terminado a sua licenciatura em Comunicação Empresarial, 4 anos de intenso estudo. Bem não foram apenas de estudo, também de farra, cerveja e mais cerveja, entremeada pelos cigarros. O que importa é que Osvaldo estava feliz, o seu objectivo fora cumprido. Agora venha o futuro.
As ambições eram muitas, ter uma carreira numa empresa de marketing, comprar a primeira casa, o Audi sonhado. No entanto, os dias, as semanas, os meses foram passando e por não ter experiência, ou por ter qualificações em excesso, Osvaldo ira continuado sem ocupação, inútil numa sociedade pouco solidaria, sem oportunidades para um jovem de 24 anos. Osvaldo foi ficando deprimido, agressivo, fechando-se em casa no seu quarto, procurando alhear-se do mundo. Até que um dia o telefone tocou, tinha conseguido um estagio remunerado de 6 meses num banco de um cidade vizinha.

Osvaldo reatou o sorriso, comprou um novo fato, uma gravada, uns óculos escuros e lá embarcou nesta nova aventura. O trabalho no banco não era fácil das 8h às 20 Horas, o salário não era famoso, cumprindo as tarefas que os outros não queriam fazer. Mesmo assim Osvaldo, esforçava-se ao máximo, procurando agradar. Quase no final do estagio já tinha conseguido a confiança dos colegas e até já tinha algumas responsabilidades. O estagio estava no fim, e por via do Sr. Vasco Sousa soube que havia uma vaga na sucursal e que tudo estava bem encaminhado para Osvaldo.

Osvaldo estava confiante, até tinha arranjado uma nova namorado, bem gira diga-se de passagem. Até o inesperado aconteceu. A vaga do Banco fugiu!!! Sim fugiu!!! E Porque??? Acontece que o Gerente do Banco o Dr. Afonso Pereira, tinha um sobrinho, de 29 anos, quase licenciado em Relações Internacionais membro da direcção de uma juventude partidária, que precisava de se encaixar em qualquer lado. E sempre era uma pessoa com contactos, com alguma visibilidade, é claro, era da família.

Lá foi o Osvaldo de volta ao desemprego !!!!!!


António Cipriano

quarta-feira, setembro 15, 2004

Citação III


Hoje, ao arrumar os meus papéis encontrei um em que estava escrito uma citação do livro – O último voo do flamingo de Mia Couto. Algo que estava esquecido, mas que quero aqui deixar. “Se temos voz é para vazar sentimento. Contudo, sentimento demasiado nos rouba a voz.”
PP

terça-feira, setembro 14, 2004

À mesa com José Sócrates (ou então não)


Fui, na passada sexta-feira, ao jantar organizado pela candidatura de José Sócrates à liderança do PS, no pavilhão dos Olivais, em Coimbra. Não esquecendo que Souselas mora ao lado e que o fantasma da co-incineração ainda paira sobre Sócrates, digamos que esta é, para o candidato, uma zona do país particularmente sensível.
O pavilhão estava praticamente cheio, algo que duvido que a candidatura de Manuel Alegre consiga fazer (e ia referir a de João Soares para quê?). Como nem tudo é mobilização e números, é preciso analisar mais fundo. José Sócrates apareceu visivelmente cansado e saíu ainda mais cansado; discursou, não jantou e passou a noite toda de mesa em mesa, a cumprimentar as pessoas e a trocar "dois dedinhos" de conversa com os militantes. O seu discurso, inflamado contra o governo; os discursos dos seus principais apoiantes da zona, inflamados contra a candidatura de Manuel Alegre ("Se Manuel Alegre diz que esta é a candidatura do aparelhismo, então eu digo que ele se está a candidatar ao lugar de aparelhista-mor!"). "Pérolas" como esta não disfarçam o facto de soarem mal os ataques velados à outra candidatura, o que era algo a evitar (quando dizem que Manuel Alegre não é capaz de, em campanha, percorrer o país de Norte a Sul, e várias vezes... bem, já se está a ultrapassar o limite razoável, ainda para mais dentro de um mesmo partido).
Bom, de qualquer forma, parece ser esta a candidatura vencedora. Na primeira ou numa hipotética segunda volta, só o tempo o dirá. Ah, e a sopa estava boa (não houve foi direito a sobremesa).
João Pedro

Valores de Esquerda

Sempre pensei na esquerda como a defensora dos valores da justiça social, da defesa de uma distribuição de rendimentos mais equitativa, da procura da igualdade, privilegiando aqueles que menos tem.

