sábado, fevereiro 16, 2019

Fernando Pessoa

(imagem in blog. deixalaentrar)

Ponto prévio, apenas li Fernando Pessoa quando estava na escola, e confesso que li porque fui obrigado a isso, fiz um trabalho com alguns colegas porque assim foi exigido pela professora de Língua Portuguesa e tenho que dizer que nunca gostei de ler Pessoa, simplesmente não me cativa. No entanto e tal como me foi explicado na escola, lá porque eu não gosto não significa que eu não deva reconhecer a genialidade quando ela existe. E hoje, de facto, compreendo a genialidade de Pessoa, mesmo que ache que ele é um louco, mas qual é o génio que não é um louco?
Posto isto, quero falar da minha opinião relativamente às diversas controvérsias, ou polémicas em que a obra de Fernando Pessoa está actualmente envolvida. A primeira polémica foi sobre a “Ode Triunfal”, considerada por muitos como uma obra prima, parece que agora, ou seja, na era dos “ofendidinhos” e militantes da ditadura do “politicamente correcto”, estes arautos da pureza intelectual, descobriram que está presente uma estrofe que fala num acto sexual que configura pedofilia e de facto, numa observação literal, está. Mas está porquê? Será porque Fernando Pessoa, ou melhor, Álvaro de Campos aprova relações com menores? Ou será, e esta é a minha humilde opinião, que Álvaro de Campos pretende dar um exemplo da degeneração da civilização Europeia do seu tempo?! Concordo com Jacinto do Prado Coelho quando diz que a utilização destes termos pretende transmitir uma carga incisiva e mordaz, revoltado e torrencial. Assim devemos concluir que a polémica inserida na agenda sobre a “Ode Triunfal” foi apenas mais um acto de censura que a “ditadura do politicamente correcto” fez para agradar aos “ofendidinhos”, que não passam de seres vazios que não conseguem entender o que lêem e não conseguem ir para lá do que está escrito, e estão bem longe de perceber o contexto em que aquela obra se insere.
E falando em contexto entra a segunda polémica, nestes primeiros dias de Fevereiro, surgiu uma nova contestação e esta não recai sobre nenhum heterónimo, é mesmo sobre o homem Fernando Pessoa. Esta nova polémica surge, porque em Angola, alguns académicos defendem que Pessoa seja retirado das obras em estudo do espaço da lusofonia, porque, dizem, era racista! Engraçado, porque com esta “descoberta” iluminada só me apraz dizer que estes académicos são apenas e só, deixa lá ver se digo isto de uma forma simpática, ignorantes. Então esperavam eles que Pessoa nascido no século XIX e que morreu na década de 30 do século XX fosse um individuo com as concepções ideológicas que apenas se foram generalizando na segunda metade do século XX. Felizmente todas as pessoas de bem não são racistas, para mim o racismo nos dias de hoje é simplesmente inaceitável! No entanto temos que admitir que não podíamos esperar que Pessoa pensasse desta forma, seria no mínimo estranho se o fizesse, pois logicamente o seu pensamento estava de acordo com a mentalidade da sua época. Aliás vejam Camões, vejam todos os Reis desde D. João I a D. Luís, vejam todos os escritores portugueses até 1878 e proíbam o estudo de todos eles. E mais, apesar da proibição da escravatura em 1878, tantos séculos de escravidão e domínio não se apagam de um dia para o outro, ainda na guerra colonial portuguesa, o principio do racismo continuava fortemente presente, ou seja, até 1974 e hoje ainda não desapareceu, persiste de forma latente, temos até candidatos às europeias, arautos dos “ofendidinhos”, que o proclamam abertamente. No entanto, a menos que estes “académicos” queiram proibir todos os autores portugueses até à década de 60 do século XX, deixem-se de tretas, e se quiserem perceber então estudem história, percebam que as mentalidades mudam, assim como não podemos exigir que um autor do passado escreva segundo os cânones do aceitável dos dias de hoje e, convenhamos, é também um claro sinal de ignorância estudar algo do passado sem ter a capacidade abstracta de perceber que a mentalidade era necessariamente diferente, pensar e agir assim é somente um sinal de falta de inteligência e retira qualquer legitimidade à argumentação angolana!  

