
Muitas vezes nos queixamos, da baixa competitividade da nossa economia. Esta é uma consequência de múltiplas variáveis. Mas ao contrário do fatalismo nacional é uma realidade mutável, que apenas depende somente de todos os cidadãos. Ora um dos graves problemas nacionais é a endógena falta de cultura de responsabilidade. De facto “o sacudir a água do capote”, na expressão popular, esta presente nas diferentes áreas económicas e sociais do país, com uma particular incidência na administração pública. Múltiplas vezes o estado e a administração pública, comete erros ou omissões que prejudicam gravemente o cidadão. Todavia, aquando da determinação da responsabilidade material ou moral, esta morre invariavelmente solteira.
Após 30 anos de vazio legal, foi possível a assembleia da república aprovar por unanimidade a lei da responsabilidade civil extracontratual, em que se estabelece a responsabilidade face a erros e omissões do estado face ao cidadão, ficando este com a obrigação de indemnizar o cidadão. Mas a lei vai mais longe, responsabilizando o funcionário público pelos seus actos, incorporando assim na administração pública, uma verdadeira cultura de responsabilidade.
Inacreditavelmente Cavaco Silva, resolveu vetar a lei!!!! Sob o argumento que esta iria entupir os tribunais e agravar as finanças publicas. Argumentação no meu entender frágil. Primeiro, os tribunais já estão entupidos à muito, devendo por esta lógica de raciocínio, retirar-se aos cidadãos um sem numero de direitos, de modo a que este não possam recorrer aos tribunais e assim aliviar o sistema. Em segundo lugar, a sustentabilidade das finanças publicas, não é um fim em sim mesmo. Apenas um meio ao serviço do estado de direito previsto na constituição.
No meu entender Cavaco tem sido um bom Presidente, contudo, parece que este é um dos caso em que a máxima de Cavaco“Raramente me engano e nunca cometo erros” esta objectivamente furada.
António Cipriano