No entanto pelo menos em Portugal a esquerda não é assim. Esta semana o governo lançou a ideia de taxas moderadoras na saúde, de acordo com os rendimentos. Quem menos tem, não paga ou paga pouco, quem mais tem paga um pouco mais. Claro que a solução ideal seria um serviço nacional de saúde gratuito para todos. Mas tendo em conta as despesas incomensuráveis, inerentes ao serviço nacional de saúde, nada mais justo de que quem pode, poder contribuir para a manutenção do sistema. Trata-se no fundo de uma medida de discriminação positiva, defendendo sempre, os mais desfavorecidos .

Que o Bloco de Esquerda ou o Partido comunista sejam contra, compreendo, na sua lógica de destruição e oposição cega. Mas que o partido socialista seja contra, não entendo. Que raio de socialismo defende o PS, em que quem tem um rendimento mensal de 2000, ou 3000 Euros paga o mesmo de quem tem um rendimento mensal de 400 Euros? E quer o PS ser uma alternativa credivel de governo?
António Cipriano

domingo, setembro 12, 2004

Iraque


Ainda à pouco tempo o Iraque sobre a sombra de Saddam Hussein era senão o inferno, pelo menos o purgatório. Os iraquianos enquanto esperavam pela barca para os infernos, iam sendo progressivamente torturados, oprimidos, e violados de direitos.

Mas hoje tudo é diferente. Graça ao Arcanjo Bush e as seus Anjos marines, o Iraque é bem diferente. Os rostos das pessoas acumulam sorrisos, as crianças brincam livremente sem preocupações de explosões, ou minas, as diferentes etnias convivem pacificamente, as armas desapareceram das ruas, os raptos de cidadão estrangeiros terminaram, a segurança impera por todo o país e o preço do petróleo já esta nos 19 USD.
O Iraque graças as decisões sabias do anjo Bush é uma terra de Paz, segurança, respeito pela diferença e felicidade.

Com todo este cenário de esperança fico feliz por George Bush liderar as sondagens, para a reeleição para o cargo celestial de anjo superior deste nosso mundo.
António Cipriano

sábado, setembro 11, 2004

Como já passa da meia-noite, já estamos no 11 de Setembro


O 11 de Setembro é uma data mítica. É daquelas datas que irão ser estudadas por anos a fio nas aulas de história por todo o mundo, com interpretações necessariamente diversas. E é uma data em relação à qual as gerações seguintes irão pensar algo do género "como teria sido estar vivo naquele dia e ter visto aquilo em directo pela televisão?" (pergunto-me o mesmo em relação à chegada do homem à lua). Eu presenciei o "evento" em directo, o choque do segundo avião e o desmoronar das duas torres (estava a tomar banho quando alguém me disse aos gritos que um avião, o primeiro, tinha embatido numa das twin towers).
Mas estar agarrado à tv a ver o desenrolar dos acontecimentos é apenas ultrapassado por tudo o que veio depois, no Afeganistão, no Iraque (também estive ansiosamente agarrado ao canal 1, pela noite dentro, a ver os primeiros bombardeamentos e o discurso de Bush à nação), na Espanha e, em termos de atitude, por todo o mundo. É que o mundo hoje não é o mesmo, existe uma "divisão" real entre dois "mundos", com desconfiança mútua um do outro. A segurança global é hoje maior? A guerra preventiva tornou o mundo num sítio mais pacífico e seguro, ou apenas serviu para espicaçar ainda mais os ódios e os extremismos? Chamem-me pessimista, mas acho que as coisas não melhoraram, bem pelo contrário.
Os historiadores costumam dizer que a história do 25 de Abril ainda está a ser escrita. Assim se passa com o 11 de Setembro; a história "definitiva" deste dia ainda está longe de poder ser escrita, por todas as suas repercussões e interpretações.