António Manuel Guimarães

sexta-feira, fevereiro 08, 2019

"Cansei-me, rendo-me..."

Leonardo Haberkorn, jornalista e escritor, era professor numa universidade de Montevideo. Deixou o ensino, que antes o apaixonava, e explica porquê.
"Depois de muitos e muitos anos, hoje dei a última aula na Universidade.
Cansei-me de lutar contra os telemóveis, contra o whatsapp e contra o facebook. Ganharam-me. Rendo-me. Atiro a toalha ao chão.
Cansei-me de falar de assuntos que me apaixonam perante jovens que não conseguem desviar a vista do telemóvel que não pára de receber selfies.
Claro que nem todos são assim. Mas cada vez são mais
Até há três ou quatro anos a advertência para deixar o telemóvel de lado durante 90 minutos, ainda que fosse só para não serem mal-educados, ainda tinha algum efeito.
Agora não. Pode ser que seja eu, que me desgastei demasiado no combate. Ou que esteja a fazer algo mal.
Mas há algo certo: muitos desses jovens não têm consciência do efeito ofensivo e doloroso do que fazem. Além disso, cada vez é mais difícil explicar como funciona o jornalismo a pessoas que o não consomem nem vêem sentido em estar informadas.
Esta semana foi tratado o tema Venezuela. Só uma estudante entre 20 conseguiu explicar o básico do conflito. O muito básico. O resto não fazia a mais pequena ideia. Perguntei-lhes (...) o que se passa na Síria? Silêncio. Que partido é mais liberal ou que está mais à 'esquerda' nos Estados Unidos, os democratas ou os republicanos? Silêncio. Sabem quem é Vargas Llosa?
Alguém leu algum dos seus livros? Não, ninguém! Lamento que os jovens não possam deixar o telemóvel, nem na aula. Levar pessoas tão desinformadas para o jornalismo é complicado.
É como ensinar botânica a alguém que vem de um planeta onde não existem vegetais. Num exercício em que deviam sair para procurar uma notícia na rua, uma estudante regressou com a notícia de que se vendiam, ainda, jornais e revista na rua.
Estes jovens, que continuam a ter inteligência, simpatia e afabilidade, foram enganados, a culpa não é só deles. A incultura, o desinteresse e a alienação não nasceram com eles.
Foram-lhes matando a curiosidade e, cada professor que deixou de lhes corrigir as faltas de ortografia, ensinou-lhes que tudo é mais ou menos o mesmo. Então, quando compreendemos que eles também são vítimas, quase sem darmos conta vamos baixando a guarda.
E o mau é aprovado como medíocre e o medíocre passa por bom, e o bom, as poucas vezes que acontece, celebra-se como se fosse brilhante. Não quero fazer parte deste círculo perverso. Nunca fui assim e não serei assim.
O que faço sempre fiz questão de o fazer bem. O melhor possível. E não suporto o desinteresse face a cada pergunta que faço e para a qual a resposta é o silêncio. Silêncio. Silêncio. Silêncio. Eles queriam que a aula terminasse. Eu também."

sexta-feira, fevereiro 01, 2019

Pouca Vergonha CGD

O Parlamento fez bem em divulgar a auditoria, no entanto depois de ler esta pouca vergonha fica a questão, quando é que vão dar entrada os processos crime de quem agiu desta forma?
No entanto ainda bem que os Jornais descarregaram a informação, porque entretanto a informação já desapareceu do site do Parlamento!
Quem estiver interessado, entre no artigo e encontrará o link para este indecoroso documento logo nas primeiras linhas.