Era
uma vez um homem chamado Costa, o Costa não era um tipo brilhante, era aparentemente
competente no seu trabalho, fazia amizade com alguma facilidade e devido a isso
todos achavam o Costa uma pessoa inteligente, quando ele não passava de um
espertalhão.
O
Costa tinha um grande amigo que era o Mário, um dia o Mário ia na sua vida quando
viu o Costa num café. O Costa parecia triste e até um pouco abatido, Mário
preocupado entrou no café para dois dedos de conversa e saber o que se passava
para o seu amigo estar tão abatido. O problema era que Costa queria ser rico, simplesmente
isto, acontece que o Mário é um economista e deu a solução a Costa. O Mário
sugeriu que para o Costa ser rico deveria deixá-lo gerir todo o seu dinheiro,
ou seja, o Costa só gastaria o dinheiro que o Mário autorizasse. O Costa
confiando no seu amigo e conhecendo a sua capacidade aceitou imediatamente a
proposta. A partir dai passou então a ser assim, o Costa não podia beber café, não
podia beber um copo com os amigos, aliás acabando o trabalho devia ir logo para
casa não convivendo para não cair na tentação de gastar desnecessariamente.
Quanto à alimentação o Costa apenas podia comer produtos de marca branca e
tinha um curto limite mensal para gastar, se ele passasse o limite, o Mário não
cedia e o Costa passava fome por uns dias. Em momentos de desânimo o Mário perguntava
se ele não queria ser rico e mostrava ainda o que havia sido amealhado durante
aquele tempo. Idas ao médico era mentira, o Costa que comesse uma laranja se
estivesse constipado, ou uma maçã se estivesse com azia. Idas ao dentista é que
nem pensar, mas também não era preciso, era pouca comida e sem açúcar e assim
os dentes não se estragavam. Assim foram passadas as semanas, os meses, os anos
e volta e meia o Costa parecia vacilar e lá vinha o Mário mostrar os valores da
conta do Costa e demonstrava já uma fortuna considerável.
A
certa altura o Costa começou a sentir-se mal e dizia ao Mário que tinha que ir
ao médico, o Mário como era muito competente no seu trabalho e nunca dava um
trabalho por terminado até ter realmente terminado, lá dava uma maçã reineta ao
Costa. Mas o Costa já não ia lá com maçãs, mas lá seguia no seu caminho para
ser rico. Um dia o Costa ia na rua quando se sentiu realmente muito mal e foi
chamada uma ambulância dando imediatamente entrada no Hospital. O médico ficou
pasmado com o que viu, havia marcas de má nutrição prolongada evidentes, havia
uma total negligência com a saúde, vários órgãos estavam em falência, o hospital
tinha um prognóstico muito reservado relativamente ao Costa. O Mário sabendo
disto foi buscar a folha com a bela fortuna que o Costa tinha amealhado para
animar o amigo e lá foi ele ao hospital, mas ao chegar foi o choque, o Costa
tinha ido para o outro mundo.
Agora
vamos fazer a comparação com a realidade, vamos falar de um António Costa que
só faz o que o seu Ministro das Finanças Mário Centeno deixa fazer, corta na
educação, que tem falta de professores e auxiliares e tem um montão de
promessas não cumpridas, corta na
segurança social em que as pessoas depois de uma longa vida de trabalho duro esperam
e desesperam até começar a receber as merecidas reformas, corta na saúde em que
os Hospitais se queixam da falta de pessoal, quer médicos, quer enfermeiros,
quer auxiliares, quer medicamentos que parecem racionados, tratando os doentes
por atacado e com minutos contados. No entanto quando se trata de prestar
contas, Mário Centeno apresenta todo contente grandes números, muita poupança, o
défice mais baixo da democracia e outras coisas. Mas a que preço? De que serve
ter grandes números se as pessoas passam mal, se os alunos não tem escola, se
os mais velhos desesperam para começar a receber reformas e quando ela chega é uma
miséria que nem para os medicamentos dá, que corta na saúde que não consegue
atender os utentes com qualidade, de que serve parecer rico se se a consequência
é a perda de qualidade de vida dos cidadãos e não beneficiam e o seu sacrifício
serve apenas para mostrar grandes números para contentamento do Mário, e neste,
caso do Costa!
António Manuel Guimarães