João Pedro

Mais uma facadinha no segredo de justiça


Com alguma surpresa (embora já não devesse ficar assim por causa deste género de coisas), deparei-me hoje, aquando do telejornal do almoço, com uma notícia da seguinte espécie: "o depoimento integral de Ferro Rodrigues no DIAP anda a circular na internet".
Como é óbvio, chamei ao google meu amigo e fui procurar. Por entre o espanto lá me deparei com um pdf com 10 páginas, o integral do depoimento. E não, não se tratava de uma mera transcrição do mesmo, mas antes de uma cópia das páginas originais (por scanner ou fotografia, evidentemente). Os cabeçalhos, as assinaturas, tudo oficial. Sem querer interpretar o conteúdo do depoimento em si (essa seria uma outra história), chego então à conclusão (mas só agora? estou realmente atrasado) de que a expressão "segredo de justiça em Portugal" é, agora, uma miragem. Depois da revelação das escutas telefónicas, das já famosas cassetes do Correio da Manhã, e de outros acontecimentos de menor escala, este é apenas o mais recente. E leia-se mesmo "mais recente", porque duvido seriamente que seja o último.

João Pedro

sexta-feira, setembro 10, 2004

Entrevista a João Soares


Muito fraco, mesmo muito fraco, foi o desempenho de João Soares. Ao longo de 50 minutos não foi capaz de apresentar uma ideia concreta para o país, de sequer elaborar uma raciocino com inicio meio e fim. Repetiu à exaustão que era um homem de esquerda, que era do PS deste pequenino, e que devia ser líder do PS, pois teve experiência como presidente da câmara de Lisboa. Alias de 5 em 5 minutos, sempre que não sabia o que dizer, lá repetia a ladainha que era o líder ideal por ter experiência autárquica em Lisboa.

Confesso que fiquei na duvida se João Soares seria sequer o líder ideal para a concelhia socialista da Buraca.

António Cipriano

quinta-feira, setembro 09, 2004

Ontem, Hoje e Amanhã

Quando te vi, o meu coração permaneceu calmo, intocado à tua visão. Mas se ele ficou impávido, assim não ficou o meu desejo por ti. Percorri o teu corpo com o meu olhar, analisando cada contorno da tua boca, dos teus olhos. Senti a sedução própria da ingenuidade que transmites, da falta de auto-confiança de não saberes o quanto és linda. Falei contigo, elogiei-te e mesmo assim não percebes o que representas. É pena. Tentei explicar-te, mas continuas sem olhar de frente o reflexo do espelho, incapaz de aceitares a mais simples das evidências. Ontem falei contigo, hoje recordo-me com júbilo os acontecimentos e amanhã? Amanhã não sei, ainda está para nascer.
PP
Entrevista de Manuel Alegre


Ontem lá assisti a entrevista na SIC notícias do Avó Cantigas, perdão do Poeta Manuel Alegre.

Falando mais a serio, não sendo socialista gostei do discurso de Manuel Alegre. Num registo calmo, sem eleitoralismos baratos, fiel ao seu percurso de esquerda, apresentado bastantes propostas concretas para o país, visando o reforço do papel do estado social, enquanto elemento capaz de suster as falhas do mercado, deixou uma imagem de uma candidatura com ideias, algo pouco visto na política dos dias de hoje.

