
Presidenciais
Este domingo, dia 22 de Janeiro de 2006, foi eleito para Presidente da Republica Portuguesa, o Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva. Uma eleição sem surpresas, onde tudo era previsível e cujo único aliciante era ver quem ficava em 2º lugar na luta entre Manuel Alegre e Mário Soares. Nesta luta venceu claramente Manuel Alegre, demonstrando o erro de José Sócrates e por conseguinte de todo o Partido Socialista que apoiaram uma candidatura, que desde cedo parecia por culpa própria condenada ao fracasso. Digo isto porque nunca consegui acreditar em campanhas feitas pela negativa, campanhas aliás, que em tempos idos foram utilizadas contra Soares, o que deveria ter servido como lição daquilo que não se deve fazer.
Manuel Alegre apresentou-se como derrotado. E num sentido o foi sem dúvida, por não ter conseguido forçar uma segunda volta. Mas sem dúvida também, demonstrou que mesmo sem aparelhos partidários é possível construir uma boa e forte candidatura. Se não veja-se que a acontecer uma segunda volta, seria ele que iria concorrer com Cavaco Silva. Assim Manuel Alegre foi um vencedor, embora apenas moralmente, no confronto contra Soares, demonstrado que a sua candidatura tinha mais razão de ser. E se alguém duvida, basta olhar para o resultado eleitora e ver a diferença entre o sentido cívico e a teimosia pura de quem não percebe que o seu tempo já passou. Alegre mostrou que se alguém estava a mais, não era ele certamente.
Curioso também, é o facto dos grandes derrotados não conseguirem encaixar esta derrota, partindo o PS para uma espécie de minimização da estrondosa derrota que obteve. Acabando Sócrates por demonstrar que, quando está a “funcionar a quente”, é um néscio, uma criatura que toma atitudes sem sentido e infantis, porque ir falar segundos depois de Manuel Alegra iniciar a sua declaração é uma atitude sem sentido. Mesmo se o secretário-geral do PS disser que foi uma coincidência, não tem desculpa, porque ai é uma atitude que espelha um amadorismo total, inaceitável em quem tem responsabilidades a este nível.
Jerónimo de Sousa foi, por sua vez, igual a si próprio e à imagem do seu partido. Embora tenha que ser dito, que Jerónimo está a criar uma certa estabilidade eleitoral no PCP, uma estabilidade impossível nos tempos de Carvalhas e que a mim me parece positivo, por ainda acreditar no equilíbrio democrático.
Louçã por sua vez afirmou ter sido derrotado, mas dizendo também quem se engane quem achar que o derrotou. Ou seja, uma afirmação “enigmática” bem ao estilo do líder bloquista, que diz que foi derrotado, mas que não foi derrotado por ninguém. Aqui apenas posso dizer que “das duas uma”, ou ele não sabe que o conceito de derrota pressupõem um vencedor, que por conseguinte terá derrotado todos os outros, ou então ele assume que se derrotou a si próprio. Declarações “obscuras” que não me surpreendem, tal como não me surpreenderia se ele começasse a falar na conspiração do Elefante cor-de-rosa e das Aranhas Gigantes para o derrotar, isto porque já era tarde quando estas declarações foram feitas e por isso, certamente já apetecia “fumar umas coisas” para descontrair.
Garcia Pereira assumiu a derrota e só faltou culpar a PIDE por isso, a culpa é de todos menos dele. Assim a culpa é de Cavaco porque venceu, e de todos os outros que não quiseram falar com ele para achar um consenso para um candidato da esquerda. Esta declaração é no mínimo curiosa, porque a pensar que deveria haver apenas 1 candidato da esquerda e sendo o líder do PCTP/MRPP candidato, tenho que partir do pressuposto que Garcia Pereira achava que era o tál homem do consenso, enfim… a culpa é dos outros que não perceberam a sua genialidade. Embora tenha que se dito que a atitude da comunicação social para com Garcia Pereira foi infeliz, porque ele merecia o mesmo tratamento que os outros candidatos.
Concluo dizendo que Cavaco Silva, venceu e bem com uma margem de cerca de 30% em relação a Manuel Alegre. Cavaco nunca cedeu à tentação de responder às agressões e provocações, fazendo o jogo que lhe competia, jogando com o silencio e indiferença, ao desespero de alguns adversários. O único senão foi a “mistificação” da sua vitória antecipada, que lhe poderia ter custado muito, porque eu considero que a abstenção se deveu ao descuido dos eleitores do centro direita, que consideravam que a vitória era garantida, levando a que a “maioria absoluta” de Cavaco fosse de apenas 0,6%.
António Manuel P. S. Guimarães