
Ocidentais Versus Islâmicos
Mais uma vez, o mundo vive um momento conturbado no que diz respeito, as relações do mundo ocidental com o mundo islâmico. Primeiro devido à guerra do Iraque, que embora agora não seja demagógicamente considerada uma guerra pelos americanos, continuam a morrer pessoas, tanto civis como militares, o que promove uma grande instabilidade no Iraque, que cada vez mais, parece permanente. Seguidamente temos a saga do Irão, que pretende continuar o seu programa nuclear, segundo o presidente Iraniano esta utilização da energia nuclear é para fins pacíficos. Curiosamente este foi o homem que quando subiu ao poder, disse que Israel deveria ser “riscada do mapa”. O que deixa muito a desejar no que diz respeito aos seus ideais pacifistas.
Depois o Hamas ganhou as eleições na Palestina, um resultado democrático, que não funcionou segundo os desejos ocidentais, que ameaçam já boicotes. Ou seja, depois de anos e anos a exigir eleições democráticas na Palestina, depois destas terem sido feitas e declaradas legais pelos observadores internacionais, liderados pelo antigo presidente americano Jimmy Carter, o mundo ocidental prepara-se para castigar os Palestinianos por estes terem feito o que se lhes exigia. O que não faz muito sentido, porque se o mundo ocidental não queria resultados inesperados, então não andava a “chatear” para fazer eleições, só porque para nós é o mais que certo. Especialmente sabendo que a escolha poderia recair sobre quem prometia vingança e expulsão dos "invasores Judeus".
Por fim, temos a infeliz ideia de um jornal Dinamarquês que decidiu fazer caricaturas do profeta Maomé. Uma ideia infeliz, porque incendiou ainda mais as relações entre os nossos “dois mundos”, muito devido a uma jogada de aproveitamento feita pelos alguns lideres islâmicos fundamentalistas. Este jornal diz que apenas aplicou a liberdade de imprensa e que não “desarma” da sua atitude em defesa da mesma liberdade, ou seja, este jornal tem o mesmo conceito de liberdade de imprensa que a TVI e o 24 Horas, que é a libertinagem no seu sentido mais perverso. Para piorar o problema a Noruega e a França decidiram reproduzir as caricaturas nos seus jornais, o que levou a um aumentar da revolta. Este último acto foi sem dúvidas para mim, um lançar de gasolina para uma fogueira que já estava ateada quanto baste. Até quando é que temos que viver estes tropeções e encontrões de dois mundos tão diferentes, com contextos históricos tão diversos. E até quando, “nós” ocidentais, temos que passar até percebemos que quanto mais metermos o nariz, mais as coisas pioram, pezinhos de veludo e grandes doses de diplomacia se exige, para que isto não descambe num conflito mais grave do que aquele que se pressente.
António Manuel Guimarães