Mas os 68 anos não perdoam!!!! Não podemos ter um PM com 70 anos, que governa até ao 74 de bengala, tendo como ministro adjunto uma enfermeira, governado não de São Bento mas sim da Casa de Repouso dos Poetas.
António Cipriano

quarta-feira, setembro 08, 2004

1000 Visitas

Ultrapassamos hoje a barreira psicológica das 1000 visitas. Não escondo alguma supressa e muita satisfação por este numero. A todos prometemos o continuar dos pensamentos duvidosos, com a mesma dinâmica e com a habitual ironia., sarcasmo e critica mordaz.

Desde ontem, o blog reforçou a sua equipa, com a presença nos seus quadros de João Pedro, um jovem moderno, preocupado com o mundo que o rodeia, apreciador das coisas boas da vida e dono de muitos pensamentos duvidosos. A ele damos as nossas boas vindas.

Aos nossos cúmplices deixo um agradecimento especial, esperando que continuem a compartilhar os nossos pensamento.
A todos muito obrigado.

António Cipriano
Entrevista a José Socrates

Começo hoje um de três Posts, comentando as entrevistas dos 3 candidatos a secretário do PS, na Sic Notícias

O primeiro entrevistado foi José Socrates, o favorito, o eleito do aparelho e dos media. O longo da entrevista José Socrates adoptou o s estilo de homem mediatico, falando visivelmente directamente para as câmaras, privilegiando um discurso já mais a primeiro ministro do que a líder do PS. No entanto se analisarmos com cuidado as suas propostas para o país, fica um amargo de boca. José Socrates não conseguiu concretizar, uma estratégia, um conjunto de medidas concretas para o país. Limitou-se a um discurso carregado de banalidades, de frases feitas que caiem no ouvido, e a algum revivalismo guterrista. A aposta na educação, no choque tecnológico, no crescimento, a volta dos estados gerais, tudo mediadas correctas mas muito abstractas. Como acabar com o desemprego, como corrigir os défices, com debelar a crise, disso nada falou.

Quanto ao partido, voltou à enigmática expressão da procura de uma “esquerda moderna”. Alias sabe-se que numa tentativa de encontrar o real sentido da expressão “esquerda modera”, no recente congresso de medicina popular de Vilar de Perdizes, figuras como o Professor Alexandrino eo Professor Karamba, reuniram-se, mas infelizmente não foi possível descortinar o sentido, visto segundo os estudiosos ser algo muito além.


Por ultimo não esquecer as criticas e os mimos endereçados ao Poeta Manuel Alegre. Engraçado foi o total ausência de referências a João Soares. Será que João Soares desistiu e ninguém sabe?


António Cipriano

terça-feira, setembro 07, 2004

Balanço da Convenção Republicana nos EUA
Por terras do Tio Sam, deu-se na semana passada a convenção do Partido Republicano. Por um lado, a mera formalidade da nomeação de George W. Bush como candidato oficial do partido. Por outro lado, a grande chance de mostrar os ases e trunfos do partido junto do eleitorado norte-americano. Foi, a meu ver, uma convenção bastante mais interessante do que a do Partido Democrata. Senão, vejamos:
- Michael Moore a ser vaiado durante o discurso de John McCain (sim, Moore estava lá);
- Jeb Bush a chamar "mental midget" ao mesmo Michael Moore;
- Moore resolveu não aparecer no segundo dia (que surpresa);
- "Four More Years!" é uma frase mais apelativa do que "Two more months!";
- "We will TERMINATE terrorism" e "don't be economic girlie-men!" (mas é preciso ler estas frases com o sotaque do governador da Califórnia);
- As filhas gémeas do presidente a (tentarem) explicar porque é que bebem e saiem à noite;
- Zell Miller, membro do partido democrata, a fazer um discurso duríssimo contra "os dois senadores do Massachussetts" (Kerry e Ted Kennedy). Apesar de não ter sorrido uma única vez durante o seu discurso, Miller diz que não está de mau-humor e que não é um "renegado". Ele disse, aliás, em entrevista após o discurso, que é, sempre foi e sempre será um membro do Partido Democrata (os Democratas devem estar orgulhosos);
- Pensos "purple heart" (sim, é o que os Republicanos acham do valor das medalhas que foram atribuídas a John Kerry);
- O discurso de Giuliani: foram mais gestos e mímica do que discurso propriamente dito;
- Pataki a introduzir Bush. Sim, o governador de Nova Iorque é um dos nomes mais falados dentro do GOP para tentar uma corrida à Casa Branca em 2008. Por outro lado, ele é a favor da despenalização do aborto e apoia os direitos gays. Sim, há uma "ligeira" de posições entre ele e o homem que ele introduziu na convenção;
- McCain: ultra-popular, ele podia realmente ter estado no lugar de John Edwards pelos Democratas;
- Foram presos manifestantes LÁ DENTRO (isso sim, dá para colorir qualquer convenção ou simples comício);
- Cheney: um discurso sóbrio, mas um ataque bem construído ao candidato adversário. Ah, alguém se esqueceu de dizer a John Edwards que é para isso que servem os candidatos a vice-presidente durante a campanha eleitoral;
- O filme relativo ao papel de Bush durante o 11 de Setembro (o objectivo era levar o país às lágrimas, com esta apresentação emotiva);
- O discurso de Bush em si. Bastante melhor que o de Kerry, embora talvez um pouco longo demais. Até teve tempo para gozar com algumas das suas "calinadas" orais recentes.
As sondagens após esta Convenção dão os Republicanos a ganhar terreno, como seria de esperar após qualquer Convenção deste tipo, principalmente nos estados do sul. A ver vamos se conseguem transformar a semana passada em bola de neve, ou se o joker decisivo ainda estará para vir.
João Pedro
E mais uma apresentação:


