
No nosso mundo vive-se neste momento uma situação no mínimo estranha! Existe no mundo uma comunidade censória, que tem a capacidade de decidir o que se deve e pode dizer e o que não se pode dizer. Uma comunidade que é supra tudo, com grande poder, que condena à morte supra-nacionalmente, que não aceita a diferença, que ou se é a favor deles, ou então não tem sequer o direito à vida. Falo da comunidade islâmica e desta vez sinto vontade de ser um bocadinho radical e partir para o geral, porque a verdade é que começo a deixar de perceber onde estão os moderados islâmicos, se é que afinal eles existem, porque cada vez vou acreditando menos nisso. Vejo indivíduos a falar em entrevistas em documentários a dizer que se deve respeitar as outras religiões e depois vejo nos mesmos documentários, os mesmos indivíduos a proclamar “Intifadas”( Intifada é o correspondente a cruzada no mundo ocidental) em comícios e em mesquitas. Bem sei que os documentários podem ser mais ou menos tendenciosos, mas a verdade é que cada vez mais é essa imagem que passa. Outro ponto é que não vejo nenhum islâmico em Portugal ou em qualquer outro lado do mundo a condenar os abusos, os actos de violência e as mortes de missionários , de cada vez que alguém diz algo de que eles não gostam e este ponto é outro que me começa a levar a crer que já não existem moderados naquela fé, ou se existem têm medo e estão escondidos.
Sempre fui a favor do bom senso, disse na altura que os jornais não deviam ter publicado aqueles desenhos e condenei acima de tudo a republicação em jornais franceses, porque na altura me pareceu provocação típica da arrogância francesa. Condenei também o aproveitamento de alguns líderes islâmicos que usaram as imagens como mote para actos de barbárie como resposta aos Cartoons.
Ouvi, como todos, as declarações do Papa e sinceramente no princípio achei que ele, mais uma vez, não tinha sido feliz. Mais parecia o George Bush nas suas bacoradas mal pensadas. Mas entretanto, acabei por tomar conhecimento de toda a declaração e não apenas daquela parte que os telejornais teimava em mostrar e percebi que aquilo foi uma frase no meio de um texto mais vasto e embora continue a achar que não foi muito feliz, percebo que muita da interpretação foi retirada do seu contexto, porque ao fim e ao cabo é uma frase, uma simples frase de um texto medieval mais vasto de que não se fala. Acho muito bem que o Papa lamente a má interpretação e o facto de ter sido “mal entendido”, mas também acho bem que ele não peça desculpa, porque nada tem porque pedir perdão. Mas continuando, parece-me a mim que cada vez mais o terrorismo poderá ter vencido, porque agora cada vez que se diz algo de que eles não gostam, eles fazem barulho e ameaças e todos nós deste lado ocidental, achamos que é melhor pedir desculpa, não vá cair para ai uma bomba, numa atitude “de baixar as calças” citando Clara Ferreira Alves. Mas não nos esqueçamos que em Espanha já fizeram um partido perder eleições, influência que foi uma vitória, remarcada com a saída dos militares espanhóis do Iraque.
Tal é a visão das coisas, que hoje em dia há pessoas que confundem todas as matérias neste caso, acontecendo vários factos curiosos, por exemplo, o número de pessoas que se converteram ao Islão desde o 11 de Setembro é recorde, acredito que alguns encontraram uma fé em que realmente acreditam, mas muitos converteram-se apenas por um motivo, porque são anti-americanos e esta é a forma de poderem mostrar a sua distorcida faceta de rebeldes.
O meu conhecimento do Islão é basicamente aquele que aprendi no segundo ano de universidade e posso dizer que é uma religião que acredita na paz e no respeito pelas outras religiões, em especial as outras duas religiões do livro, entenda-se que falo da religião Católica e a religião Judaica. Infelizmente quem lê o Alcorão, pode-lhe dar a interpretação que lhes convém (o mesmo também pode e foi feito com a Bíblia), dizendo que ele admite a guerra para impor a religião, quando ele diz que a violência deve ser apenas usada para a defender, e que apenas se converte quem quiser. São homens perversos, instruídos, com sonhos de grandeza e vingança, mal intencionados que levam muitos menos instruídos, humildes e que muitas vezes vivem na miséria, que não se importam de perder o seu bem mais precioso, a sua “miserável” vida, a cometer actos de loucura, por acreditarem na recompensa no além. Mas é curioso como nunca são Imans e outros lideres a encomendar a alma ao seu criador em busca da tal recompensa. Das duas uma, ou não gostam de mulheres e 70 virgens não lhes diz nada, ou então se calhar não acreditam na religião que apenas serve para convencerem e se justificarem aos olhos de incautos.
Falando agora mais a sério (mas este último aparte deu-me gosto), eles contam com a nossa tolerância para nos atacar, esse é um facto. Fazendo da nossa tolerância a nossa fraqueza. Até quando é que nós conseguiremos aguentar a nossa liberdade? Será que ainda somos livres? Será que quem vive condicionado pelo medo consegue ser livre?
António Manuel Guimarães