João Pedro, 25 anos, licenciado em Sociologia e a uma cadeira de ser também licenciado em Economia, gosta de cinema, livros, internet e viajar. Desta forma, o Sporting fica a ganhar 3-1 no blog.

João Pedro
Mulheres

Ternura, paixão, inconsequência, mistério, beleza, inconstância, inevitabilidade, centros de sensualidade ora descarada, ora mascarada sob a forma de um olhar tímido, bonecas de porcelana com força de aço, são apenas algumas das características do ser Mulher. A verdade é que séculos e séculos que passem, os homem apesar de as maldizerem, de as excomungarem, e acima de tudo não as entenderem, continuam fascinados com a sua imprevisibilidade.


A titulo pessoal, apesar de não me ligarem nenhuma, continuo também sem as entender. Mas também como? Quando dizem que não, querem dizer que sim, quando dizem que sim, querem dizer que não. Mas a verdade é que perante um olhar forte, meigo ou um sorriso angelical e doce, que só elas sabem fazer, sou incapaz de resistir a um pedido, a um desejo ou uma simples recomendação.
No fundo às Mulheres são um fruto não recomendado à estabilidade, mas essencial a felicidade

António Cipriano

segunda-feira, setembro 06, 2004

Caldas da Rainha e o Desporto

Aproveitando o rescaldo dos Jogos Olímpicos e servindo como continuação ao post onde expresso a opinião que, em Portugal, o desporto continua a ser encarado como um brincadeira, apresento diversas situações que se verificam na cidade de Caldas da Rainha. Situações estas que revelam uma total inexistência de um plano desportivo municipal. Sem querer ser polémico aqui ficam alguns apontamentos:
1- Fraca adesão em muitas modalidades desportivas da juventude caldense;
2- Realização de competições de cariz não oficial, na nossa terra, sem que as outras modalidades tenham as suas condições mínimas de treino previamente asseguradas (ex: realização do torneio de Futsal da Casa do Benfica de Caldas da Rainha);
3- Apoio camarário a eventos desportivos de curta duração e fraco apoio aos clubes da terra, salvo raras excepções (ex: Convenção de Hip Hop, onde a maioria dos "professores" não possuía licenciatura; quanto aos clubes a única grande excepção é o Caldas Sport Clube);
4- Infra-estruturas sub-aproveitadas, como o Campo de Rugby (onde se passou um episódio ridículo, no dia internacional da criança, cerca de 1200 crianças não puderam participar num torneio lúdico de Futebol, pois 3 dias depois o Caldas Rugby Clube iria ter um jogo para a Taça de Portugal. Jogo esse que nem se realizou devido à falta de comparência do clube das Caldas na sua própria cidade. Episódio triste para mais numa equipa que tinha feito uma época brilhante, culminado com a subida de Divisão) e as Piscina Municipal.
Numa cidade como Caldas da Rainha, inserida num microclima fantástico para a realização de estágios de pré-temporada de diversas modalidades, devido ao ambiente fresco de manhã e no final da tarde, tinha todas as condições para ser aplicada uma política desportiva, de forma a rentabilizar as condições climáticas inatas da nossa região. Ao invés, deixamo-nos ultrapassar, por exemplo, por Rio Maior, onde existem infra-estruturas desportivas significativas e onde são albergadas várias equipas de diversas modalidades, embora o seu clima não seja o mais indicado para os trabalhos de pré-temporada, pois este é quente, o que leva à desidratação dos atletas, coisa a evitar num início de época.

PP
Os livros dos campeões nacionais de Futebol


Depois do livro de Boloni, agora o livro de Mourinho foi lançado contando as estórias e os segredos por detrás da vitória no campeonato nacional de Futebol do ano passado. Apesar de desejar muito a vitória do Benfica no campeonato, a ideia de também Trapattoni publicar um livro sobre a vitória do Benfica no campeonato nacional não me agrada, pelo contrário até me assusta. Estou a imaginar um trecho do livro, contando as peripécias: "Na minha residência em Lisboa, no Lar da Santa Casa da Misericórdia, num dia de folga, enquanto o Álvaro Magalhães me dava o relatório completo da equipa adversária, eu aprendia a jogar à sueca (...)"
Enfim seria outro best seller.

PP
Festa do Avante


Apesar do PCP, esta cada vez mais caquéctico, ultrapassado, com uma mensagem gasta e anacrónica, não lhe podemos deixar de tirar o mérito pela capacidade de mobilização dos últimos fieis para aquilo que é a ultima das rentrée política .

A Festa do Avante, culturalmente e musicalmente é um acontecimento com muita qualidade, e que representa o espirito de comunhão de ideias e sacrifico pela causa comunista. Pena é que o PCP, tenha um líder fraco, apático que já não acredita no que diz. O PCP se quiser sobreviver, que quiser manter a chama da festa do Avante, tem necessariamente de mudar de cassete e de locutor. O homem como Carvalho da Silva, com a sua energia, garganta e capacidade de luta, talvez fosse o camarada ideal para esta missão. Apesar de não ser comuna, tenho a consciência da necessidade de um PCP na sociedade, mem que seja pela festa do Avante.
António Cipriano

sábado, setembro 04, 2004

Inferno em Beslan

Sou uma das pessoas que sempre foi contra a pena de morte em qualquer circunstancias, sobre qualquer homem. Mas aquilo que se passou em Beslan, não é humano, é algo feito por animais irracionais, sem sentimentos, sem alma, meros assassinos, monstros diabólicos, servos do mal e das trevas. Aquelas imagens de crianças ensanguentadas, pais desesperados, corpos no chão estão constatemente na minha cabeça.
Perante este crime não aceito misericórdia ou justificação.

António Cipriano

sexta-feira, setembro 03, 2004

Beslan



Desde há dois dias, Beslan é um sinónimo para a palavra terror. É triste ver as imagens de avós em choros desgarrados. É difícil arranjar palavras para descrever as imagens na televisão. A natureza humana no seu pior.


PP

quinta-feira, setembro 02, 2004

A biologia em acção



Apesar do ser humano se auto-considerar superior aos outros animais, ainda existem resquícios muito fortes dos instintos que orientam todos os animais em geral. O amor, por exemplo, é onde se nota muito os instintos e a diferença entre o macho e a fêmea. Enquanto o macho tem instintos de protecção, a fêmea tem instintos de procriação, daí que o homem raramente anda atrás da mulher dos outros, pois tem noções territoriais, enquanto que a mulher procura o homem das outras, pois se esse está ocupado, significa na linguagem instintiva que possuí melhores genes, logo é o mais apto. Enfim, a Lei da sobrevivência das espécies. A biologia em acção.

PP
A Virgindade


Gosto muito de ver o canal Fox. Infelizmente, por volta desta hora, está em exibição uma série de culto, que já era antiga quando D. Afonso Henriques andava a conquistar Portugal, Falcon Crest. Assim, mudei de canal, para a MTV e estava a dar o Dismissed, em que o concorrente masculino diz às concorrentes femininas que ainda era virgem. Os comentários delas foram os seguintes: uma achava fabuloso, a outra achavam que era um fruto proibido.
Pergunto eu: Que tem isso de tão especial? Qualquer gajo que foi para a cama com virgens sabe que elas são desajeitadas, inexperientes e fazem mais barulho e sujam mais que do que uma gaja rodada. Para alguns fica a consolação das virgens acharem que eles são o suprasumo do sexo, isto até ficarem mais rodadas e conhecerem outros parceiros. Para o homem fica o mito de que a primeira vez a mulher não esquece, para as mulheres a primeira vez é para esquecer. Agora do ponto de vista feminino, como podem elas saber quem é virgem? Será que temos alguma etiqueta como a roupa que compramos a dizer virgem? Se do ponto de vista masculino a virgindade torna-se absurda, o que dizer do inverso? Se as mulheres acham que os homens não se preocupam com os preliminares e querem ir directos ao sexo, então os gajos ainda virgens, devem dar um óptimo preliminar, o gosto pela exploração do novo, mas possivelmente vão ter uma primeira relação sexual desajeitada. Será que elas pensam assim? Como se sexo fosse comida? “Hmm. Prefiro as entradas, assim talvez não engorde tanto como se comesse a refeição completa?”



PP
As Revoluções

Portugal é um País com uma vasta história, que se insere na grande história europeia com grande destaque! Uma história que nos ajuda a compreender a nossa filosofia e as nossas atitudes de hoje. O actual pensamento de desencanto e desinteresse pela vida politica nacional já vem desde as longínquas guerras liberais, em que se lutou em Portugal, para a criação de uma constituição que incluísse todas as pessoas do reino num quadro legal igual para todos, constituição que até o Rei teria que obedecer. Este foi um período de revoluções, guerras, que perduraram até 1851, altura em que se percebeu a urgência de terminar as lutas e assentar as ideias, ou seja, acalmar e fazer as coisas de uma forma pensada, sem tentar impor as coisas pelo meio de uma revolução, como era prática comum neste período. Altura em que já há alguns partidos políticos, que se vão batendo, nas principais câmaras do estado, desde a assembleia parlamentar, até ao senado. Mas que acabarm por se dirigir para uma perigosa rotina, e com o passar do tempo dois partidos ganham preponderância, e acabam por se ir alternado no governo do País. Nesta altura, já no século XX, ninguém se interessa pela politica nacional, exceptuando claro está, aqueles que ganhavam alguma coisa com isso e que mergulhavam o País numa crise cada vez mais profunda, por se preocuparem apenas nas vitorias nas eleições, e não no governo do País, que era remetido comicamente para segundo plano.
Esta crise serviu muito bem a um grupo de jovens políticos, cheios de força e vigor, com uma grande capacidade intelectual, vinham da elite, conheciam as politicas que se desenvolviam na Europa e partilhavam dos ideais da maior parte delas e embora diferissem entre eles em alguns pontos, havia um que era comum em todos, o fim da monarquia, que todos consideravam como o maior entrave ao desenvolvimento nacional. Apoiam atitudes, que hoje seriam apelidadas de terrorismo, como as levadas a cabo pela Carbonária, que irá cometer o regicídio em 1908, e em 1910 numa sucessão de erros e de disparates, que algum iluminado decidiu chamar de revolução, (digo disparates porque para dar uma ideia de como foi, afirmo que não é normal os principais mentores de um golpe se suicidarem por pensarem que este falhou), é implantada a Republica, onde estes jovens idealistas se vão tornar nos protagonistas, sobe a indiscutível liderança de Afonso Costa, os ideais de desenvolvimento, industrialização, que estes grupos defendem são muito parecidos com o que defendiam os antigos liberais, e tal como com eles, os ideais ficam na gaveta e parte-se para a politiquice barata que fará com que o nosso Pais tenha cerca de 44 governos num período onde deveria haver 5, ou seja 16 anos, que correspondem aos anos que durou a primeira Republica.
Em 28 de Maio de 1926, dá-se em Braga um levantamento militar, parte de um conjunto de planos de uma Revolução, liderada por Gomes da Costa, Mendes Cabeçadas entre outros. Este golpe de estado será a causa da consequência de 1933, que corresponde ao plebiscito que legitima a constituição escrita por Salazar e a sua entronização nos destinos do País. Salazar sabe muito bem o que quer e para onde vai, e nós hoje 29 anos depois da ditadura, também sabemos, um periodo negro, de perseguições, de tortura e de medo, enfim, como já tinha dito era uma ditadura. Mas uma coisa é certa coerência não faltava a Salazar, ele fez tudo quanto disse. E no fim da ditadura, que tinha também os seus ideais, o marasmo político era mais que presente, até porque o povo estava proibido de ter uma palavra a dizer sobre os assuntos da governação.
E não fosse a guerra e em 1974 não se tinha dado a Revolução de Abril, que levou ao fim do regime, mais uma vez quem toma a mão da politica é um grupo de idealistas cheios de vigor, que vinham das elites, mas que logo depois de acabarem com a revolução em 1985, se uniram num pensamento, legitimo, de copiar os de antigamente e fazer ….. politiquice barata, onde o poder é alcançado para demonstrar que o outro está errado, mas sem capacidade de fazer melhor, com uma incrível facilidade de fazer pior.
O marasmo e desinteresse pela politica já está instalado, principalmente na juventude, que tirando algumas excepções nem quer ouvir falar da caretice da politica, sem compreender que ela é o único veiculo que pode melhorar o nosso País. A pergunta é inevitável, senão fosse a U.E., até quando duraria o nosso País sem mais uma revoluçãozita? É triste saber que os nossos políticos gostam da U.E. porque esta os protege e eles podem continuar a fazer de todos nós carneirinhos. Que fique claro que eu não defendo uma revolução armada, apenas uma revolução de consciência!


António M. Guimarães
Sobre o "Barco do Aborto"

Parece-me fantástico aquilo que se está a passar. O "Barco do Aborto" chegou e a verdade é que está a conseguir levar a cabo os seus objectivos e, para isso, nem precisa de atracar em nenhum porto. Primeiro conseguiu fazer renascer a polémica sobre a interrupção voluntária da gravidez, depois fez com que o primeiro-ministro se tivesse que reunir com o Presidente da República, devido à utilização de uma fragata, para vigiar o dito barco, sem ter pedido cavaco a este, este que é apenas o chefe supremo das forças armadas. Eu sinceramente penso que a fragata poderia estar a exercer outras funções , como tentar impedir o tráfego de droga na nossa costa ou tentar "tapar" as rotas navais de imigração ilegal e não estar a guardar estes perigosos activistas que fazem o Bin-Laden parecer um principiante desajeitado.
Enfim, mais um facto, para enriquecer o nosso vasto folhetim da politica nacional.

António Manuel P. S. Guimarães

quarta-feira, setembro 01, 2004

“Jesus tem um milagre para mim”


Vi alguns destes posters da Igreja Maná, com o título homónimo colados pelas paredes da cidade, anunciando espectáculos no Pavilhão Atlântico. Com um título tão sugestivo até inconscientemente pus a mão na carteira pronto a abri-la.


PP